As primeiras lembranças que guardo de Rodrigo Quitete datam da adolescência e dos verões passados nas praias sanjo-anenses. Éramos de gerações próximas, porém diferentes em alguns anos. E um ano que seja, nessa época, é uma diferença e tanto.
Com carro esportivo de último tipo e som potente, aliados ao bom papo, Rodrigo fazia sucesso. Cedo ele já mostrava duas de suas grandes paixões: carros e sons automotivos.
Foi num destes verões que cruzei de perto com Rodrigo pela primeira vez. Corria o ano de 1988, época em que os times do Rio disputavam o título brasileiro e não quem lutaria contra o rebaixamento à 2ª divisão, e três times cariocas chegaram às quartas-de-final do Campeonato Brasileiro: Flamengo, Fluminense e Vasco.
No estranho calendário daquele ano as finais do Brasileiro aconteciam em pleno verão. Os cruzamentos previam Fluminense X Vasco e Flamengo X Grêmio. O meu tricolor eliminou o Vasco, melhor time do campeonato, em dois jogos decisivos, com direito à prorrogação. Bons tempos em que o Vasco era freguês.
Já o Flamengo caiu diante do Grêmio, em pleno Maracanã, com um gol de Cuca de cabeça. As semifinais seriam disputadas depois do intervalo para o Carnaval.
Para a saudável gozação diante dos flamenguistas, no sábado de Carnaval arrumei uma camisa do Grêmio e fui para frente do clube de Ata-fona. No caminho, passei por Rodrigo, rubro-negro fanático e ainda de cabeça inchada, que me olhou com cara de poucos amigos, com justa razão.
Ali surgiu uma primeira impressão ruim para ambos. O Fluminense ainda acabaria caindo para o Bahia, nas semifinais, que se sagraria campeão brasileiro daquele ano.
Depois fui fazer faculdade e morar no Rio, ficando muito tempo sem ver Rodrigo. Nos reencontraríamos somente em 1998, praticamente 10 anos depois, na tradicional pelada das sextas-feiras do Tênis Clube que passei a freqüentar.
No convívio da pelada, da cerveja e do churrasco do pós-jogo, conheci realmente Quitete. Apesar do seu tamanho e porte físico, ele era um cara afável e da paz, avesso a brigas e confusões. Coração puro!
Com o seu jeito família, Quitete era o principal organiza-dor dos churrascos que invadiam a noite de sexta e repunham, na maioria das vezes com um agradável excesso, as calorias perdidas no futebol.
Certa vez fomos, com as famílias, à fazenda de Alvinho, também do grupo da pelada do Tênis, no Imbé, passar o dia. Por causa do difícil acesso, fui com a caminhonete do meu irmão.
Quando retornamos, quase de noite, a caminhonete deu uma pane seca e parou, não querendo pegar mais, em plena estrada de terra. Quitete e outro amigo, Hamilton, pararam e me socorreram, rebocando o carro para a BR-101 e depois aguardando a chegada do reboque, o que levou horas. Rodrigo era amigo dos amigos, nas horas difíceis.
Com o declínio do clube, a pelada do Tênis acabou. Aquele grupo acabou se dispersando e perdi um pouco o contato com Quitete. Lembro de duas passagens marcantes, quando vimos juntos na madrugada o jogo Brasil X Inglaterra pela Copa de 2002, na casa dele, e um Fla X Flu no Boi Zebu, onde o Flamengo enfiou 5 a 2. O encontrei ainda algumas vezes, no dia-a-dia, sempre com o seu traje preferido: boné, bermuda e sandália de dedo.
Há aproximadamente um mês Quitete apareceu na pelada onde jogo às quartas e jogamos futebol juntos. Foi a última vez que o vi. Domingo, no final do dia, recebi a trágica notícia de sua morte.
Não existe explicação, nem motivo para tamanha brutalidade, covardia e violência. Violência, aliás, que infelizmente é comum na periferia de nossa cidade e que caminha a passos largos para a área nobre, sob o olhar espectador de nossas autoridades.
Pouco depois de receber a notícia, acompanhei, com a cabeça longe, o jogo Flamengo X Botafogo. O Flamengo venceu e, contrariando os mandamentos do bom tricolor, fiquei feliz. Por Quitete.
ARTIGO DE CRISTIANO ABREU BARBOSA.
5 comentários:
caro claudio,se quizer fazer esse comentário,e dar á palavra aos internautas pode fazer!perdoa-me comentar um assunto totalmente diferente do por você postado,sou contratado,mais estou aprovado nos concurso do hgg e ferreira machado,como motorista e soube que não serei mais reeadimitido como contratado,e te faço uma pergunta se você puder me orientar responda-me,se nós aprovados nesses concursos não poderiamos sermos aproveitado agora nessa necessidades só falam em abrir concurso mas não pensam em quem já está aprovado sei que tem muitos motoritas contratados e te pergunto porque não nos chamar uma vez que a juiza já autorizou a nomear quem ainda não tomaram posse,cara por favor se puder responda-me e me dar uma luz,desde já agradeço.fique na paz do nosso SENHOR! EDMILSON SANTOS DE LIMA
QUITETE VC NÃO MERECIA ISSO!
CRISTIANO, ACOMPANHEI O ENTERRO DO NOSSO AMIGO E CCONSEGUI9 CONTER O CHORO MAS AO LER SEU ARTIGO E RELEMBRAR MOMENTOS PARECIDOS POR MIM CONVIVIDOS COM RODRIGO NÃO ME CONTIVE E FUI ÀS LÁGRIMAS.
SEU ARTIGO SÓ REFORÇA MEU SENTIMENTO EM RELAÇÃO A PESSOA DE RODRIGO, COMO UMA CARO BOM, "AMIGO DOS AMIGOS", POIS SEMPRE TIVE ESSA IMPRESSÃO POR VC CORROBORADA NESTE MOMENTO.
CLÁUDIO! ESTIVEMOS JUNTOS NO ENTERRO DO NOSSO AMIGO E LÁ COMENTEI COM VC SOBRE O BLOG DIZENDO A VC O QUE HOJE RATIFICO "VOCÊ TEM SIDO MUITO SENSATO EM SEUS POSTS E COMENTÁRIOS. MUITO SENSATO!"
ABRAÇOS A CRISTIANO, CLÁUDIO E QUITETE (IN MEMORIAM)!
Eu gostaria de externar minha profunda indignação com a segurança pública no nosso município, parece que nossos governantes estão mais preoocupados em garantir seu futuro financeiro nestes dois últimos meses de governo. Enfrentamos um verdadeiro caos em nossa cidade, sob todos os ângulos. Vejo que os lugares mais movimentados durante o dia passam a ser os lugares mais abandonados durante o período noturno, como podemos constatar a pracinha do Liceu,palco de um crime bárbaro no sábado passado, que culminou com a morte de Rodrigo Quitete, deixo aqui o meu protesto, e me comprometo diante de todos, a levar esse tema a Ordem dos Advogados Do Brasil,ínstituição que faço parte, como conselheiro, para que junto com a nossa futura Prefeita Rosinha possa encontrar uma forma de trazer a todos os cidadãos campistas a tranquilidade e a paz que reinava em nosso município.
Querido Cláudio...
Estou aqui hoje pq fiquei muito emocionado com a postagem q fez a respeito do nosso querido Rodrigo Quitete.
Eu conheci o Rodrigo em 2002, e tive pouco tempo de contato com ele, mas, pelo pouco tempo, tive a oportunidade de conhecer a pessoa maravilhosa q ele era.
Conheci de perto o amor q ele tinha pelo seu filho e pelas pessoas q o cercavam.
Por duas vezes tive a oportunidade de levar com ele pessoas humildes ao hospital, ajudei algumas vezes a fazer gestos simples de humanidade coisa q o coração dele era tão rico.
Talvez muitas pessoas não tenha tido a oportunidade q eu tive de conhecê-lo.
Hoje estou muito triste e mesmo depois de uma semana desse trágico acontecimento ainda não caiu a ficha.
Gostaria muito de fazer uma visita a mãe dele e dar um abraço bem apertado a ela , pois só assim estaria com meu coração acalentado.
Sofro , pois perdi uma das pessoas mais maravilhosa q já conheci em toda a minha vida...
RODRIGO QUITETE...TE AMO!
Cláudio me desculpa e ao mesmo tempo obrigada por me deixar expor todos os meus sentimentos por uma pessoa tão especial tanto pra mim qto pra vc,,obrigada!
FLÁVIA.
Olá Claúdio ...
Muito Obrigado pela Postagem que Fez Pelo meu Pai , Eu sou o Breno Meireles Quitete Azevedo Cruz , faz 3 anos que ele se foi ainda sinto muito a falta dele , nas peladas com os amigos que ele ia e me levava , eu queria muito que ele estivesse conosco pra me levar nestas peladas , pois naaquela época não jogava direito , hoje tenho tamanho pra jogar , acho que ele não merecia esta covardia, até hoje o Meu Irmão Rick sente muita falta dele , eu fico emocionado , eu tinha feito uma pergunta a Rick : Se podesse fazer um pedido qual fosse qual seria ?
E Rick Respondeu : Que Papai estivesse conosco .
Chorei bastante pois o Rick e Minha Avó Diana são tudo para mim , agradeços a Amigos e Familiares por tudo que tem feito a o meu grande PAI RODRIGO QUITETE ...
Obrigado Cláudio e amigos
BRENO E FAMÍLIA.
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