Os últimos dias foram ‘quentes’ no que concerne a relação entre a classe médica e o poder público municipal. Uma relação corriqueira e perigosa ocorrida entre médico, acadêmico e paciente no PU de Guarus veio a público e tem feito com que muitos ‘cortem na própria carne’.
Desde já quero dizer que sou terminantemente contra um acadêmico clinicar no lugar do profissional de medicina. Entendo que sua ação limita-se em acompanhar e atuar mediante supervisão e não em substituição ao detentor da carteira do Conselho Regional de Medicina.
Por outro lado, a Prefeitura não deveria dar tratamento de escândalo ao fato, haja vista que isso sempre existiu em todo o país. Trata-se de uma ação de praxe perigosa e que põe em risco a vida de milhares de pessoas.
As alegações dos médicos de que recebem pouco, comem mal e descansam cada vez menos não é, nem poderia ser motivo para um ato de irresponsabilidade. A baixa remuneração alardeada pela classe médica é um problema recorrente em todas as outras atividades, logo não devemos associar um ato errôneo ao remuneratório percebido.
O desconforto com a alimentação é outra balela. Não acredito que a comida servida nos hospitais públicos seja maravilhosa, entretanto é bem melhor do que não ter o que comer. Lembrem-se que milhares de brasileiros pacientes economizam o jantar para garantirem o almoço.Outros param em vossas mãos devido a ausência de um mínimo nutricional.
O desgaste físico e mental oriundo do exercício profissional também não é desculpa se comparamos as outras profissões como à dos policiais militares e bombeiros que, de forma diária, colocam as suas vidas em risco para salvarem a de outros. Vale ressaltar que os bombeiros trazem novamente para a vida pessoas desacreditadas que serão atendidas por vocês muito tempo depois.
Contudo, a posição dos médicos do poder (Hirano, Chicão, Edson Batista, Madeira e Otávio Cabral) deve ser imparcial, mesmo sendo os mesmos agentes públicos. Não acho uma atitude louvável os mesmos ‘fecharem os olhos’ para os reclames de uma classe tão importante para os munícipes. Digo isso, pois o cargo passa, mas a profissão permanece.
Vale informar ainda, que um dano causado ao paciente devido ao atendimento por quem não possui competência, gera ação de resposabilidade civil objetiva na forma solidária, em face do médico e do poder público.
Vale informar ainda, que um dano causado ao paciente devido ao atendimento por quem não possui competência, gera ação de resposabilidade civil objetiva na forma solidária, em face do médico e do poder público.
Por fim, ao meu sentir, a atitude da Prefeita Rosinha foi correta, haja visto que há necessidade de darmos uma resposta à sociedade acerca dos acontecimentos que ocorrem em uma área tão sensível como a saúde.
Cláudio Andrade |
6 comentários:
É muito fácil falar do médico,criticar , relatativizar salário , acomodação ,alimentação e até mesmo segurança, o dificíl é exercer a medicina sem as mínimas condições de trabalho; não estou apoiando irresponsabilidades médicas, pois isto , ocorre em qualquer profissão. Não devemos de forma alguma tratar de um assunto desta relevância de forma tão superficial e comparando com outras profissõesn nivelando por baixo, pois lidar com ser humano como um todo ,levando em consideração o fisico , o mental e o social não é fácil.É de suma importância trazer este assunto ao debate, este blog está abrindo grande espaço, parabéns!
Dr. Claudio, brilhante comentário/artigo seu sobre: MÉDICOS, SALÁRIOS E RESPONSABILIDADE. Sabemos de todos os paradigmas que acentuam a relação médico/paciente/poder público mas,nada se justifica o péssimo tratamento que muitos profissionais lidam com seres humanos.
Seu texto que transcrevo simplifica o cerne da questão:
..."Por fim, ao meu sentir, a atitude da Prefeita Rosinha foi correta, haja vistO que há necessidade de darmos uma resposta à sociedade acerca dos acontecimentos que ocorrem em uma área tão sensível como a saúde."
Creia Dr. Claudio, a situação é tão séria que nesses dias, um paciente foi atendido no PU da Saldanha Marinho, com uma indisposição, um mal estar generalizado. Eram mais ou menos 11 horas, foi remetido para casa para se curar de toda angústia, às 14 horas, estava morto. Será que o referido médico tomou ciência do caso? Com certeza, não..., Mecanicamente atende a "mil" por hora e quantifica seu trabalho com exaustão e descompromisso. Parabéns, Dr.Claudio, ao abrir o espaço para um questionamento tão sério.
Engraçado, estão querendo desmoralizar os médicos, médico não é adivinha, médico não tem super poderes, estão generalizando , pilantra tem em todas profissões : NA POLITICA, ADVOGADOS. ETC agora achar que o que acontece na relação prefeitura funcionários é normal ta de bricadeira.Querer culpar os médicos pela bagunça que está a prefeitura , faltando tudo é demais, pq os médicos não param e mandam a prefeita ir atender os pacientes ao invés de ficar jogando cartas até tarde .
ANÔNIMO
Outro lugar chinfrim para ser atendido em Campos é um hospital perto de um shopping. Há pouco tempo fui parar lá com tosse, dificuldade de repirar, febre e dor... O tal "médico" (que depois descobri que era estagiário) que me atendeu disse que eu não tinha nada e mandou embora pra casa pois meus pulmões estavam limpos. Continuei passando mal e depois fui para a Unimed. Lá, atendida por um médico de verdade, descobri que o que eu tinha era uma crise alérgica. O incompetente do estagiário esqueceu de examinar a minha face com raio X...
Enfim, agora se vejo que o médico é novo, espero chegar um com cabelos brancos, pois pode ser só um estagiário com o carimbo de um médico desonesto, né!
cLÁUDIO
Obs: editei o texto do anônimo, no que concerne ao nome do hospital, pois há citação desabonadora e infelizmente não posso arcar com possíveis ações indenizatórias.
Seu comentário foi muito oportuno, pois se alguem tem dúvida de que isso aconteça, dá uma chegadinha no Ferreira Machado,lá pelas 2horas da manhã, e vai ter uma ingrata surpresa de ver médicos conhecidos e renomados da cidade, que deveriam estar em seus plantões em casa descansando, e acadêmicos trabalhando nos lugares deles. Isso é no mínimo irresponsabilidade e falta de compromisso com a profissão. Se acham que não está bom, que estão ganhando pouco, não problema de quem precisa de ir a uma emergência, é problema de cada um. Imagina se o motorista de ônibus estiver insatisfeito e resolver bater com o veículo por isso ? Infelizmente só vem confirmar o boato que circula de que existe mesmo uma máfia no meio médico de Campos. Graças a Deus que ainda há ótimos Médicos na cidade. ( Falo isso com conhecimento de causa, tenho algumas amigas que trabalham no Ferreira Machado, e passam muito aperto, tendo que ligar para a casa de médico de madrugada, para atender paciente grave).
Ao comentarista das 18:30 só tenho a elogiar o seu comentário.Como da área de saúde posso endossar suas palavras não foi uma e nem mais vezes que tive que ligar para celulares e casas dos doutores( muitas vezes desligados) afirmando que havia no Ferreira pacientes em estado grave e que necessitavam de seus serviços profissionais. A madrugada no Ferreira é uma vergonha nessa área. Muitos doutores no plantão roncam e até sonham.Não tem jeito. Vem Sindicato e coloca nota oficial para mostrar que os doutores são os mais capacitados do mundo.
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