Jornal Terceira Via on line.
Nos últimos dias, a mídia nacional vem noticiando o confronto nada construtivo entre os deputados federais Anthony Garotinho e Ronaldo Caiado. Os vídeos publicados demonstram uma relação agressiva entre esses parlamentares, o que deixa de enriquecer o debate acerca da Medida Provisória dos portos.
Certo que esse quadro não é novidade na política. Isso porque ACM (Antônio Carlos Magalhães), Heloisa Helena, Roberto Jéferson, dentre outros já foram protagonistas de situações como essas e que causam perplexidade aos cidadãos brasileiros.
Infelizmente, não presenciei a época em que Jânio Quadros, Juscelino Kubistchek, Getúlio Vargas e Carlos Lacerda discutiam política com seriedade e comprometimento ímpares.
Por outro lado, quando meu interesse pela Política começou, ainda pude, mesmo que por tempo breve, ser contemplado com os discursos do ex-governador do Rio Grande do Sul e também do Rio de Janeiro, Leonel de Moura Brizola. Renomado político e de relevante sagacidade para debater, discutir e - por que não - ferir?
Hoje, o cenário é outro. Os parlamentares estão menos regrados. Quando representantes do povo como Ronaldo Caiado e Garotinho desferem entre si acusações de ordem moral e ética diante das câmeras, de fato somos nós os ofendidos.
Tanto o jornalista Garotinho como o médico Caiado têm o direito de usar a tribuna para defesa dos interesses dos respectivos estados e partidos que representam. Contudo, há limite para tudo e o respeito à moral do oponente e à tranquilidade das famílias que os assistem devem ser preservados desses desnecessários arroubos.
O parlamento brasileiro encontra-se carente de personalidades lúcidas no que tange a oratória, a cortesia e o espírito público. Com o advento das redes sociais, os confrontos, que antes eram relatados pelas poucas testemunhas oculares, agora ganham imensurável proporção mediante um simples toque para o mundo virtual.
Esses políticos que hoje se agridem e amanhã dão um amigável aperto de mãos são nossos procuradores. Homens públicos que receberam procuração outorgada pela sociedade com o fim de representá-la no sentido amplo da palavra. Uma representação que não inclui somente as atividades parlamentares e sim engloba postura, reverência, respeito e hombridade.
A política brasileira está desgastada. A cada dia, fica mais difícil vermos jovens filiados a partidos, liderando grêmios estudantis ou organizando atos ordeiros de protesto.
O desencanto com a política é fruto da sua própria desvalorização. Muitos, após eleitos, negligenciam o cargo e perdem a postura política como se a função exercida por eles tivesse se tornado insignificante e dispensável.
As qualidades subjetivas dos parlamentares devem manter o terno que vestem. As vestes que irradiam homens e mulheres públicos acabam por esconder o conteúdo intelectual que deve ser baseado em uma conduta que exale respeitabilidade e zelo no atuar político e representativo.
A arte da política clama por embates construtivos e deve ser nutrida por contrapontos, respirando controvérsias. Porém, os limites devem ser observados para que o respeito mútuo e ao cidadão eleitor seja premissa maior.
Assim, ao acessarem a internet ou ligarem a televisão, estejam preparados para assistir a mais um capítulo da novela da vida real.
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