Vai dar um tiro no pé?

Um texto para reflexão.

O Regime Democrático de Direito infelizmente tem sido exercido por alguns de acordo com seus interesses. Quando a Justiça se apresenta favorável aos seus postulados, ela é justa, ao passo que quando a mesma não corresponde ao esperado ela é desmoralizada mediante discursos messiânicos regados, pasmem, por orações, onde magistrados são chamados de 'bandidos de toga'.  

Com o avanço da internet muitos políticos, principalmente aqueles com influência nas camadas mais pobres da população começaram a ter que ajoelhar-se perante as contestações oriundas da rede.

Os blogs são sem dúvida alguma uma das mais importantes ferramentas de divulgação de notícias, opiniões e porque não denúncias. A maquiagem que alguns governos preparam para angariar votos começa a não surtir mais efeitos, afinal as próprias chamadas classes baixas já aderiram à internet e começam a enxergar contrapontos formando opiniões que antes não eram permitidas pelos detentores das massas de manobra.

Como advogado e blogueiro entendo que os processos de transformação social devem conter como marco o respeito à inteligência das pessoas. Como dizem por aí, o mundo se locomove pelas perguntas e não devido às respostas.

Alguns parlamentares estão achando que a disputa na seara política é igual a da Justiça. Qualquer ação judicial pode, se o réu for inteligente e detectar que as demandas são nítidas articulações para tentar ‘tapar a boca’ de quem reivindica dar publicidade ao fato de forma ampla, inclusive levando a questão para a capital e porque não para o Congresso Nacional pelas mãos de outros parlamentares?

Entendo que os políticos que são valentes com os menos favorecidos e que se gabam de possuir algumas vitórias na Justiça, não irão se incomodar de discutir o AI5 digital no seu próprio campo de batalha, ou seja, na mídia escrita, falada, televisada, bem como nas redes sociais.

Caso o interesse pela demanda saia do campo da especulação, tenho a convicção que estaremos diante de um ‘tiro no pé’ com conseqüências desastrosas para o autor.

Cláudio Andrade.

Advogado

OAB/RJ 112.555