O Diário – Qual foi o maior desafio da senhora nesses primeiros 100 dias de governo?
Rosinha Garotinho – Fica até difícil apontar apenas um desafio. A prefeitura foi destruída e a cidade transformada num verdadeiro caos. Em toda a minha vida nunca vi um abandono tão grande.
OD – Cite alguns exemplos.
RG – As escolas e as creches não têm condições mínimas de funcionamento. Estamos iniciando um amplo programa de reformas. A cidade está com as ruas esburacadas, não só no Centro, mas também nos bairros. Já demos inicio a um programa emergencial para resolver esse problema. Você acredita que os postos de saúde não tinham remédios e havia medicamentos estragando no almoxarifado? Uma bagunça total. Organizar a saúde e dar uma boa assistência a toda população nos postos e hospitais é um dos meus grandes desafios. Tenho trabalhado com a minha equipe 24 horas por dia para conseguirmos isso.
OD – No governo passado foram descobertos vários focos de corrupção. Que providencias, o governo da senhora tem adotado?
RG – É difícil encontrar um órgão que na gestão anterior não tivesse sido alvo de desvios de recursos públicos. A população sabe de muita coisa, mas ainda não tem ideia completa dos desmandos praticados. Varios relatorios já foram produzidos e estamos encaminhando para a Justiça. Existem casos que chegam a ser chocantes, como, por exemplo, na Fundação Municipal da Infância e Juventude, a corrupção na Campos Luz, na Codemca, na secretaria de Obras e na Fundação Zumbi dos Palmares. Para você ter uma ideia, até na Guarda Civil Municipal foi detectado o rombo de mais de R$ 1 milhão.
OD – Como ficou a situação dos terceirizados?
RG – Essa é uma das partes que mais me dói. Ainda consegui com muito esforço manter em torno de 5.500 pessoas. Mas sei o quanto é duro ter que dispensar trabalhadores que foram usados politicamente por meus antecessores. Infelizmente os atos irresponsáveis cometidos por Arnaldo Vianna e Alexandre Mocaiber levaram a Justiça a determinar o afastamento desses trabalhadores.
OD – O que a senhora considera sua maior vitória nesses seus primeiros 100 dias?
RG – São dois rompimentos. O primeiro, romper com esse ciclo vicioso de corrupção que há 10 anos vinha sugando o dinheiro da nossa cidade. Isso não está sendo fácil. Criou-se uma mentalidade em que quase todo mundo queria levar vantagem às custas do dinheiro público. O segundo foi romper o isolamento em que Campos estava. Para se ter ideia, nesses primeiros dias já falei com sete ministros, inúmeros secretários estaduais e está praticamente pronta a renegociação das dívidas do município.
OD – Será que o povo de Campos vai ter mesmo passagem a R$ 1 a partir do dia 1º de maio?
RG – Com certeza. Tudo está sendo feito nesse sentido. E quase 200 mil pessoas já se cadastraram. Espero, no entanto, que os senhores empresários façam a parte eles e, gradativamente, passem a melhorar a frota com ônibus novos e colocando mais veículos nos horarios de pico.
OD – Afinal, quantas casas populares a senhora pretende entregar?
RG – Eu amo a minha cidade, respeito meu povo e honro a minha palavra. Você não tenha dúvida, vou cumprir todas as minhas promessas para devolver a Campos a paz e o orgulho, que o campista havia perdido. Serão 10 mil casas até o final do meu mandato.
O Diário – A queda da arrecadação, principalmente dos royalties do petróleo, vem dificultando o seu governo?
RG – Sim. Há uma crise no mundo e Campos, obviamente, não está fora dele. Os royalties diminuíram 50%, mas, além deles, caíram também o ICMS, IPI, Fundo de Participação dos Municípios, entre outros impostos. A necessidade de ajustar a prefeitura para esta realidade é urgente. Pelos meus cálculos, vamos ter este ano uma perda de R$ 600 milhões na arrecadação em relação ao que ser arrecadou no ano passado. Somente uma coisa pode compensar perda tão grande: é que vamos trabalhar com amor, determinação, não vamos roubar nem deixar que haja roubos. Quem pisar na bola comigo vai estar fora.
O Diário – Quais são seus planos para o futuro?
RG – Só penso em trabalhar e dar o melhor de mim. É tanta coisa para colocar no lugar que às vezes fico pensando que 24 horas num dia é muito pouco. Você quer saber de uma coisa? O meu maior desejo mesmo é ver as escolas e as creches funcionando bem, a cidade sem crianças nas ruas, a saúde salvando vidas, e Campos voltando a ser referencia nacional, a exemplo do que ocorreu no período em que Garotinho governou o municipio. Não estou preocupada com eleição. Para falar sinceramente, não serei candidata à reeleição. Isso é uma questão definitiva para mim. Voltei para Campos por amor à minha cidade e ao povo, e é assim que pretendo trabalhar até o último dia do meu governo.
Fonte- O Diário.
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