quinta-feira, 8 de abril de 2010

ANDANÇA

Andança
              
...E retornando à cidade natal retomo o hábito de caminhadas matinais em busca de personagens para minhas crônicas.
Nesta manhã  o percurso é quase sempre o mesmo ao que fazia em remotas manhãs.
Como uma tecelã a puxar fio a fio da trama do tecido diário saio em direção ao Centro.
Vejo flores nas calçadas das esparsas árvores que habitam a minha rua.
Observo pássaros nos fios elétricos a afinar o canto com a orquestra de vassouras dos varredores de rua.
Sigo sem pressa.
Atravesso a rua semi deserta. Avisto letreiros: Troca de óleo; Silenciosos...
A fila em frente ao laboratório de Análises Clínicas já se faz enorme.
Dobro a esquina e sinto que a cidade acorda lentamente dando seus últimos bocejos.
No cruzamento das avenidas ouço música suave vinda da loja de discos do Abreu. Os olhos passam e registram: óticas, farmácias, docerias, padarias, “Gavião”,”Jamil”, “Mariposa”,”Cinderela”, “Noiva” “Mimosa” são letreiros que perpetuam lembranças.
Dá  vontade de dançar... Chá. Chá. Chá.
Troco de calçada.
Cumprimento o motorista de táxi.(seu Zezinho!) Espanto-me mais uma vez: - Cadê a Imparcial?
Continuo o percurso. O Livro é Verde como a esperança dos que por aqui habitam.
Chego ao Boulevard: Verdadeira “Feira Livre”! “Homens em pé”, pedintes em frente às farmácias, aposentados nas portas dos Cafés, mulheres, crianças, estudantes, idosos, ciganas, camelôs e executivos. Roda de conversas, círculo de pessoas filando leitura nas bancas de jornais. Conversas animadas; papos exaltados. Filas de Bancos , de casas lotéricas...Celulares “carregam orelhas”.
Em volta do monumento do Pelourinho seres de todas as raças e credos...
A cidade pulsa.
Prossigo o trajeto.
Faço o sinal da cruz em frente à Catedral. Ah!Lira de Apolo... Do outro lado a  praça e o colorido das barracas de artesanato.
Dirijo-me apressada à beira-rio.
Paro diante do velho Paraíba do Sul e o reverencio.
Recuo o passo e retomo o caminho de volta.
Manhã  de outono. Num ziguezague matinal faço um pequeno bordado com matizes e cores da minha Campos.

Walnize Carvalho

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