segunda-feira, 9 de maio de 2011

UNIÃO HOMOAFETIVA: UM CLAREAR DE RETINAS


Na última Quinta–feira a sociedade brasileira experimentou algo novo. O Supremo Tribunal Federal igualou as uniões homoafetivas às heterossexuais. Trata-se de um dos maiores avanços desde o advento da Lei 6.515/77 que instituiu o Divórcio no Brasil.

Naquela época, parcela considerável da sociedade também se manifestou contrária ao Direito de uma pessoa poder constituir nova união matrimonial. No caso em comento, a decisão da mais alta corte do país deveria deixar os membros do Congresso Nacional envergonhados, afinal uma mudança desse quilate deveria nascer no âmbito legislativo por questões óbvias.

O tema amplamente debatido entre os ministros não terá efeito somente nas partilhas de bens, heranças, pensões ou declarações de renda. Vai influir de forma direta nas práticas religiosas, nas ações preconceituosas, na convivência laborativa, na violência externada e no seio de muitas famílias espalhadas pelo nosso vasto território.

O reconhecimento da união de casais do mesmo sexo ‘enterra’ de vez a concepção moralista de que estávamos lidando com pessoas enfermas, execradas, viróticas, pecadoras e que precisavam de tratamento ou quem sabe, de um exorcismo.

O ministro Ayres Britto foi muito feliz ao afirmar que “aqui é o reino da igualdade absoluta, pois não se pode alegar que os heteroafetivos perdem se os homoafetivos ganham”. Bem lembrado, pois não estamos falando em uma guerra de sexos e sim em uma igualdade de opção.

A decisão é um grande passo que precisa ser aproveitado. O reconhecimento por si só não será capaz de promover um clarear de retinas. A sociedade precisa moldar-se a nova concepção. Isso não quer dizer que as opiniões acerca das uniões homoafetivas devam mudar.

Todos que discordam da decisão do Supremo, ou mesmo não aceitam essa espécie de relação, permanecerão protegidos pelo Direito opinativo, todavia há necessidade de agregar a esse Direito, a palavra respeito.

Por dez votos a zero a nossa maior corte judiciária entendeu que as intimidades sexuais compartilhadas em quatro paredes por dois adultos não interessam ao público. Trata-se de uma ação privada, pessoal e íntima.

O Supremo abriu a possibilidade de afastarmos de nossa sociedade o execrável comportamento embutido na mente de milhares de pessoas que é o famigerado desejo de controlar a sexualidade alheia.

Opções a parte, vamos seguindo em paz e que a vida íntima de cada um não seja obstáculo para a construção de um mundo mais justo e igualitário.



Cláudio Andrade

7 comentários:

Unknown disse...

Isso aí , Cláudio . Grande texto !
O Paulão,meu namorado , vai adorar !
Hahaha ! Só mesmo um hetero bem resolvido pode fazer uma brincadeira dessas na web , assinando embaixo.
Um grande abraço !

Anônimo disse...

Acho que o Congresso e o Senado deveriam convocar a população brasileira para um plesbicito, pois a opinião dos ministros, não necessariamente, representa a opinião de todos.

Gizela Gualberto Ramos disse...

Parabéns, Cláudio!
Como sempre seus textos são claros, objetivos e elucidativos!
Com o tempo, a sociedade verá que ninguém saiu perdendo com a decisão do STF; que veio apenas, como você bem colocou clarear e nortear os direitos civis básicos de todos os brasileiros, independente de raça, credo ou orientação sexual!

Frozenraunh disse...

Um grande equívoco!

Wranhünhez disse...

Zízimo vai casar com quem?

Anônimo disse...

Esse país não pode realmente ser levado a sério. Hoje o STF decidiu a respeito de assunto tão sério para a sociedade, sem ao menos ouvi-la. Cada pessoa tem de fato o direito de escolher com quem quer se casar, seja homem com homem ou mulher com mulher, mas daí querer empurrar goela abaixo de todos os demais para que aceitem isso como se fosse a coisa mais comum, é um absurdo. Amanhã, vão nos obrigar a aceitar o aborto, a maconha, a cocaina, o LSD, o crack, etc. Logo após o ataque do dia 11 set nos EUA, em entrevista, perguntaram a uma filha do famoso pregador americano Billy Graham, onde Deus estava quando aquilo aconteceu? Ela respondeu, ELE estava no mesmo lugar onde a sociedade americana O havia deixado.Fora da família, da escola, dos negócios, da política, etc. Aguardemos o desenrolar das coisas. Como diz um amigo meu:"QUEM VIVER VERÁ". DEUS NÃO DORME.

Prático disse...

Quero ver é na hora da partilha!