segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A DOENÇA QUE NÃO PODE TERMINAR



Não restam dúvidas de que uma das coisas mais preciosas em nossa vida é a saúde. Sem ela, tudo se torna mais complexo e difícil de ser conquistado. Dependendo de qual somos acometidos, as limitações podem variar de um mal estar à deficiência total.

Muitas pessoas mudam suas vidas quando recebem diagnósticos positivos acerca de enfermidades nunca dantes imagináveis. Após a desoladora notícia tudo muda na vida pessoal e familiar do enfermo, entretanto, para muitos, a situação possui uma linha de aproveitamento bem inusitada.

Muitas famílias já experimentaram em seus respectivos seios, um ente que utiliza a doença para obter mais carinho e atenção. São pessoas que descobrem que o fato de estarem em situação especial traz para si, um cuidado que não seria dispensado, se o mesmo estivesse com a saúde em dia.

Nesse momento, os sentimentos de carência pela falta de amor e a angústia pela doença se entrelaçam e fazem com que, tomado por um sentimento mórbido, o familiar não deseje que a cura chegue de forma tão breve.

O fim de um tratamento pode significar para muitos, o término de uma atenção jamais experimentada. O café especial, os beijos inesperados e a atenção integral estarão ameaçados se a saúde plena retornar.

Não podemos descartar que a carência afetiva faz com que muitas doenças físicas surjam e sejam mantidas, mesmo após o seu fim, por aqueles que tiveram resgatados o sentido do amor familiar. Eles conseguiram, mediante o fato alarmante, a ‘ponte’ de volta ao centro das atenções, ou seja, conseguiram retornar a situação de ator principal deixada de lado há tanto tempo.

Melhor seria se pudéssemos identificar as inúmeras carências de nossos entes queridos antes que uma má noticia nos faça lembrar de que, na maioria das ocasiões, eles estão ao nosso lado, saudáveis, quase imperceptíveis e clamando por um gesto de amor.

Cláudio Andrade

2 comentários:

Anônimo disse...

Que maravilha de texto é esse, Claudio?Verdade nua e crua. Muitas vezes é preciso que a DOENÇA FÍSICA se instale para você refletir que aquela pessoa existe. Quando a física se diz presente, a emocional já DEVOROU a pessoa por dentro.

Anônimo disse...

Menino, ARRASOU!
Lindo texto!
Com carinho, Vera Cardoso