CORAÇÃO OU RAZÃO?

Na última semana, os munícipes de Campos dos Goytacazes foram informados de mais uma operação da Polícia Federal. Na ação denominada ‘cinquentinha’, três pessoas foram presas sob a acusação, ainda informal, de compra de votos. Não irei discorrer acerca do caso. O trabalho está sendo realizado pela Polícia Federal em parceria com o Ministério Público Estadual, cabendo a eles a instrução probatória.

Quero expressar a minha opinião acerca das exaltadas e desnecessárias ações apocalípticas patrocinadas por alguns que, de forma indireta, causam danos irreparáveis à população. A partir de 2004, a nossa cidade passa por enormes dissabores políticos. Nossos munícipes não podem mais se dar ao luxo de receberem informações truncadas e construídas na base da emoção e não dá razão.

Não estou fazendo defesa da Prefeita de Campos, nem mesmo dos cidadãos que se encontram acautelados, até porque não me foi outorgado poderes para isso. Entretanto, dizer de imediato, após as prisões realizadas pela Polícia Federal, que a vacância do cargo de Prefeito de Campos era questão de horas, é uma tremenda irresponsabilidade.

Os meios de comunicação possuem um poder enorme. Formam opinião a cada segundo e, uma informação fornecida no calor da emoção, pode causar um efeito ‘cascata’ de interpretações dúbias que causam insegurança pessoal, administrativa e econômica.

Apurar os fatos e divulgá-los é uma obrigação da imprensa. Graças a Deus o Regime Democrático de Direito nos permite usufruir a cada dia mais da liberdade de expressão e de informação. Todavia, temos que ter o cuidado de não anteciparmos ou criarmos autores para os fatos.

Algumas ‘guerras veladas’, de cunho político partidário, não beneficiam a boa informação. Uma imprensa imparcial não precisa deixar de ser institucional e uma imprensa oposicionista não precisa abandonar a fidelidade dos fatos. Não sou jornalista, mais aprendi, no meio, que é melhor perder um furo do que antecipar fatos truncados e modelá-los de acordo com a conveniência.

A cada dia que passa, a imprensa nacional sucumbe. A falta de independência econômica, aliada ao mau hábito da remuneração fixa, deixa alguns meios de comunicação brasileiros ‘amarrados’ aos patrocinadores. Isso é muito triste. Quem perde com todo esse processo é o munícipe que recebe a notícia da cassação de uma prefeita e após uma conferência mais profunda constata que três pessoas foram presas e terão o contraditório assegurado. Caso sejam denunciados, os cidadãos serão submetidos aos trâmites processuais tendo resguardados todos os direitos recursais assegurados.

Artigo de minha autoria que será publicado nesta sexta-feira no Jornal O Diário.

Cláudio Andrade.