quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O EXÉRCITO DE UM HOMEM SÓ.

Não sou petista, mas confesso que não esperava uma atitude tão vergonhosa de Mercadante. Não estou surpreso, mas não acreditava que a desistência seria tão rápida.

A carta lacrimejante de Lula, implorando o fico de Mercadante, é digna de repúdio. Mercadante realiza o mesmo que todos os demais líderes de bancada. São todos porta-vozes de seus ‘patrões’.

Concordo que em certos momentos, o pedido é tão indecente que até o mais fiel dos ‘cães’ pensa duas vezes em obedecer ao seu dono. Mesmo assim, acaba lembrando-se do ‘osso’ e inicia o velho e bom latido de capachismo.

O ‘dia do fico’ de Mercadante é mais uma mácula na história do Senado Federal. Melhor se houvesse a possibilidade de retirar dos anais da casa o discurso de serviçal do senhor Mercadante; afinal, tantas outras coisas já foram retiradas. Quem não se lembra do sonoro e recente “coronel de m......” do Senador Renan Calheiros?

O diretor de cinema Guilherme Fiúza foi muito feliz na seguinte fala: “o senador Aloísio Mercadante está nas manchetes por engano”. Segundo ele, quem renuncia ou deixa de renunciar a um poder que não tem não é notícia.

O PT morreu. O Presidente Lula sobrevive com o apoio de um eleitorado, concentrado em sua maioria, no norte e nordeste do Brasil, onde muitos sequer tomam conhecimento das mazelas do Congresso. São nos Estados dessas regiões que Lula sobe nos palanques e, de improviso, relata feitos que segundo ele, nunca foram realizados por outros governantes. No quesito sinismo institucional, vale destacar que a maioria das obras do PAC é realizada em parceria com estados e municípios. Por acaso, na propaganda oficial, alguma vez isso foi dito? Quando Dilma (aquela que não esteve com a Dona Lina) fala: “estamos investindo tantas cifras no PAC”, ela presta o devido crédito aos demais entes? Nunca assisti a isso.

O Governo Lula é, de forma reconhecida, muito melhor do que o antecessor. No que tange aos escândalos e absolvições plenárias, não há diferença. Por outro lado, no quesito ‘dane-se a moralidade’, o governo petista é imbatível.

Ao meu sentir, existe por grande parte dos petistas, um descaso com a opinião pública. Parece-me que todas as mazelas que vêm a público são consideradas pelos governantes petistas, notícias passageiras.

Em uma fase em que o PT ainda era o admirável PT, ícones como Eduardo Suplicy eram patrimônios do Partido. Agora, de ‘joelhos’ à governabilidade, gerenciada por um senhor de engenho de nome Sarney que, no passado, Lula chamava de “ladrão” e “corrupto”, o ex-PT nega aos ex-ídolos o direto à respeitabilidade.

A obrigação de prestar esclarecimentos acerca da coisa pública incomoda e irrita. O semblante de um petista defendendo o governo na Tribuna é fechado, desconfortável e a cada dia mais constrangedor. O PT dos sonhos se foi e hoje, temos um partido real, personalista e repleto de defeitos: um verdadeiro exército de um homem só.

Cláudio Andrade.

Artigo de minha autoria publicado no Jornal O Diário de hoje.

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