A desenvoltura com que José Serra mira em 2010 tonificou em Aécio Neves o desejo de disputar com ele a vaga de presidenciável ofical do
Alguma mudança de planos em relação a 2010? Se houve foi no sentido de firmar uma posição. Quem tiver melhores condições deve ser o candidato do PSDB. E me dou ao direito de achar que devemos esperar até o final do ano.
- Como se dará a decisão? Não pode ser construída no atropelo, em razão exclusivamente dos indicadores de pesquisa, que trazem, claramente, um recall.
- Como recebe a postulação de José Serra? O Serra tem todo o direito de postular. Só que temos de acertar entre nós o momento e a forma da decisão. Além das pesquisas, outras questões têm de ser consideradas.
- Que questões? Por exemplo, a capacidade de aglutinar outras forças políticas.
- Considera-se mais capaz de aglutinar? Acho que eu tenho um diálogo talvez mais natural com partidos que hoje estão confortáveis sob o guarda-chuva do presidente Lula e amanhã podem não estar. Essa costura que fizemos na eleição para a prefeitura de Belo Horizonte, com o PSB, não é uma coisa à toa. Com o PDT também tenho um bom diálogo...
- De que modo isso interfere na decisão do PSDB? Tomaremos essa decisão num ambiente que é diferente do de hoje. No segundo semestre, sentiremos os efeitos da crise de forma mais profunda. Até lá, as pessoas poderão estar dizendo: 'Olha, precisamos de uma grande convergência, para construir uma agenda nova para o Brasil. Pode ser que haja ambiente para uma solução que aponte para um futuro que não leve em conta apenas o recall de pesquisas. Da mesma forma que respeito a postulação do Serra, quero que respeitem a minha.
- Não valoriza as pesquisas? O que me preocupa são os raciocínios simplistas. Do tipo: Se estamos na frente na pesquisa, já ganhamos a eleição. Uma coisa é o recall da largada eleitoral. Outra coisa é a capacidade de crescimento.
- Acha que pode crescer? Tenho comigo uma pesquisa que mostra o Serra com 40% a 43%, dependendo do cenário, com uma taxa de conhecimento de 90%. Eu apareço com 25%, com uma taxa de conhecimento de 46%. Tem espaço para o meu crescimento. Se vai ocorrer ou não é uma coisa a ser verificada.
- Sérgio Guerra lhe pediu para desistir das prévias?
Ao contrário. Isso não passou nem perto da nossa conversa. Discutimos justamente a o contrário. Tratamos da regulamentação das prévias.
- Então, é certo que haverá prévias? O compromisso da direção do partido é de regulamentar a prévia até março. Serão estabelecidos os prazos, a forma e o formato do colégio eleitoral. Quanto à realização, vai depender da existência ou não de disputa.
- Considera a hipótese de se convencer de que a hora é de Serra? Pode acontecer o inverso também. O Serra, que tem os pés no chão, pode se convencer de que a hora é do Aécio.
- Não lhe parece difícil que Serra abra mão? Acho que a tendência é de que ele vá em frente. Mas, de minha parte, não perco nada em construir a minha trajetória.
- Quais são as chances do PSDB em 2010? Creio que temos uma grande chance. Mas nada é tão simples. Precisamos mostrar para as pessoas por que é melhor votar de novo no PSDB. Não dá para se acomodar achando que, porque estamos na frente nas pesquisas, já ganhamos a eleição.
- Que chances atribui a Dilma Rousseff? Vejo um aspecto positivo na candidatura dela. Teremos uma campanha de alto nível. Pensando no Brasil, seja comigo ou com o Serra, teremos um debate qualificado. O que não sei é se alguém que nunca disputou uma eleição, que tem um temperamento forte como o dela, terá condições de enfrentar uma campanha nacional, com todas as cascas de banana que certamente serão colocadas à sua frente.
- O apoio de Lula não atenua as deficiência? O candidato não será o Lula, mas a Dilma. Entre nós e eles, creio que há muito mais dificuldade do lado de lá.
- Com o peso do governo, Dilma vai ao segundo turno, não? Depende. Nessa eleição, as opções ficaram muito restritas. Não há a perspectiva de termos um grande número de candidatos. Num cenário assim, em que há grande chance de ocorrer uma polarização entre duas candidaturas, pode haver uma espécie de segundo turno no primeiro.
- Quais serão os efeitos da crise no processo sucessório? A crise limita um pouco a influência do presidente. Não falo apenas do Lula. Vale para todos os governantes, inclusive para nós. O presidente sempre terá alguma influência, mas pode ser menor. Isso já ficou demonstrado nas eleições municipais. O sentimento de muitos era o de que Lula seria uma espécie de Midas. Todo candidato tocado por ele viraria ouro. Estão aí os casos de São Paulo, de Natal e outros a demonstrar que não é bem assim.
- O que acha da forma como o governo Lula lida com a crise? Acho que está lidando de forma adequada. Não é do meu feitio criticar apenas porque estou no outro campo. Acho que demoramos um pouco a inverter a lógica dos juros. Fizemos o caminho inverso ao do resto do mundo até essa última reuniao do Copom. Creio que já poderia ter baixado os juros há uns 30 dias, sinalizando com a continuidade dessa inversão. No mais, creio que o governo tem agido.
- O PSDB conseguirá evitar o erro da desunião? Só depende de nós. Todos temos os nossos projetos. Mas também temos espírito público para sair disso unidos. Só não aceito a tentativa de impor o rolo compressor. Não cabe dizer que já está resolvido, que será São Paulo, que São Paulo manda. Esses argumentos não me sensibilizam.
- Que argumentos o sensibilizam? Temos de verificar, no momento da decisão, qual o nome mais apropriado para a conjuntura. Essa coisa de São Paulo, numa eleição nacional, será explorada. Não por nós, mas pelos adversários. Há um certo enfado das soluções paulistas.
- Em caso de prévias, considera-se bem-posto na base do partido? Sim. Do contrário não estaria insistindo nisso. Sinto que há um sentimento de mudança de ciclo, de descontração de poder. Isso joga contra São Paulo e a favor de Minas, o segundo maior colégio eleitoral do país. A ultima pesquisa Vox Populi feita em minas me dava 83% de aprovação.
- Quais são seus planos? Vou viajar o país. Estou construindo, com um grupo de pessoas, um conjunto de propostas.
- Quando inicia as viagens? Em março, a partir da regulamentação das prévias.
- Já traçou o roteiro? Não. Mas o início será pelo Nordeste. Percebo nas pesquisas que tenho algo como 36% no Sudeste, onde sou mais conhecido, e 17% no Nordeste. É onde meu índice de conhecimento é menor.
- Quantas viagens fará? Farei dois ou três Estados por mês. Sem muita pressa, mas mostrando que o jogo ainda não está definido.
- Quando o PSDB vai escolher o candidato? No final de 1999. O ideal é fazermos as prévias ali por novembro. Seria bom para o nosso partido se entrássemos em 2010 já com essa decisão tomada. Até para que, na hipótese de restar alguma aresta, haja tempo de superar.
- Podem restar arestas? Estaremos juntos sem nenhuma dificuldade. Só quero ter o direito de discutir essa questão à luz da realidade do momento. Sem imposições. Estou pronto para ser o candidato, se o caminho for esse. Com a mesma tranquilidade, estou pronto também para não ser, se for o caso.
Um comentário:
AÉCIO NEVES E CLÁUDIO ANDRADE..
DOIS GATOS.....
UMMMMM
AIAI
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