sábado, 9 de maio de 2009

O CAIXA DOIS DE YEDA CRUSIUS...





Como era a relação de Marcelo Cavalcante com Yeda Crusius?
Era assim: na campanha ela ligava para ele a todo instante e pedia: "Marcelinho, precisamos arranjar R$ 10 mil para isso e aquilo". E ele arranjava.

- Era ele, então, quem coletava doações?
Se havia um dinheiro para receber, Marcelo pegava e entregava a Carlos Crusius [marido da governadora]. No começo [da campanha], tinha de convencer as pessoas a colaborar. Quando Yeda começou a subir nas pesquisas, ficou mais fácil [...]. Só que esse dinheiro não entrava para o caixa.

- Ia para onde?
Olha, entre o fim do segundo turno eleitoral e a semana posterior à eleição, Marcelo recebeu R$ 400 mil de dois fabricantes de cigarro, R$ 200 mil de cada um. Ambos pediram para que a verba não fosse entregue oficialmente. Então, foi para o caixa dois.

- Marcelo falava em caixa dois?
Até do caixa dois do caixa dois. Marcelo deu os R$ 400 mil reais a Carlos Crusius no comitê da campanha. Crusius agradeceu e foi para uma sala mais reservada, enquanto Marcelo conversava com fornecedores que esperavam para receber o dinheiro que lhes deviam. Aí, Crusius apareceu e disse: "Quero me desculpar. Não conseguimos o dinheiro. Vamos precisar de mais um prazo. Espero sua compreensão".

- Como Marcelo reagiu?
Foi tirar satisfações com Crusius. Ele sempre me repetia essa história. Contava que disse a Crusius: "Como não tem dinheiro? Entreguei na sua mão". Marcelo acreditava que Crusius escondia tudo da governadora. Mas ela justificou a história. Chegou e disse: "Marcelinho, Crusius quer pagar uma dívida antiga nossa que está apertando a gente e, se sair na mídia, não vai ser bom". Marcelo se indagava sobre que dívida era aquela. Ele, que cuidava das finanças dela, não conhecia essa dívida.

- O que foi feito dos R$ 400 mil?
Passado algum tempo, Crusius finalizou a compra de uma casa. Pelo que o Marcelo contava, usou os R$ 400 mil nisso.

- A casa da governadora?
É [...].

- Quem gravou esses áudios?
[...] Lair Ferst. Ele ajudou Marcelo a arrecadar dinheiro. Entre 2006 e 2007, eles se encontraram diversas vezes. Em novembro, Lair contou a Marcelo que tinha gravado todos esses diálogos e que ia entregá-los à Justiça.

- Marcelo avisou o governo Yeda?
Sim. Sugeriu que fizessem um acordo com Lair [...].

- A senhora ouviu as gravações?
Ouvi. São conversas em barzinhos. Em janeiro, Marcelo foi procurado pela Justiça para confirmar se a voz nas gravações era dele e se tudo aquilo que ele dizia nelas era verdade. Estava com depoimento marcado entre a semana do Carnaval e a seguinte, mas morreu antes disso...

- Marcelo lhe disse que iria confirmar que a voz das gravações era dele?
Sim.


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