O Ministro Orlando Silva enfrenta uma crise dentro do Ministério dos Esportes robusta e de árduo caminho defensivo, pois se trata de acusações de ordem ético-morais. Ao meu sentir, até que se prove ao contrário, o integrante do PCdoB é inocente.
Todavia, no que tange ao quesito sustentação política torna-se inviável a sua manutenção no cargo. Só as acusações formuladas pelo PM João Dias já são suficientes para que Orlando dedique o seu tempo ao contraditório e não mais a pasta que lhe foi conferida pelo ex-presidente Lula e mantida a pedidos pela atual chefe Dilma.
A pasta do natimorto ministro Silva gerencia a Copa do Mundo de 2014 que é um Projeto que vem sendo acompanhado pela mídia nacional e estrangeira com olhos periciais. A manutenção de Orlando significa desgaste a ser evitado por Dilma, afinal a Presidente não deseja dividir o ônus da crise. Melhor a substituição a uma parceria suicida regada a pressões internas e externas, políticas e administrativas.
No que tange a participação da Revista Veja, acusada por uns de ser a mentora intelectual das denúncias, entendo que a mesma, não entrando no mérito de sua linha editorial, realizou trabalho investigativo acurado cabendo aos mencionados defenderem-se, inocentarem-se e buscarem no âmbito judicial as reparações que entendam pertinentes.
A coisa pública é para ser devassada e os atos administrativos dos detentores das pastas que as representam também. Agentes públicos são pessoas passíveis de questionamentos diários, pois se encontram no leme do gerenciamento de numerários oriundos de nossos rendimentos, afinal a grana que abastece as pastas ministeriais jorra de nossa parcela contributiva tributária que a cada ano mais nos despedaça.
Não custa lembrar aos sempre aptos à produção de cenários de perseguição com vistas à vitimização, que o contribuinte não solicitou ao ministro Orlando Silva que o mesmo recebesse em audiência o queimadíssimo João Dias. Também, não foi da lavra do cidadão de bem a solicitação para que o nobre agente público assinasse convênios liberando verbas para o seu delator.
A gestão Dilma já deixa um legado. Nunca antes na história desse país a corrupção ou os indícios dela estão sendo tratados com tanta energia. Claro que as medidas curativas de exoneração e não preventivas de investigação prévia interna na pastas ministeriais deixam no ar uma sensação benevolência, mesmo assim é inegável o corte no tecido administrativo com bônus a imagem de Dilma.
Comentários dão conta de que a presidente decidiu que, doravante, os ‘pepinos’ da Copa do Mundo serão debatidos por ela própria ou na Casa Civil aos cuidados de Gleisi Hoffmann, o que foi negado em nota pela senadora ministra, o que não convenceu.
Por fim, entendo que a administração federal petista caminha para mais uma degola ministerial. O Projeto 'Segundo Tempo' é uma colcha de retalhos que exige apuração criteriosa e um terceiro tempo de investigações com Orlando Silva no banco.
Cláudio Andrade
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