domingo, 29 de maio de 2011

"FIGURA CARICATA" POR ARTHUR VIRGÍLIO



FIGURA CARICATA

*ARTHUR VIRGÍLIO
           Lisboa - O ex-Presidente Lula esteve em Brasília, visitou o Congresso e falou pelos cotovelos. Visivelmente frustrado com o fato de não mais ser o número um da República, passa mágoa no olhar e veneno nas palavras.
          
           Autoritário desde os tempos da liderança sindical, permaneceu assim como dirigente petista, não foi diferente em suas cinco tentativas de chegar à Presidência (três das quais malogradas), manteve a lamentável “coerência” em seus oito anos de gestão e no comando ilegal e inconstitucional da campanha eleitoral de Dilma. Agora, meio “desempregado”, meio “palestrante”, adiciona rancor ao ranço.

          Na capital, tornou a defender o indefensável Palocci e repetiu a “tese” de que o Senado anterior era pior que o atual: “agora temos o Aécio, que é cordato; não mais a truculência do Arthur Virgílio”. Ou seja, defende quem enriquece ilicitamente, praticando tráfico de influência e imagina poder calar quem não se conforma com isso.
          
       “Aprecia” a conformação atual do Senado, porque a oposição diminuiu de tamanho e, segundo ele, estaria menos combativa. Por sua “lógica”, devo mesmo ter sido “truculento”, quando coroborei as denúncias do senador Antero de Barros, no caso Waldomiro Diniz, que levaram à demissão do Chefe da Casa Civil da Presidência da República. Quando ajudei a investigar a cloaca da mistura entre o público e o privado no episódio do mensalão. Ou quando exibi à Nação obras superfaturadas, aparelhamento da máquina pública, coexistência do “moralista” Lula com os mais carimbados corruptos do País, cooptação dos movimentos sociais, incluindo certa juventude, que teve aulas tempranas e repulsivas de prevaricação.
         
      Para ele, fui “truculento” quando não me rendi às pressões para aprovar a prorrogação da nociva CPMF e quando fiz tudo, na condição de líder oposicionista, para evitar o ingresso desagregador da Venezuela no Mercosul. Fui “truculento” quando não “obedeci” as ordens do “guia” de uma parte da vida pública que apodrece porque se corrompe e se curva.
       
     Trabalho agora como diplomata para viver. Recusei-me a enriquecer na política. Talvez isso soe “truculento” aos olhos de quem se acostumou a driblar as instâncias da ética e considere normal dar “palestras”, a peso de ouro, a empresas que dependem do governo que tutela.
   
       Para os “truculentos” como eu, isso é tão descabido quanto as “consultorias” de Palocci. É jogo de cartas marcadas. Poderia ser até lavagem de dinheiro.

         Fico feliz sabendo que Lula temia a oposição vigorosa que eu e outros companheiros movíamos contra seu governo de mil erros. Pior seria se ele me elogiasse por ser “tolerante” com os desmandos que praticou e viu praticar.
          Até domingo!
                               
          *Diplomata, foi líder do PSDB no Senado

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