Jornal Terceira Via
"Em se tratando de política, um céu estrelado nunca foi prenúncio de um dia de sol"
A composição da Câmara dos Vereadores de Campos para os próximos quatro
anos poderá sofrer várias alterações em sua formação, sendo todas na
base de apoio da Prefeita reeleita (sub judice) Rosinha Garotinho
(PR/RJ).
Para os que não sabem, no último pleito, vários secretários municipais
foram eleitos, inclusive os detentores de importantes pastas da atual
gestão, como Paulo Hirano (Saúde), Fábio Ribeiro (Administração) e Mauro
Silva (Governo).
Por outro lado, outros nomes importantes, no grupo político liderado
pelo casal de ex-governadores, não conseguiram obter êxito. Como
exemplo, os atuais vereadores Kellinho e Altamir Bárbara. Isso faz com
que surjam várias hipóteses de alteração na futura composição da Câmara,
o que causa considerável insegurança no eleitor votante e que espera
dos eleitos o exercício pleno de seus mandatos conferidos por vontade
popular.
Na prática, o Sistema não funciona dessa forma. As coligações
organizadas, no período pré-eleitoral, servem para dar musculatura ao
candidato que concorre ao Executivo. Mas também, salvo poucas exceções,
vinculam os eleitos aos arranjos políticos que surgem após a eleição.
A influência dos líderes políticos dessas coligações, nos cargos
exercidos pelos vereadores, faz parte da história de nosso país e é
visto por muitos como um fato normal. Para os que concordam com essa
tese, o mandato não foi conquistado de forma unilateral pelo candidato. A
sua eleição se deve a uma base política, sendo seu nome escolhido por
meio de uma estrutura de poder organizada para lhe conceder os votos
necessários para a vitória nas urnas. Partindo desse princípio, vencer a
eleição e abrir mão do mandato em benefício de um suplente, em
obediência às ordens do respectivo chefe político, é perfeitamente
aceitável.
Porém, nem todos os eleitos concordam com essa máxima. Vários deles
reconhecem os benefícios de estarem inseridos em uma estrutura política
organizacional forte. Todavia, entendem que o seu trabalho, enquanto
candidato, deve ser respeitado e recompensado. O mandato a ele conferido
pelos munícipes lhes pertence de fato e de direito. Neste passo,
incabível o aluguel político.
Não restam dúvidas de que, em Campos dos Goytacazes e em outros
municípios do Brasil, a independência no exercício do cargo de vereador
será o primeiro obstáculo que os nobres edis terão que superar. Com
certeza, a tarefa é árdua e, dependendo das imposições apresentadas pelo
respectivo grupo político que elegeu o candidato, as alianças
pretéritas podem se esvair em um futuro bem próximo.
Quando a influência política não é suficiente para que o xadrez
político seja alterado, outras táticas são utilizadas. Uma das mais
tentadoras é o oferecimento de secretarias municipais aos vereadores
eleitos. Em nosso município, vários secretários já deixaram o cargo para
serem eleitos a deputado; -Wilson Cabral-estadual e Alcione
Athayde-federal. Além disso, importante lembrar que dois prefeitos de
nosso município também já ocuparam a pasta (Alexandre Mocaiber e
Arnaldo Vianna).
Assim, o convite para deixar o exercício do mandato e ocupar uma
Secretaria, dependendo da estrutura oferecida, não é uma opção a ser
descartada. Isso porque, além do cargo, o vereador poderá indicar à
nomeação uma série de nomes que fortalecerão suas gestões à frente das
respectivas Secretarias.
Apesar de as eleições terem terminado, na maior parte dos municípios
brasileiros, não há a certeza se os eleitos exercerão seus mandatos. Em
se tratando de política, um céu estrelado nunca foi prenúncio de um dia
de sol.
Infelizmente, não obstante o término da eleição, o cenário político de
nosso município ainda não se faz definido. O eleitor já não tem sequer a
segurança de quem foi o beneficiado por seu voto. Lamentável!
Cláudio Andrade
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