FOLHA - Como o sr. avalia o desgaste das instituições oficiais, com a troca pública de acusações entre a Polícia Federal e a Abin? PAULO BROSSARD - Com apreensão e tristeza. Com apreensão, pois não posso entender como dois serviços públicos importantes entram em litígio. E com tristeza, porque qualquer que seja o resultado não será bom. FOLHA - O que mais o incomoda nesse caso? BROSSARD - Acho que não é possível que um órgão, como a Polícia Federal, e outro, como a Abin, entrem nesse bate-boca pelos jornais. FOLHA - Por que, na sua opinião, isso acontece? BROSSARD - Porque não existe uma autoridade do governo capaz de por ordem. É ausência de governo. É alguma coisa sem rumo. Li declarações de um ministro de Estado dizendo que o inquérito deveria ser refeito. Dias depois, não aconteceu nada. Quando é que se fala sério? FOLHA - O sr. entende que as provas obtidas pela Abin na Operação Satiagraha podem comprometer a investigação? Elas seriam provas ilícitas, contaminadas? BROSSARD - Não conheço muita coisa sobre o caso. Mas as provas devem ser licitamente obtidas. Se um órgão do governo recorre a processos ilícitos, onde estamos? Acho estranho que essa coisa se prolongue. O governo tem que ser respeitável. A legalidade foi contaminada no Brasil. FOLHA - Como o sr. vê as discussões públicas entre juízes? BROSSARD - Cada um deve cumprir o seu dever. FOLHA - Como o sr. avalia a decisão do Supremo de pedir ao Conselho Nacional de Justiça a instauração de um procedimento disciplinar em relação ao juiz Fausto De Sanctis? BROSSARD - O Conselho Nacional de Justiça deve cumprir estritamente suas atribuições. Deve cumprir plenamente suas atribuições. Não conheço caso a caso. FOLHA - O CNJ deve fazer só o controle administrativo do Judiciário? BROSSARD - O conselho tem poderes maiores. Sou muito cauteloso e falo em tese. Mas a autoridade, se têm determinada atribuição, deve exercê-la. FONTE- FOLHA DE SÃO PAULO. |
domingo, 23 de novembro de 2008
A CRISE NA FEDERAL SEGUNDO PAULO BROSSARD.
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