segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A sociedade e o Baile de Máscaras


Jornal Terceira Via



Acredito que a maioria das pessoas já esteve em um baile à fantasia. Os cuidados com os preparativos são minuciosos em uma luta ferrenha para se obter a máscara mais interessante.

Nesse tipo de festa, vive-se um mundo de sonhos onde tudo é possível. Não há preocupação com as opiniões alheias bem como com qualquer tipo de retenção moralista.

Em nosso cotidiano, a situação não é muito diferente. Para alguns, a vida é simplesmente um irresponsável baile de máscaras onde é mais conveniente tratar da coisa alheia e se proteger por trás do pudor doentio.

Assim é a sociedade. Os mascarados criam mundos diversos somente seus e só se igualam quando partem para a desqualificação do outro, baseados em históricos financeiro e familiar.

Na profissão, os mascarados desfilam com maus semblantes. Nesse meio, é difícil encontrar o mocinho até porque quem não é vilão perde o viés e consequentemente, é expulso do baile.

Nas amizades, as máscaras encontram, sem dúvida alguma, seu maior manancial. Nessa área, elas se diversificam. O que é descartável, em um passe de mágica, passa a ser relevante; o negro discriminado de antes torna-se um mulato jeitoso bem como a meretriz torna-se uma ‘garota de família’.

Eles podem perfeitamente ser pobres, ricos, homo afetivos, viciados, adúlteros, não importa! O que interessa é que usem suas máscaras; não para esconder seus traumas e problemas e sim, para não se misturarem com aqueles que sustentam um maléfico mundo irreal.

Sonhar não faz mal algum. Entretanto, não podemos nos alimentar de ilusões, pois os bens materiais somente são adquiridos com esforço e, no mundo dos que produzem verdadeiramente, não cabe a vida alheia nem mesmo buscar um culpado para nossos erros.

Ainda é possível andar sem máscaras. O viciado se trata; a relação infrutífera se desfaz e o sexo é tratado de forma expressa. Por via de consequência, a moldura desse pavoroso quadro de aparências sociais se desfaz, dando ao mundo mais clareza e autenticidade entre as pessoas.

Assim, quando quiserem ir a um baile à fantasia, escolham dentre as ilusórias máscaras, a mais real possível, pois só se sente confortável no mundo da ilusão aquele que sabe perfeitamente onde é a porta do mundo real.

Como disse, de forma sábia, o romancista Wyndham Lewis: “Se o mundo construísse apenas templos para as máquinas... então tudo seria perfeito”

Cláudio Andrade

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