quinta-feira, 27 de maio de 2010

O BAILE DE MÁSCARAS




Acredito que a maioria das pessoas já esteve em um baile à fantasia. Os cuidados com os preparativos são minuciosos, em uma luta ferrenha para obter a melhor máscara.

Nessas festas, todos vivem um mundo de sonhos, onde tudo é possível, sem que tenhamos que nos preocupar com as opiniões alheias bem como com qualquer tipo de retenção moralista.


No cotidiano de nossas vidas, a situação não é muito diferente. Para alguns, a vida é simplesmente um irresponsável baile de máscaras, onde é mais salutar tratar da coisa alheia e se proteger por trás do pudor doentio.


Assim é a sociedade. Os mascarados criam mundos diversos somente seus, onde só se igualam quando partem para a desqualificação do outro, baseados em seu histórico financeiro e familiar. Na profissão, os mascarados desfilam com maus semblantes. Nesse meio, é difícil encontrar o mocinho, até porque quem não é vilão perde o viés e conseqüentemente é expulso do baile.


Nas amizades, as máscaras encontram, sem dúvida alguma, seu maior manancial. Nessa área, elas diversificam-se. O que é descartável, em um passe de mágica, passa a ser relevante; o antes negro, torna-se um mulato jeitoso, bem como a meretriz torna-se uma ‘garota de família’. Eles podem perfeitamente ser pobres, ricos, homoafetivos, viciados, adúlteros, não importa! O que interessa é que usem suas máscaras; não para esconder seus traumas e problemas e sim, para não se misturarem com aqueles que sustentam um maléfico mundo irreal. 


Sonhar não faz mal algum. Entretanto, não podemos nos alimentar de ilusões, pois os bens só são adquiridos com muito esforço e, no mundo dos que produzem verdadeiramente, não cabe a vida alheia nem mesmo buscar um culpado para nossos erros. 


Ainda é possível andar sem máscaras: o viciado se trata, a relação infrutífera se desfaz e o sexo é tratado de forma clara. Via de conseqüência, a moldura desse pavoroso quadro de aparências sociais se desfaz, dando ao mundo mais clareza e autenticidade entre as pessoas.


Assim, quando tiverem que ir a um baile de fantasias, escolham dentre as ilusórias máscaras, a mais real possível, pois só se sente bem no mundo da ilusão aquele que sabe perfeitamente onde é a porta do mundo real.

Cláudio Andrade

4 comentários:

Splanchnizomai abraçando o amanhã. disse...

Professor Claudio, por acaso você andou "andando pelos jardins de mãos dadas com Jesus"?
Dolei seu "textim"...Foi fundo.

É isso aí. Verdade.

Jesus não perdia 5 minutos perto de fariseu justamente por causa de sua hipocrisia. Ele não perdia tempo perto de fariseu e nem de saduceu, os mais disfarçados.

Mas perto de pecador? Iiii... até comia com eles. Mas aí, os fariseus logo apontavam...
Como adoram apontar até hoje os "cristãos" que "comem" com os "pecadores"... iiii....


Eita turminha difíííciii, sô!
Jesus é Lindo demais, professor Claudio. E é muito bom passear com Ele pelos jardins...

Um abraço,
Rosângela

Anônimo disse...

Gostei imensamente do seu texto, Claudio. Li hoje cedo na edição de hoje (27.05)no Jornal :O DIÁRIO.Máscaras - artifício tão presente em vidas mas, quem não faz uso constante delas? Só uma esperança, talvez...
..."quando tiverem que ir a um baile de fantasias, escolham dentre as ilusórias máscaras, a mais real possível, pois só se sente bem no mundo da ilusão aquele que sabe perfeitamente onde é a porta do mundo real."

Sexta Feira 13 disse...

Splanchnizomai é marca de cerveja?

Anônimo disse...

Essa moça Rosângela tem umas interpretações tão esquisitas; nem religiosas, nem profanas. Uma coisa fora do contexto. Se começar a frequentar esse seu espaço. você está roubado, como diz o velho ditado.