Hoje, pude obsevar que a polêmica acerca da Prova da OAB voltou ao centro do debate. O desembargador Vladimir Souza Carvalho, do Tribunal Federal Regional da 5º Região, em Recife, decidiu na sexta-feira que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) deve inscrever todos os bacharéis em Direito, sem que tenham passado pela prova de admissão da Ordem.
Vale ressltar, de início, que a aprovação no exame, como requisito para o exercício da Advocacia, é justo, mas não garante a entrada de um bom profissional no mercado de trabalho. O aluno de Direito detesta a fase da prática universitária. A grande maioria não possui interesse em absorver os conhecimentos apresentados por seus orientadores.
Não há faculdade no mundo que consiga preparar um aluno por inteiro para o mercado de trabalho. Na disputa atual, ele precisa ler muito as matérias concernentes à área e possuir um bom conhecimento geral, pois, sem isso, a porta para o mundo laborativo tona-se um funil intransponível.
Durante o curso, a grande maioria não lê, escreve com dificuldade e deseja a conclusão do curso para disputar uma vaga em concurso público. A advocacia não é a primeira opção da maioria dos universitários, pois o curso de Direito tem sido para eles, um requisito de chancela para a busca da estabilidade financeira.
Trabalho em uma Universidade da cidade, há oito anos, e tive a oportunidade de contribuir na formação de mais de mil alunos. Nesse contexto, posso dizer: poucos estão interessados em advogar.
Em todas as áreas profissionais, existem maus técnicos e a eles não é exigido prova similar, o que na minha opinião é uma grande falha. O grande problema não está no alto número de reprovados na prova, pois a maioria já carrega, desde os primeiros anos de estudo, deficiências que jamais serão moldadas no terceiro grau.
A OAB nunca teve um poder significativo, no que tange ao debate acerca da aferição dos bacharéis em Direito. O MEC sempre manteve a OAB como uma entidade apenas consultiva, o que dificulta um debate mais amplo acerca da questão.
Um aluno aprovado na prova da OAB é digno de elogios. Todavia, não deve achar que o simples ato de receber a carteira profissional definitiva, trará por encanto, a qualidade prática necessária, para a ocupação de espaço no mercado de trabalho.
A prova da OAB continua sendo importante, afinal ainda é o meio mas firme para que a Ordem dos Advogados do Brasil evite um desordenado ingresso de profissionais do Direito no mercado de trabalho.
Cláudio Andrade
6 comentários:
E, isto já está dando maior rebuliço, ele agiu em causa própria o filho foi reprovado N vezes...
Bem, Dr.Claudio, sua análise está corretíssima , todavia, a prova da OAB que é feita no intuito de averiguar conhecimento do formando que sai das Universidades não detém o poder de analisá-lo a ponto de devolver ao mercado um profissional gabaritado. O senhor há de convir que há advogados totalmente "analfabetos" até no ato de escrever( instrumento do qual precisa o tempo inteiro no exercício de seu trabalho) e, olha que já passaram pela prova da OAB. Há outros que foram eliminados e, poderiam ser melhores advogados( tudo isso é muito relativo). O método tradicional de avaliação não é suficiente para aprimorar o profissional desejado. As Faculdades teriam que repensar seus currículos, o professor em sala de aula ser mais observador e exigente na produção acadêmica desse aluno.Estendo a opinião aos demais cursos. No Jornalismo, por exemplo, vemos barbaridades sendo colocadas no mercado( é só observarmos as monografias, que hoje são feitas em dupla). Há alunos que pagam para que seus trabalhos sejam feitos por terceiros.De antemão, posso garantir-lhe o que falo porque li um desses trabalhos feito por uma formanda de uma das nossas Faculdades e fiquei impressionada com a redação da menina, a prática profissional dessa mesma menina, uma decadência e..., já está se preparando toda para a colação de grau.
Estendendo mais um pouco, não faz muito tempo em que uma médica , récem formada, num dos plantões desses planos de saúde chamou a enfermeira para aferir a pressão arterial de um paciente porque ela estava em dúvida sem saber ao certo como fazer.Será que essa moça fez residência médica?Fecha a cortina, os casos são tenebrosos. A formação acadêmica deveria sofrer mudanças, o aluno deveria ser mais cobrado desde os primeiros anos da Faculdade. A prática profissional deveria ser mais bem cobrada. Infelizmente, a coisa não caminha desse jeito. As indústrias de produção de monografias, dissertações de mestrado e outras andam a cada dia crescendo mais.Quem pode pagar para terceiros produzir os seus trabalhos, paga e está tudo certo.O exame de Ordem ainda é um filtro valioso, no entanto, não tão capaz de medir conhecimento dos futuros advogados.Do seu texto que está muito bom, extraio um parágrafo importante e faço a transcrição do mesmo complementado o meu comentário:
"Um aluno aprovado na prova da OAB é digno de elogios. Todavia, não deve achar que o simples ato de receber a carteira profissional definitiva, trará por encanto, a qualidade prática necessária, para a ocupação de espaço no mercado de trabalho."
O último parágrafo é um primor, resumindo bem o que representa a prova da Ordem para a classe: limitar concorrência. Caso fosse um balisador de conhecimentos, como propugnam, por puro pretexto, os iluminados e ungidos pela aprovação, defensores dessa excrescência, não seria justificável temer um bando de analfabetos jurídico-funcionais que, dizem os defensores do exame, se espraiaria no mercado na falta da prova.
Fiz e faço absoluta questão de não ter tirado nem mesmo a carteira de estagiário, com toda aquela solenidade mambembe pra botar foto no orkut. Após formado, darei um ano de contribuição para essa entidade me servir como escada, aliás, outro absurdo.
Oi,Claudio,
Gostaria que ajudasse a divulgar este blog:
combateapedofiliasempre.blogspot.com
Obrigada
Você está certo, Claudinho.
Errados estão os Conselhos que não implantam exames como o da OAB para ver quem pode e quem não pode exercer a profissão.
Se o cara tem condições de ser médico, dentista, contador, vai certamente passar numa prova elaborada por seus pares. Se nem isso consegue, paciência.
É simples, não há absurdo nenhum e isso não tem nada de inconstitucional, muito pelo contrário: é exatamente o que está no inciso XIII do art. 5º.
A prova da OAB deveria ser o reconhecimento da instituição para aquele profissional que quisesse obter a garantia de profissional recomendado pela instituição OAB.
E não ser a simples prova que decide ou não quem entra no mercado de trabalho. Não é a OAB quem programa os cursos de direito das universidades, e ao meu ver, não deveria ser, a mesma, a instituição que diz quem estaria apto ou não a advogar.
O MEC, quando avalia e aprova um curso de nível superior, está afirmando que aquele que cumprir o seu programa, estará apto a ingressar no mercado.
Se a OAB mudasse o critério de avaliação, tornando a prova facultativa para aqueles que desejassem obter da instituição um "certificado de excelência", pela aprovação no tão contestado exame, garanto que o mercado seria inteligente o bastante para selecionar aqueles profissionais recomendados pelo seu órgão de classe. Seria bem mais simples e infinitamente eficiente...
Postar um comentário