quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O BAILE DE MÁSCARAS.

Acredito que a maioria das pessoas já esteve em um baile à fantasia. Os cuidados com os preparativos são minuciosos, em uma luta ferrenha para obter a melhor máscara.

Nessas festas, todos vivem um mundo de sonhos, onde tudo é possível, sem que tenhamos que nos preocupar com as opiniões alheias bem como com qualquer tipo de retenção moralista.

No cotidiano de nossas vidas, a situação não é muito diferente. Para alguns, a vida é simplesmente um irresponsável baile de máscaras, onde é mais salutar tratar da coisa alheia e se proteger por trás do pudor doentio.

Assim é a sociedade. Os mascarados criam mundos diversos somente seus, onde só se igualam quando partem para a desqualificação do outro, baseados em seu histórico financeiro e familiar. Na profissão, os mascarados desfilam com maus semblantes. Nesse meio, é difícil encontrar o mocinho, até porque quem não é vilão perde o viés e conseqüentemente é expulso do baile.

Nas amizades, as máscaras encontram, sem dúvida alguma, seu maior manancial. Nessa área, elas diversificam-se. O que é descartável, em um passe de mágica, passa a ser relevante; o antes negro, torna-se um mulato jeitoso, bem como a meretriz torna-se uma ‘garota de família’.Eles podem perfeitamente ser pobres, ricos, homoafetivos, viciados, adúlteros, não importa! O que interessa é que usem suas máscaras; não para esconder seus traumas e problemas e sim, para não se misturarem com aqueles que sustentam um maléfico mundo irreal.

Sonhar não faz mal algum. Entretanto, não podemos nos alimentar de ilusões, pois os bens só são adquiridos com muito esforço e, no mundo dos que produzem verdadeiramente, não cabe a vida alheia nem mesmo buscar um culpado para nossos erros.

Ainda é possível andar sem máscaras: o viciado se trata, a relação infrutífera se desfaz e o sexo é tratado de forma clara. Via de conseqüência, a moldura desse pavoroso quadro de aparências sociais se desfaz, dando ao mundo mais clareza e autenticidade entre as pessoas.

Assim, quando tiverem que ir a um baile de fantasias, escolham dentre as ilusórias máscaras, a mais real possível, pois só se sente bem no mundo da ilusão aquele que sabe perfeitamente onde é a porta do mundo real.

CLÁUDIO ANDRADE.

ARTIGO DE MINHA AUTORIA PUBLICADO NO DIÁRIO DE HOJE 09\10\08

Um comentário:

Anônimo disse...

ótimo
muito bom
excelente
parabéns