ENTREVISTA DE MACELO VIVÓRIO NO JORNAL O DIÁRIO.

O DIÁRIO - O que o levou a ser candidato a prefeito?

Marcelo Vivório - Sou um cidadão campista inconformado com o que ocorre em Campos, amo minha cidade e não concordo com a atual situação em que se encontra o nosso município nos últimos 20 anos. Nossa candidatura é seria, tenho um nome limpo e não estou vinculado a nenhum dos grupos que estão no poder durante todo esse tempo. Muito menos somos iguais a candidaturas que dizem representar uma terceira via, mas que se comportam como uma linha auxiliar desse sistema que aí está.

OD - Qual a avaliação que tem feito a respeito das pesquisas de institutos que o colocam entre os últimos nas intenções de voto?

MV - Essas pesquisas terão uma resposta no dia da eleição. Acredito que haja uma manipulação nesses resultados, porque a aceitação do nosso nome nas ruas diz exatamente o contrário, inclusive não vejo rejeição alguma onde tenho andado e eles colocam índices de rejeição para mim. Tenho percorrido todo município, vejo um quadro totalmente diferente. As pessoas que trabalham para outras candidaturas falam para mim: “Olha, estou aqui pelo meu emprego, mas voto em você”.

OD - Qual a primeira medida que um prefeito tem que tomar diante de tantos problemas que afetam o município?

MV - São muitos os problemas, o caos está em todas as áreas. Temos que fazer um levantamento em todos os setores como transporte, educação, saúde, saneamento básico, reconstruir o município em todas as áreas. Outras candidaturas já estiveram no governo e não fizeram nada e perderam a oportunidade. Agora, depois de quatro anos, vem pedir o voto da população.

OD - Qual a capacidade administrativa que o senhor ou seu grupo teriam para gerir um orçamento anual de mais de R$ 1,6 bilhão?

MV - Estamos preparados, sim. Não faremos como os atuais administradores, que transformaram a cidade num caos, através de um jogo de interesses, sem pensar jamais na população. Vamos fazer um governo para todos, ao contrário do que ocorre hoje, onde a prefeitura fica nas mãos de algumas famílias e de partidos políticos. Queremos atuar diariamente junto à população, não apenas aparecer de quatro em quatro anos, como políticos tipo Copa do Mundo. Cada secretaria terá uma ouvidoria, com contato direto com técnicos. Atualmente, os secretários fazem o que querem, não dão satisfação a ninguém e não são cobrados por isso.

OD - Em sua área, a de transportes quais suas idéias de governo para essa área?

MV - O setor viva uma situação caótica. Vamos regularizar o transporte alternativo, através de cooperativas, criando um fundo que possibilite a compra de carros novos. Se os ônibus não estiverem dando conta do serviço, vamos também fazer com que as empresas cumpram o que está escrito na concessão. Campos precisa de ruas com sinais sincronizados, com faixas e placas de sinalização. Vamos buscar integração entre a Polícia Militar e a Guarda Municipal, que tem que ter na chefia um guarda, não alguém de outra corporação. Vamos treiná-los para cumprir bem suas funções e ser uma referência. Em Campos, há 853 proprietários de taxis, mas se contarmos os piratas, chega a 2.500 carros. Temos que olhar tudo isso. Vamos incentivar a criação de cooperativas com atendimento médico e odontológico, entre outros serviços. A categoria está abandonada.

OD - O ensino fundamental em Campos recebeu uma das piores notas do Ministério da Educação. O que o senhor acha que deve ser feito para mudar essa situação?

MV - Primeiro, é fundamental qualificar os profissionais de educação. Não se pode admitir que uma prefeitura bilionária como a nossa permita que o município tire nota zero na educação. Os recursos estão mal distribuídos. Precisamos imediatamente de implantar um plano de cargos e salários. No interior, há muitas escolas de difícil acesso, daí que precisamos investir também no transporte escolar, há inclusive verbas federais para isso. Há também a necessidade de promovermos uma campanha de conscientização dos pais para colocarem os filhos nas escolas. Ainda na educação, vamos fazer o programa de creches 24 horas, permitindo que as mães que trabalham à noite possam deixar seus filhos neste período do dia.

OD - Outro setor que enfrenta crônicos problemas é o da saúde...

MV - Pois bem. Eu, como muitos campistas, fico decepcionado com essa situação porque o atual prefeito é médico, o outro candidato é médico, tem vereadores que são médicos e outros que estão à frente da administração municipal. E a saúde está nesta situação. Vamos fazer um levantamento dos problemas em cada setor da saúde. Fazer funcionar a frota de ambulâncias, colocar as UTIs a disposição da população, instalar postos de saúde 24 horas nos bairros e distritos, com estoque de medicamentos para atender a demanda, com uma equipe de profissionais qualificados nas diversas áreas. Vamos construir o hospital de Travessão, que atenderá o norte do município e parte de Guarus, inclusive com emergência para atender os acidentados na BR-101, desafogando o Hospital Ferreira Machado, melhorar as condições do Hospital São José, que será transformado no Hospital Geral da Baixada. E só vou mostrar a obra depois de concluída, nada de colocar placas sem que a obra esteja pronta.

OD - A saúde deve ser também preventiva...

MV - Vamos cobrar da Águas do Paraíba um serviço adequado e de qualidade, com um programa de saneamento básico em todo município, estações de tratamento de esgoto em cada bairro. Não podemos aceitar que o esgoto in natura seja despejado direto no Rio Paraíba.

OD - Na área da cultura? Quais suas propostas?

MV - Prestigiar os artistas de Campos, acima de tudo. Eles nunca foram respeitados por governo algum. O espaço do Trianon é mal utilizado, não há peças de artistas locais, é preciso mudar esta realidade. Nosso compromisso é acertar o cachê antes do artista subir ao palco. Se eles fazem assim com os de fora, porque não com os daqui. Os artistas de fora recebem adiantados cachês de R$ 100 mil ou R$ 200 mil, enquanto os daqui levam R$ 3 mil num show o pagamento demora meses para sair.

OD - Para o Farol, Lagoa de Cima, quais os projetos para o turismo?

MV - Vamos levar cultura e lazer durante todo o ano. O Farol e Lagoa de Cima não podem ter atenção só durante o verão, têm que funcionar o ano inteiro. Temos que levar divulgação para atrair os turistas e criar uma programação com várias atrações durante o ano.

OD - Como deve ser o relacionamento com os governos federal e estadual?

MV - O prefeito se afasta o ano todo do governo federal porque a prefeitura tem dívidas e, por isso, o município não recebe recursos. Aí, chega a época de eleição anunciam em propaganda de out-doors e na televisão que há parceria entre o presidente Lula e o governador. Usam inclusive fotos, mas cadê os resultados dessa parceria? Em Brasília, eles lá nem sabem disso. Nós vamos andar em dia com o governo federal e o estadual para termos acesso a esses recursos.

OD - Na área do esporte, o que o senhor pretende fazer, se eleito?

MV - Vamos ter como prioridade integrar a Fundação Municipal do Esporte com a Secretaria Municipal de Esportes.

OD - Se o senhor não for para o segundo turno, como indicam as pesquisas, apoiaria qual candidato entre os que estão à frente?

MV - Não apoiaria ninguém em respeito à população que confiou seu voto em mim. Se eles votaram em mim porque represento uma alternativa contra esses que estão aí, não gostaria de me ver apoiando os que eu tenho combatido. Mas, primeiro, é preciso colocar outra seguinte pergunta: quem estaria no segundo turno comigo. Porque eu vou estar lá, resta saber quem estará também.

OD - E o senhor tem enfatizado um projeto, que é o ônibus da liberdade... Como é que vai funcionar?

MV - Ao contrário do que disseram por aí, o ônibus da liberdade não transportará todo mundo de graça, mas os idosos, estudantes e deficientes, com rampas para atender essas pessoas. Vamos criar uma empresa municipal de transportes, que irá cuidar desse transporte.

OD - O desemprego tem sido também outro problema crucial do município. Quais são seus projetos nesta área?

MV - Vamos reduzir os tributos que são altíssimos. Vamos buscar atrair empresas de fora para Campos, mas desde que empreguem pessoas daqui. O Fundecam é muito mal utilizado. Vem uma empresa para cá leva R$ 15 ou R$ 20 milhões e não se vê gerar empregos. E precisamos investir no empresário de Campos. Nada contra os empreendedores de fora, mas em primeiro lugar os da nossa cidade. Vamos criar um fundo especial de investimentos só para os microempresários, são eles que geram maior número de empregos.

OD - Para o interior, o que reserva seu programa para o homem do campo?

MV - Vamos investir no interior, sim, que é parte importante do nosso município. Vamos levar a prefeitura para os distritos, com máquinas e equipamentos, linhas de crédito, com a finalidade de fixar o homem na zona rural, para que ele produza e viva com dignidade. Vamos apoiá-lo também no escoamento da sua produção. E fazer um trabalho permanente junto ao produtor de cana e as usinas, saber das dificuldades e criar programas de apoio. Podemos inclusive reativar as usinas que fecharam.

OD - Como o senhor avalia ficar fora do debate da Inter TV?

MV - Acho injusto o que fez a direção da emissora, que se baseou em pesquisas para retirar nossa presença do debate. E quero elogiar a TV Record/ Campos pela forma democrática com que fez o debate. Inclusive, pela margem de erro acima, com cinco pontos, eu estaria no debate.