sexta-feira, 11 de maio de 2018

Tem gente graúda escapando das mãos das autoridades



Desde o início da Operação Lava Jato em 2014, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal fizeram um excelente trabalho desmantelando os esquemas de corrupção das empreiteiras e do frigorífico JBS. A pergunta que fica cada vez mais evidente, no entanto, é: e os demais?

Num sistema eleitoral viciado como o brasileiro, em que boa parte das doações de campanha eram pagamentos por “serviços prestados” ou “créditos por favores futuros”, não é razoável supor que apenas Joesley Batista, Marcelo Odebrecht e outro punhado de empreiteiros pagassem propinas aos políticos.

Basta observar com atenção operações injustificáveis do BNDES (incluindo outros frigoríficos além da JBS e outros setores), os aportes dos fundos de pensão que colaboraram para o rombo em suas contas ou ainda medidas tributárias que favoreceram diversas empresas nos últimos anos para perceber que tem gente graúda escapando das mãos das autoridades.

Preso no fim de 2016 e liberado horas depois pelo juiz Sergio Moro em razão da doença de sua esposa, que morreria de câncer tempos depois, o ex-ministro Guido Mantega é um dos que mais podem colaborar com as autoridades se finalmente decidir falar. Pessoas que conviveram com ele de perto dizem que Mantega era muito mais esperto, ambicioso e "ciumento" de sua influência no governo e no PT do que aparenta.

Mais longevo ministro da Fazenda da história, Mantega vivia rodeado por um grupo empresários, da qual faziam parte Joesley e Odebrecht, mas havia também representantes dos bancos, da indústria automobilística, do varejo, das companhias aéreas, entre outros. Vale ressaltar que boa parte desses setores foi amplamente beneficiada pelo governo federal.

Inúmeros delatores já colocaram Mantega no centro de pelo menos três esquemas de corrupção: obras superfaturadas pelas empreiteiras, liberação de aportes pelo BNDES e sentenças favoráveis no Carf (conselho que avalia as pendências tributárias entre a Receita e os contribuintes). Enquanto o primeiro já parece desmantelado, o segundo e o terceiro ainda estão no início das apurações.

Deflagrada no início do mês, a Operação Câmbio, Desligo, que prendeu mais de 50 doleiros, pode ajudar a expor de vez as vísceras de uma parcela corrupta do empresariado brasileiro, que, se de um lado sempre sofreu extorsão de políticos que colocavam dificuldades para vender facilidades, por outro aproveitou o esquema para ganhar muito, mas muito dinheiro.

Raquel Landim
Jornalista formada pela USP, escreve sobre economia e política.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Câmara ignora ex-presidentes presidiários



Angela Boldrini

BRASÍLIA

No Salão Verde da Câmara dos Deputados, duas ausências chamam a atenção: na galeria dos ex-presidentes da Casa, faltam dois retratos.

O conjunto começa com pintura do deputado Pereira da Nóbrega (1760-1826), que exerceu o cargo em 1826, e termina em foto do petista Marco Maia (RS), que presidiu a Casa em 2011 e 2012.

À frente da Câmara entre 2013 e 2014 e entre 2015 e 2016, respectivamente, os ex-deputados Henrique Eduardo Alves (MDB-RN) e Eduardo Cunha (MDB-RJ) não estão na coleção de fotos.

Além de serem emedebistas, terem sido deputados e presidido a Câmara, Cunha e Alves acumulam outra semelhança: ambos foram presos.

Cunha foi detido em novembro de 2016 pela Operação Lava Jato. Hoje, está preso no Complexo Médico Penal de Pinhais, no Paraná.

Ele já havia sido afastado da presidência da Casa, renunciado ao posto e cassado no plenário. Meses antes, comandou a sessão de abertura do processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT).

Henrique Alves foi alvo da Operação Manus em junho de 2017. O ex-ministro nos governos Dilma e Michel Temer (MDB), cumpriu prisão preventiva em Natal, mas decisão do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) de quinta (3) transformou sua detenção em domiciliar.

Outros ex-presidentes da Casa também estão enrolados com a Justiça, mas são retratados no Salão Verde.

Marco Maia, antecessor dos dois no cargo, foi alvo de busca e apreensão na Lava Jato, em 2016. Ele teria recebido R$ 1,35 milhão em pagamentos indevidos da Odebrecht, segundo delatores.

O senador tucano Aécio Neves (MG) presidiu a Câmara entre 2001 e 2002. Hoje, é réu no Supremo Tribunal Federal, acusado de corrupção e obstrução de Justiça.

Temer comandou a Casa três vezes: consecutivamente de 1997 a 2001 e depois entre 2009 e 2010. Em 2017, foi alvo de duas denúncias da Procuradoria-Geral da República, barradas em votação no plenário por deputados.

Procurada, a Câmara informou que os retratos não foram colocados por "problemas técnicos".

"A impressora especial que faz a reprodução das fotos está com defeito. Já há um processo de aquisição da peça necessária ao funcionamento da máquina para reposição, mas ainda não foi concluído."

A foto dos dois ex-presidentes consta da galeria online, no site da Câmara.

domingo, 6 de maio de 2018

Pagamento de RPA no dia 11 de maio



O prefeito Rafael Diniz irá pagar o mês de Fevereiro dos funcionários que trabalham sob o regime de RPA no dia 11 de maio.

Por conscidência, o anúncio ocorre nove dias após o vereador Cláudio Andrade cobrar pela terceira vez o pagamento dos RPAs.

A notícia chega em boa hora, pois a liberação desse pagamento vai oxigenar o mercado, afinal, além dos compromissos já existentes e em atraso que serão quitados pelos trabalhadores, o dia das mães será melhor em centenas de residências em nosso município.