Diálogos interceptados pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, revelam que o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) também negociava com a organização comandada pelo contraventor Carlos Alberto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O tucano, segundo as investigações, recebeu depósitos bancários e bens - inclusive imóveis - obtidos com atividades ilícitas.
Leréia é aliado do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e, a exemplo do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), também usava um telefone da marca Nextel, habilitado nos Estados Unidos, cedido por Cachoeira para dificultar grampos nas comunicações do grupo.
Ele é um dos seis parlamentares relacionados até agora como alvos do inquérito criminal aberto no Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria-Geral da República. Os outros são os deputados Jovair Arantes (PTB), Rubens Otoni (PT) e Sandes Júnior (PP), todos de Goiás, além de Stepan Nercessian (PPS-RJ), que confirmou ter recebido R$ 175 mil de Cachoeira, segundo a edição de ontem do jornal Folha de S. Paulo. Ainda ontem Stepan pediu, por meio de nota, licença temporária do PPS e de todos os cargos e funções que ocupa no partido.
As informações são do Portal IG.
2 comentários:
DO LADO DE CÁ, QUEM GOSTA MUITO DE FALAR,RESOLVER PROBLEMAS E PEQUENAS BRAVATAS AO TELEFONE É O NOSSO PRESIDENTE DOS 22 LOCAIS.
O caso Demóstenes e o 'homem-bomba'
As gravações realizadas pela Polícia Federal, das conversas entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres, são motivos suficientes para enquadrar o político goiano na legislação penal brasileira e convertê-lo em réu por práticas criminosas no exercício do mandato. É claro que ao acusado deve-se conceder o direito de defesa e o devido processo legal, mesmo que os indícios apresentados pela peça policial não coloquem qualquer dúvida sobre o desempenho do senador com tratativas fora-da-lei, em cumplicidade com um contraventor contumaz e figura conhecida do meio político.
A expressão “eu não sou mais o Demóstenes”, dita pelo próprio senador, dá a entender que Demóstenes não era um só, mas dois: um deles era aquele que subia à tribuna do Senado Federal e atacava o governo federal pela complacência com a corrupção nos ministérios; o outro era o delinquente que, em associação com um bicheiro, trafegava descaradamente pelos escaninhos da República transacionando facilidades para o seu cúmplice. O político goiano cairá sozinho e provavelmente os garçons do Senado nem mais estão lhe servindo o cafezinho e os porteiros mal o cumprimentam.
Os senadores José Sarney e Renan Calheiros, “dois grandes republicanos”, que foram alvos do “moralismo de araque” de Demóstenes, não moverão uma palha para livrar o desafeto da cassação e da perda dos direitos políticos. O DEM, que ainda não se recuperou da lambança promovida pelo ex-governador do Distrito Federal - José Roberto Arruda – entende que a melhor saída para Demóstenes será a de abandonar o partido por conta própria. Ou, caso contrário, optar pela saída humilhante: a expulsão sumária. Demóstenes entrou em processo de depressão, que será agudizado com novas revelações, agora sobre conversas entre a sua mulher e o bicheiro Carlinhos Cachoeira, envolvendo outros políticos e um ministro do STF.
A casa dos horrores que ainda não curou as cicatrizes com a renúncia de Renan Calheiros da presidência e as graves denúncias contra José Sarney, enfrenta uma nova crise com o “caso Demóstenes”, que não se esgota com a cassação do mandato e com o afastamento do senador goiano da vida pública.
Carlinhos Cachoeira é nitroglicerina pura, um verdadeiro arquivo sobre o que rola de sujeira pelos meandros da política brasileira. As farmácias de Brasília acusam o crescimento do consumo de antidepressivos.
Um famoso advogado e ex-ministro do governo petista foi chamado às pressas para tentar estancar novas revelações que possam comprometer outros “ilustres” republicanos. Esforços estão sendo promovidos para que Carlinhos Cachoeira não abra as comportas. Caso acorde com a justiça a delação premiada, Cachoeira vai arrebentar com a República, inclusive atingindo pessoas de outros poderes .
(*)Nilson Borges Filho é doutor em Direito, professor e articulista.
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