quarta-feira, 1 de setembro de 2010

SOMOS TODOS PASSÍVEIS DE ERROS

“… sobram advogados sem condições de participarem de uma audiência ou incapazes de redigir uma petição, quanto mais de disputar um concurso público para a magistratura” A infeliz frase acima transcrita é do colunista Rogério Gentile, da Folha de São Paulo, ao analisar a dificuldade na aprovação nos concursos para Juiz no Estado do Rio e de São Paulo.

A nota acima não é nova mas reflete a atual situação acerca do polêmico debate em relação a qualificação dos operadores do Direito.

Bem, sou advogado militante e professor universitário há sete anos. Ministro aulas em uma tradicional universidade de nossa cidade, compromissada em formar profissionais para o exercício da profissão de advogado.

Os alunos que no transcorrer do curso ou ao final dele, optem pelo concurso público, devemos respeitar. Estarão utilizando, ao meu sentir, o curso de Direito para outra finalidade.

A profissão de advogado é a mais importante do cenário nacional. Operadores pouco preparados existem em todas as áreas, inclusive na magistratura. O fato de os candidatos ao cargo de Juiz realizarem uma prova difícil -de até cinco fases- não os colocam em um patamar mais elevado em detrimento aos advogados.

Os ilustres causídicos, além de cursarem o mesmo tempo de curso dos magistrados -mínimo de cinco anos- têm por obrigação uma atualização constante. São os membros da OAB que estão na ponta do conflito. Eles recebem os reclames populares e os convertem em Direito, quando isso é pertinente e legal.

Devemos de uma vez por todas entender que as profissões de advogado e de magistrado são nobres, mas cumprem papéis díspares no cenário jurídico. Os companheiros da advocacia fazem a delicada ‘ponte’ que liga o Direito postulado à resposta estatal.

As Universidades e faculdades de Direito buscam inserir no cenário social homens e mulheres com o propósito de defender e de lutar pelos direitos da sociedade, objetivo esse, que será passível de concretização após a aprovação no Exame da OAB.

O exercício da magistratura é algo louvável. Entretanto, não há que se cogitar que o despreparo técnico de alguns atores do mundo jurídico seja exclusividade do advogado. Não é mesmo!

Advogados, Juízes, Promotores, Defensores e todos os serventuários que compõem a máquina judiciária são passíveis de erros e quanto a isso não restam dúvidas. Lembrem-se: qualificação para todos e respeito também! Afinal, somos todos passíveis de erros!

Cláudio Andrade

3 comentários:

Pedro (D)KabraL disse...

Concordo que todos podemos errar.
E por falar nisso não é um erro afirmar que "A profissão de advogado é a mais importante do cenário nacional." ???

Splanchnizomai abraçando o amanhã. disse...

Sim, Cláudio, somos todos passíveis de erros. Mas quando o erro é no outro, somos também passíveis de trazer tantas contendas, desrespeitos, julgamentos?

Esta questão de advogados sem condições, é muito forte no Brasil. Não só advogados mas todas as categorias. As pessoas não lêem, não buscam, não vão aos livros, e não sabem mostrar suas razões. Um erro de ortografia aqui e ali, uma palavrinha fora de conjuntura aqui e ali, não vão ser motivo para descaracterizar um profissional, mas não saber interferir e chamar as pessoas de mala, chata, disso e aquilo, porque não compreendem um contexto, isso sim caracteriza uma postura de desconhecimento.

Quanto a profissão mais importante, na verdade a mais importante é aquela melhor representada, isto é, aquela onde o profissional faz o melhor que pode e muitas vezes, vai além.

Sabemos que quando fazemos referência a um teórico, estamos respaldados em algo registrado. E por isso vou me referir a Jesus Cristo, o Grande Mestre: Jesus disse que o servo inútil é aquele que só faz o que é mandado.Isto quer dizer que o servo útil é aquele que vai além.
Vejamos, professor Cláudio, em todas as profissões temos servos inúteis, aqueles que fazem o que tem que fazer, mas venhamos e convenhamos que o que tem de gente que não faz nem o que tem de fazer, não está no marketing.E pior, muitos estão fazendo justamente o que é proibido fazer.

Agora, uma perguntinha: Qual a profissão em que mais se faz justamente o que não deveria ser feito? E quem sai prejudicado nesta profissão?

Uma pergunta para se pensar.

Marcelo Bessa disse...

Cláudio:
a frase é verdadeira. Está cheio de gente por aí que não sabe nada mesmo.
Um abraço.
OBS: só discordei do fato de você ter dito que a frase foi infeliz. Concordo com suas outras afirmações e até acrescento uma: muitos concursos para a Magistratura e MP parecem feitos para que ninguém seja aprovado.