domingo, 18 de julho de 2010

PAIS E FILHOS.


A mensagem do Presidente Lula acrescenta ao ECA, entre outros, o Artigo 17-A que concede as crianças e adolescentes o direito de serem cuidados e educados pelos pais ou responsáveis sem o uso de castigo corporal ou de tratamento cruel ou degradante. O texto define como tratamento cruel ou degradante qualquer tipo de conduta que humilhe, ameace gravemente ou ridicularize a criança ou adolescente.


Vale ressaltar de início que a relação entre pais e filhos nunca foi fácil, afinal a incumbência de formar um ser humano não é simples. Pais quase perfeitos podem gerar filhos imperfeitos, ao passo que pais problemáticos podem formar infantes psicologicamente sadios.

A formação oriunda do lar continua sendo o alicerce para o enfrentamento do 'mundo cão'. Todavia, cada criança reage de forma particular às ordens de comando. Para uns, basta um olhar e para outros, olhares, gritos e algumas palmadas, muito bem dadas.

O efeito nefasto surge quando a imoderabilidade suplanta à correção. Não existe um pai sequer no mundo, que não tenha perdido a calma com um filho. Notem: perdido a calma e não a cabeça.

Um pai precisa estar preparado para a função a si conferida por Deus. Esse preparo passa pela maturidade,  formação ética e moral, estabilidade financeira e uma boa formação religiosa.  

Um filho não pede para vir ao mundo, entretanto, se chega, esperado ou não, deve ser correspondido no que tange ao seu direito sagrado de sobreviver, adquirir personalidade, crescer com valores e posicionar-se enquanto ser social, com direitos e obrigações. 

Infelizmente, muitos pais não estão preparados para tamanha responsabilidade. Um sexo entre namorados,  por exemplo, não possui a intenção de gerar uma prole, mas acontece, todas as horas, nos sofás, nos carros, nas praias e claro, nos motéis.

Diante disso, num 'estalar de dedos', um jovem de dezoito anos cruza a linha imaginária entre a adolescência  e a fase adulta. Essa mecânica constrõe, de forma inesperada, um lar com três crianças. Os pais e o bebê.

Quais as chances dessa união familiar dar certo? Mínimas, não acham?

A inexperiência desses pais, o inconformismo com a chegada precoce da fase adulta e os fatores relacionados à saúde pública, como o vício em drogas lícitas e ilícitas, tornam a criação de uma criança, um fardo, dotado de riscos constantes.

Punir, mediante dispositos legais, a correção imoderada, por si só, não muda nada. Não sou a favor do controle estatal na questão da natalidade, mas é responsabilidade do Estado prover, mediante os tributos pagos por nós, as condições ideais para a formação de nossas crianças, não importando quantos existam em um só seio familiar.

Para que um menor não seja fruto do meio, ele não pode ser vítima do lar. Fui uma criança  levada e sempre apanhei, mesmo assim, o meu amor pelos meus pais nunca diminuiu. As lembranças que possuo de minha infância não são dos tapas de correção, que levei, e sim, dos ensinamentos para não roubar, devolver o que não era meu, beijar a mão de minha avó e pedir, ao contrário de pegar.

O Estado não deveria acobertar os problemas sociais gritantes de nosso país, repassando para os pais, possíveis sanções no exercício da paternidade. Para os 'mosntros', a lei já prevê a destituição de poder familiar, dentre outras ações de cunho cível e criminal. 

Continuarei exercendo o meu poder familiar da mesma forma que recebi. Se hoje sou um ser humano mais digno, dou graças aos meus pais e porque não, aos necessários corretivos por eles aplicados?

Cláudio Andrade
  


11 comentários:

Splanchnizomai abraçando o amanhã. disse...

Bravo! Levanto e aplaudo! Texto bem coerente e lúcido. Parabéns, professor Claudio.

Que o Senhor Jesus abençoe a você e aos seus dando a sabedoria necessária para ensinar e aprender a cada dia.

Rosângela.

Anônimo disse...

Dr Claudio
Posso pegar um gancho no seu tópico?
Farei outra abordagem.
Desde já agradeço
Blog da Marilu

Avelino Ferreira disse...

Cláudio,

Taí um artigo que vale a pena ser debatido. Não vamos chegar a lugar algum, mas vale a pena. O problema é que os seres humanos recusam-se a admitir que nascemos animais como quaisquer outros e tornamo-nos humanos pela cultura que, como sabemos, muda de povo para povo, de época para época e gera conhecimento que é acumulado e transformado devido a memória e a educação, que propicia o repasse do conhecimento adquirido. Com isso não há necessidade de se estar sempre começando do início. Já nascemos num mundo dado. A partir do que temos, avançamos buscando novas formas de proceder.

Alguém me ensina a comer com a mão, como com a mão. Alguém me ensina a usar talher, uso talher. Alguém me ensina a falar chinês, falo chinês. Alguém me ensina a falar português, falo português. Assim é com a limpeza, com os "modos" os mais variados. Há um tempo, casava-se por negociação ou promessa. Com 12, 13, 14 anos, a mulher. O rapaz, com 17, 18, 20 anos. Hoje, uma pessoa com 30 anos é "jovem".

O sexo era feito como os animais e a cópula era por trás. Os tempos mudaram e nasce o amor, as formas de amor e de sexo. Tudo cada vez menos animal e mais humano. Crianças aprendiam a matar os bichos por prazer com suas estilingues. Hoje, é crime prender um pásarro na gaiola. Somos frutos do que aprendemos.

No caso da pancadaria para "correção", era a coisa mais comum. Os educados mudaram muito. Ninguém bate num sujeito mais forte para "corrigi-lo". Mas bate no filho, que é frágil. Dois pesos e duas medidas. A raiva a um juiz, um patrão, um desafeto, não é aliada ao ato de tapas e pontapés, porque o sujeito mede consequências e evita o confronto. Já em casa o sujeito pode "corrigir" a mulher, os filhos e/ou quem é mais fraco e dele depende de alguma maneira.

Sempre denunciei à polícia (maioria de vezes ela nunca fez nada) os pais que via esspancando seus filhos. Ganhei inimizade com vizinhos e deixei de falar com pessoas porque batiam em seus filhos. Um dia um policial perguntou a um vizinho (religioso de carteirinha) se gostaria de apanhar para obedecer ordens. O vizinho disse que bateu no garoto de oito anos, seu sobrinho, porque estava na Bíblia. Era o caso da "cõrreção". Foi detido e fichado. Mas nada além disso.

Pais que batem têm que ser punidos. Os adolescentes, na fase média de transformação de animal em humano, deixam a vontade (animal) prevalecer sobre a razão (humano). E não se forma humanos com pancadas, com castigos e corretivos físicos ou psicológicos. Educar é difícil, mas é o preço que se paga para transformarmos o animal em humano. Sonhando que esse humano se torne pessoa. Tarefa que vem sendo feita há milênios e, mais amiúde, nos tempos modernos. Continuemos assim, então. Sem pancada, temos muito mais chances de termos um humano melhor.

Abraços,
Avelino Ferreira

Avelino Ferreira disse...

Cláudio,

Taí um artigo que vale a pena ser debatido. Não vamos chegar a lugar algum, mas vale a pena. O problema é que os seres humanos recusam-se a admitir que nascemos animais como quaisquer outros e tornamo-nos humanos pela cultura que, como sabemos, muda de povo para povo, de época para época e gera conhecimento que é acumulado e transformado devido a memória e a educação, que propicia o repasse do conhecimento adquirido. Com isso não há necessidade de se estar sempre começando do início. Já nascemos num mundo dado. A partir do que temos, avançamos buscando novas formas de proceder.

Alguém me ensina a comer com a mão, como com a mão. Alguém me ensina a usar talher, uso talher. Alguém me ensina a falar chinês, falo chinês. Alguém me ensina a falar português, falo português. Assim é com a limpeza, com os "modos" os mais variados. Há um tempo, casava-se por negociação ou promessa. Com 12, 13, 14 anos, a mulher. O rapaz, com 17, 18, 20 anos. Hoje, uma pessoa com 30 anos é "jovem".

O sexo era feito como os animais e a cópula era por trás. Os tempos mudaram e nasce o amor, as formas de amor e de sexo. Tudo cada vez menos animal e mais humano. Crianças aprendiam a matar os bichos por prazer com suas estilingues. Hoje, é crime prender um pásarro na gaiola. Somos frutos do que aprendemos.

No caso da pancadaria para "correção", era a coisa mais comum. Os educados mudaram muito. Ninguém bate num sujeito mais forte para "corrigi-lo". Mas bate no filho, que é frágil. Dois pesos e duas medidas. A raiva a um juiz, um patrão, um desafeto, não é aliada ao ato de tapas e pontapés, porque o sujeito mede consequências e evita o confronto. Já em casa o sujeito pode "corrigir" a mulher, os filhos e/ou quem é mais fraco e dele depende de alguma maneira.

Sempre denunciei à polícia (maioria de vezes ela nunca fez nada) os pais que via esspancando seus filhos. Ganhei inimizade com vizinhos e deixei de falar com pessoas porque batiam em seus filhos. Um dia um policial perguntou a um vizinho (religioso de carteirinha) se gostaria de apanhar para obedecer ordens. O vizinho disse que bateu no garoto de oito anos, seu sobrinho, porque estava na Bíblia. Era o caso da "cõrreção". Foi detido e fichado. Mas nada além disso.

Pais que batem têm que ser punidos. Os adolescentes, na fase média de transformação de animal em humano, deixam a vontade (animal) prevalecer sobre a razão (humano). E não se forma humanos com pancadas, com castigos e corretivos físicos ou psicológicos. Educar é difícil, mas é o preço que se paga para transformarmos o animal em humano. Sonhando que esse humano se torne pessoa. Tarefa que vem sendo feita há milênios e, mais amiúde, nos tempos modernos. Continuemos assim, então. Sem pancada, temos muito mais chances de termos um humano melhor.

Abraços,
Avelino Ferreira

Avelino Ferreira disse...

Cláudio,

Taí um artigo que vale a pena ser debatido. Não vamos chegar a lugar algum, mas vale a pena. O problema é que os seres humanos recusam-se a admitir que nascemos animais como quaisquer outros e tornamo-nos humanos pela cultura que, como sabemos, muda de povo para povo, de época para época e gera conhecimento que é acumulado e transformado devido a memória e a educação, que propicia o repasse do conhecimento adquirido. Com isso não há necessidade de se estar sempre começando do início. Já nascemos num mundo dado. A partir do que temos, avançamos buscando novas formas de proceder.

Alguém me ensina a comer com a mão, como com a mão. Alguém me ensina a usar talher, uso talher. Alguém me ensina a falar chinês, falo chinês. Alguém me ensina a falar português, falo português. Assim é com a limpeza, com os "modos" os mais variados. Há um tempo, casava-se por negociação ou promessa. Com 12, 13, 14 anos, a mulher. O rapaz, com 17, 18, 20 anos. Hoje, uma pessoa com 30 anos é "jovem".

O sexo era feito como os animais e a cópula era por trás. Os tempos mudaram e nasce o amor, as formas de amor e de sexo. Tudo cada vez menos animal e mais humano. Crianças aprendiam a matar os bichos por prazer com suas estilingues. Hoje, é crime prender um pásarro na gaiola. Somos frutos do que aprendemos.

No caso da pancadaria para "correção", era a coisa mais comum. Os educados mudaram muito. Ninguém bate num sujeito mais forte para "corrigi-lo". Mas bate no filho, que é frágil. Dois pesos e duas medidas. A raiva a um juiz, um patrão, um desafeto, não é aliada ao ato de tapas e pontapés, porque o sujeito mede consequências e evita o confronto. Já em casa o sujeito pode "corrigir" a mulher, os filhos e/ou quem é mais fraco e dele depende de alguma maneira.

Sempre denunciei à polícia (maioria de vezes ela nunca fez nada) os pais que via esspancando seus filhos. Ganhei inimizade com vizinhos e deixei de falar com pessoas porque batiam em seus filhos. Um dia um policial perguntou a um vizinho (religioso de carteirinha) se gostaria de apanhar para obedecer ordens. O vizinho disse que bateu no garoto de oito anos, seu sobrinho, porque estava na Bíblia. Era o caso da "cõrreção". Foi detido e fichado. Mas nada além disso.

Pais que batem têm que ser punidos. Os adolescentes, na fase média de transformação de animal em humano, deixam a vontade (animal) prevalecer sobre a razão (humano). E não se forma humanos com pancadas, com castigos e corretivos físicos ou psicológicos. Educar é difícil, mas é o preço que se paga para transformarmos o animal em humano. Sonhando que esse humano se torne pessoa. Tarefa que vem sendo feita há milênios e, mais amiúde, nos tempos modernos. Continuemos assim, então. Sem pancada, temos muito mais chances de termos um humano melhor.

Abraços,
Avelino Ferreira

Anônimo disse...

O texto de Avelino é um primor; parabéns!

Anônimo disse...

Parabéns Claudio, lindo texto, seu berço é de ouro e de paz, você é fruto de um grande e lindo amor.

Splanchnizomai abraçando o amanhã. disse...

E se der nocaute?

kkkkkkkkkkkkk

Anônimo disse...

Concordo com o Avelino.
Além do que, se pancadaria resolvesse e educasse não teríamos os presídios lotados.
Qto a ¨formação religiosa¨, além de impor seu credo aos filhos ser inconstitucional,estamos cansados de verificar as atrocidades em nome de Deus.

Anônimo disse...

Esse Avelino e esses outros que pensam como ele não sabem de nada. Estão jogando para a galera. Densde quando umas palmadas ou uns corretivos numa criança vão torná-las mais violentas ou não? Quase todos nós fomos criados dessa maneira e nem por isso nos tornamos uns revoltados na vida. A criação dos filhos é de responsabilidade dos pais, eles os educam da forma que mais acharem conveniente, se houver excesso, que cada um pague por ele de acordo com o seu ato, agora, criminalizar umas palmadinhas, isso é demais.

Anônimo disse...

Anonimo querer platéia?
Como assim?