terça-feira, 23 de outubro de 2012

À sombra dos suplentes

Jornal Terceira Via

"Em se tratando de política, um céu estrelado nunca foi prenúncio de um dia de sol"

 

A composição da Câmara dos Vereadores de Campos para os próximos quatro anos poderá sofrer várias alterações em sua formação, sendo todas na base de apoio da Prefeita reeleita (sub judice) Rosinha Garotinho (PR/RJ).
 
Para os que não sabem, no último pleito, vários secretários municipais foram eleitos, inclusive os detentores de importantes pastas da atual gestão, como Paulo Hirano (Saúde), Fábio Ribeiro (Administração) e Mauro Silva (Governo).
 
Por outro lado, outros nomes importantes, no grupo político liderado pelo casal de ex-governadores, não conseguiram obter êxito. Como exemplo, os atuais vereadores Kellinho e Altamir Bárbara. Isso faz com que surjam várias hipóteses de alteração na futura composição da Câmara, o que causa considerável insegurança no eleitor votante e que espera dos eleitos o exercício pleno de seus mandatos conferidos por vontade popular.
 
Na prática, o Sistema não funciona dessa forma. As coligações organizadas, no período pré-eleitoral, servem para dar musculatura ao candidato que concorre ao Executivo. Mas também, salvo poucas exceções, vinculam os eleitos aos arranjos políticos que surgem após a eleição.
 
A influência dos líderes políticos dessas coligações, nos cargos exercidos pelos vereadores, faz parte da história de nosso país e é visto por muitos como um fato normal.  Para os que concordam com essa tese, o mandato não foi conquistado de forma unilateral pelo candidato. A sua eleição se deve a uma base política, sendo seu nome escolhido por meio de uma estrutura de poder organizada para lhe conceder os votos necessários para a vitória nas urnas. Partindo desse princípio, vencer a eleição e abrir mão do mandato em benefício de um suplente, em obediência às ordens do respectivo chefe político, é perfeitamente aceitável.  
 
Porém, nem todos os eleitos concordam com essa máxima. Vários deles reconhecem os benefícios de estarem inseridos em uma estrutura política organizacional forte. Todavia, entendem que o seu trabalho, enquanto candidato, deve ser respeitado e recompensado. O mandato a ele conferido pelos munícipes lhes pertence de fato e de direito. Neste passo, incabível o aluguel político.
 
Não restam dúvidas de que, em Campos dos Goytacazes e em outros municípios do Brasil, a independência no exercício do cargo de vereador será o primeiro obstáculo que os nobres edis terão que superar. Com certeza, a tarefa é árdua e, dependendo das imposições apresentadas pelo respectivo grupo político que elegeu o candidato, as alianças pretéritas podem se esvair em um futuro bem próximo.
 
Quando a influência política não é suficiente para que o xadrez político seja alterado, outras táticas são utilizadas. Uma das mais tentadoras é o oferecimento de secretarias municipais aos vereadores eleitos. Em nosso município, vários secretários já deixaram o cargo para serem eleitos a deputado; -Wilson Cabral-estadual e Alcione Athayde-federal. Além disso, importante lembrar que dois prefeitos de nosso município também já ocuparam a  pasta (Alexandre Mocaiber e Arnaldo Vianna).
 
Assim, o convite para deixar o exercício do mandato e ocupar uma Secretaria, dependendo da estrutura oferecida, não é uma opção a ser descartada. Isso porque, além do cargo, o vereador poderá indicar à nomeação uma série de nomes que fortalecerão suas gestões à frente das respectivas Secretarias.
 
Apesar de as eleições terem terminado, na maior parte dos municípios brasileiros, não há a certeza se os eleitos exercerão seus mandatos. Em se tratando de política, um céu estrelado nunca foi prenúncio de um dia de sol.  
 
Infelizmente, não obstante o término da eleição, o cenário político de nosso município ainda não se faz definido.  O eleitor já não tem sequer a segurança de quem foi o beneficiado por seu voto. Lamentável!   

Cláudio Andrade
 

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