sábado, 22 de maio de 2010

SINDICATO DOS MÉDICOS RESPONDE AO ARTIGO DE PROMOTOR

                 O ilustre funcionário da justiça parece já ter uma opinião formada sobre o assunto! Ainda bem que ele não é o juiz.
                O assunto é complexo e é tratado em diversos documentos legais que vão desde diretrizes do MEC sobre a formação médica, a lei 8080 que criou o SUS, os códigos de ética, resoluções e pareceres dos conselhos de medicina etc. Recomendo uma leitura desapaixonada dos mesmos.
                A cada dia são incorporados novos recursos e maneiras de se atuar na medicina. Daí a implantação do novo código de ética médica que trata entre outros assuntos da medicina virtual. Novamente recomendo leitura!
                O médico para diagnosticar utiliza o seu conhecimento científico e suas habilidades cognitivas (arte) que envolvem desde a percepção do ambiente, do cenário, os sons, os cheiros, a linguagem corporal, a voz e seus variados timbres, o conteúdo emocional e afetivo etc. Dentro dessa visão, um estudante de medicina teria que ser suprimido de todos os seus sentidos para não ser acusado do exercício ilegal da medicina.    A medicina só pode ser ensinada aos estudantes de medicina. Está escrito nos códigos. Leiam mais, procurem conhecer antes de julgar! É direito e dever do médico ensinar medicina ao estudante de medicina.
                 A nossa indignação em relação ao ocorrido no PU Guarús deve-se ao fato de ter sido um flagrante armado, sobre uma situação conhecida, já que todos sabiam que o interno estava atuando no local há vários plantões. O diretor do posto sabia, o presidente da fundação João Barcelos Martins sabia, a prefeita sabia como sabiam da presença e atuação dos acadêmicos no pronto socorro do Hospital Ferreira Machado.
                 Se não queriam, bastava proibir ou regulamentar! Só não podiam fingir que não sabiam!  A regulamentação só surgiu depois da denuncia!
                No dia seguinte fomos ao PS do HFM certos de que lá não haveria nenhum acadêmico atuando, pois a prefeita anunciara uma resolução (que não havia, ainda, sido publicada) e manifestara-se contra a presença dos estudantes. Todos os acadêmicos estavam lá! Continuaram atuando mesmo depois da publicação da resolução e só deixaram de ir quando realizaram uma manifestação, com paralisação por uma semana e foram retaliados com a proibição do seu retorno.
                A prefeita e seus subordinados poderiam ter publicado a portaria de normatização e proibido a presença dos acadêmicos até a sua adequação sem produzir nenhum factoide e sem tentar criminalizar a atuação de um acadêmico-interno em um caso de baixa complexidade como, covardemente, fizeram. Um papelão! Acreditar no factoide é falta de insight, de  intuição! É demorar para entender a piada. De péssimo gosto, por sinal!
                Corporativismo é o cacete! A medicina é  profissão milenar, anterior aos códigos e já é citada no Código de Hamurabi, o primeiro código de leis conhecido.  Enfermagem, Fisioterapia, Psicologia, Nutrição são profissões recentes com menos de 200 anos, todas elas com sua legislação e área de atuação bem definida. Não são médicos. O que fazem não é medicina. Que a população e eles mesmos não se enganem.
                Não se torna médico de um dia para o outro, o desenvolvimento das habilidades, entre elas a autonomia, só se consegue praticando e acumulando experiências, pouco a pouco se soltando dos seus mestres. Só o estudante de medicina pode ser médico, só a ele pode ser ensinada a arte da medicina! A nenhum outro! Pensem! Leiam!
                O ilustre funcionário da justiça deveria também se manifestar sobre fatos mais relevantes para a população como o não funcionamento do PSF, apesar de decisão judicial. Superlotação nos postos de Urgência. Falta de vagas hospitalares e, principalmente, de Terapia Intensiva. Concursados aguardando convocação. Impossibilidade de contratação de médicos, inclusive pediatras, pela FJBM devido a um TAC enquanto outros setores da saúde e da prefeitura contratam sem concurso e com salários mais altos, como é o caso do Emergência em Casa.Conflitos de interesses não declarados. Programas terceirizados como o Saúde em Casa, obras não concluídas, duplicação da Br 101, obras do Cepop e tantos outros nas diversas secretarias da PMCG e que são de conhecimento geral.
                 Concurso público, contratações emergenciais ou terceirizações? Alguns setores podem outros não. Qual o motivo? (In)Justiça no varejo! E no atacado? Cadê?

                Pensem!


Sindicato dos Médicos

14 comentários:

Anônimo disse...

Concordo que o tempo de vocês é de GRITAR, que a indignação com a Prefeita e seus subalternos seja questionável o tempo inteiro mas, alto lá: que a formação acadêmica está deixando a desejar, é algo claro e evidente. Ética , falta de humanidade, falta de conhecimento tudo isso junto faz o atual currículo de muitos profissionais que as faculdades colocam no mercado hoje em dia. Vergonhosa a história mas, é a pura verdade.

Anônimo disse...

É lamentável a postura de determinados médicos na nossa cidade. Digo determinados, porque sei que essa não é a postura de todos os médicos,ainda há bons e éticos profissionais em Campos. E sinceramente espero que esses que escreveram esse artigo respondendo ao nobre promotor, que como cidadão que mora e atua na cidade, e paga seus impostos, por isso tem todo direito de emitir sua opinião, não necessite ou alguém de sua família de ser atendido no Ferreira Machado, lá pelas 2 horas da manhã, e encontre um acadêmico para atendê-lo enquanto o seu colega de profissão está em casa dormindo. Aí, eu quero ver se dirigir com tal corparativismo e arrogância como fez. É inadimissível que profissionais que lidam com a vida humana tenham essa atitude. A nossa esperança está nos médicos que estão vindo de fora, porque felizmente estão acostumados a trabalhar nos grandes centros e sabem que a concorrencia é grande, por isso além de se especializarem, tem que mostrar serviço,ou trabalhar mesmo.

Anônimo disse...

Os Sindicatos são corporativos por natureza.

Anônimo disse...

"Aí, eu quero ver se dirigir com tal corparativismo e arrogância como fez. É inadimissível que profissionais que lidam com a vida humana tenham essa atitude. "


O Sindicato foi arrogante??
O MP é o Responsável por Acusar.
Não se trata de alguém com pouco conhecimento(o Promotor);muito menos pode se valer desse argumento p/ depois dizer q não sabia.
Antes de emitir sua opinião,ele deveria se aprimorar a respeito do assunto.
Assim como ele pode(acho q não deveria) falar o q quer(dar sua opinião);o Sindicato tem o Direito de defender seus pares.

Sou colega de profissão do Promotor e não dos médicos...mas,discordo da postura do MP.

Ézil Reis disse...

O acadêmico em questão atuava sob supervisão. Também somos contra a atuação de acadêmicos sem supervisão!O que não toleramos é a covardia de uma acusação infundada, a tentativa de criminalizar a atuação de um acadêmico que estava sob supervisão. A transformação da situação em um evento midiático, num show pirotécnico, num factoide como fizeram. O uso do aparato judicial, policial e administrativo para criminalizar um atendimento de baixa complexidade realizado por um acadêmico interno sob supervisão lembra outros tempos da nossa história. Devagar com o andor! Normatização, regulamentação e supervisão-somos a favor. Esculhaço,não!

Ézil Reis disse...

O acadêmico em questão atuava sob supervisão. Também somos contra a atuação de acadêmicos sem supervisão!O que não toleramos é a covardia de uma acusação infundada, a tentativa de criminalizar a atuação de um acadêmico que estava sob supervisão. A transformação da situação em um evento midiático, num show pirotécnico, num factoide como fizeram. O uso do aparato judicial, policial e administrativo para criminalizar um atendimento de baixa complexidade realizado por um acadêmico interno sob supervisão lembra outros tempos da nossa história. Devagar com o andor! Normatização, regulamentação e supervisão-somos a favor. "Esculacho",não!

Anônimo disse...

Sindicalistas ignorantes e corporativistas. Estes caras maculam a classe médica. Abaixo a linguagem chula . Este é o retrato dos que gritam mas não tem argumentos. Visitem o Ferreira e verão que os médicos ou estão em casa ou nos andares de cima dormindo e sendo pagos pelos cofres públicos. Lá embaixo o só os "bagres" despreparados.
Esta é a realidade pois a maioria tem mais de 3 vínculos no serviço público o que é proibido por lei, fora a atividade particular.

Anônimo disse...

Tentar mudar o rumo do foco, atacando os outros milhares de erros da prefeitura (há anos!), não faz o sndicato ter razão.

Concordo que os acadêmicos só estavam nessa situação pq os médicos, o sindicato, os hospitais e a prefeitura se omitiram, fazendo com que jovens recém saídos da adolescência caíssem em erro. Errar é próprio da juventude, principalmente quando quem tem a responsabilidade de supervisionar e ensinar não o faz.

Acho que é tempo de resolver o problema e não de ficar apontando o dedo aos outros para tirar de si a culpa.

Ah, antes que me esqueça, a linguagem de baixo calão do sindicato comprometeu (e muito!) a sua credibilidade. Falta de argumentos resulta nisso mesmo: agressão, gritos de guerra, palavrão... Coloquem um líder mais equilibrado como porta voz, minha gente!

Errar é humano e tentar colocar a culpa no outro é estratégico?!?! A culpa, nesse caso, é geral!!!

Anônimo disse...

Tenho que transcrever:Perfeita a avaliação do anônimo.Sou da área de saúde, dou plantão e vejo tudo isso e muito mais.
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Sindicalistas ignorantes e corporativistas. Estes caras maculam a classe médica. Abaixo a linguagem chula . Este é o retrato dos que gritam mas não tem argumentos. Visitem o Ferreira e verão que os médicos ou estão em casa ou nos andares de cima dormindo e sendo pagos pelos cofres públicos. Lá embaixo o só os "bagres" despreparados.
Esta é a realidade pois a maioria tem mais de 3 vínculos no serviço público o que é proibido por lei, fora a atividade particular."
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Visitem o Ferreira Machado pela madrugada. Visitem...

Anônimo disse...

Gente q linguagem chula é essa? ficou ridículo para o Sindicato dos Médicos.

Anônimo disse...

É uma "briga" de dois operadores do direito. Parece coisa pessoal. Logicamente que, quem escreveu essa resposta, médico não foi. Acho que não importa o fato que se fulano ou beltrano sabia. Não importa quem sabia dos plantões. O fato é que trata-se de uma prática errada. E tinha, ou tem (se é q ainda continua) que parar. Saúde é coisa séria! Li o que nosso ilustre promotor escreveu e não vi necessidade de uma resposta tão "violenta". Não precisava disso não. Todos os profissionais estão sujeitos a fiscalização e punição, quando cometem algum delito. Sem exceção. Na medicina não pode ser diferente.

Anônimo disse...

O q irrita a vcs,leitores...é "o cacete"?
Isso é a "linguagem chula"?

Hipócritas!!!

Anônimo disse...

Hipócritas são àqueles médicos q acham q sua profissão é a mais importante de todas, quando as demais também são fundamentais para a população. Querem acumular vínculos, ganhar muito, trabalhar pouco e ficam achando que são perseguidos quando são convidados a exercer sua função adequadamente. Acho que a remuneração e as condições de trabalho precisam ser melhores mas o atendimento humanitário e cumprimento da carga horária também.

Unknown disse...

Prezado Cláudio: com os cumprimentos fraternos que sempre lhe devotei e devoto, remeto a postagem abaixo, em resposta à nota divulgada pelo sindicato dos médicos, rogando sua publicação na íntegra, dentro do espírito democrático que anima a nossa alma. Um afetuoso abraço, Marcelo.

VOLTANDO AO ASSUNTO

O artigo que escrevi na quinzena passada despertou a reação iracunda do Sindicado dos Médicos que, através de “blog”, divulgou nota repudiando grosseiramente a opinião aqui emitida. Merece resposta. É o que faço neste momento.
Referindo-se a mim como “funcionário da justiça”, recomendou-me a leitura de alguns textos legais e atos normativos dos Conselhos de Medicina, fez pouco caso das demais profissões da área de saúde, buscou desviar o foco da atenção para outros assuntos envolvendo a gestão pública municipal e, para perplexidade da imensa maioria dos “blogueiros” que comentaram a infeliz nota, defendeu o exercício ilegal da medicina por um acadêmico a pretexto de esta ser uma prática comum e uma situação por todos conhecida, isto após vociferar, com palavra de baixo calão, quanto ao viés corporativista de sua atuação neste lamentável episódio.
Em primeiro lugar, refuto a palavra de baixo calão utilizada para qualificar o corporativismo. Prefiro responder com outras, típicas do padrão culto, mais apropriadas ao vocabulário das pessoas esclarecidas. E inicio observando que a razão de ser de todo o sindicato – isto não é privilégio do sindicato dos médicos – é a proteção corporativa de seus membros. Historicamente, aliás, os sindicatos foram fundados a fim de proteger seus membros. Portanto, o corporativismo é inerente a qualquer sindicato.
Esclareço também que Promotor de Justiça não é “funcionário da justiça”. Isto para concluir que quem não sabe que Promotor de Justiça não é “funcionário da Justiça” e que sindicatos são, por essência e razão de ser, corporativos, não tem a menor condição de recomendar a absolutamente ninguém nenhum tipo de leitura.
Já li bastante nesses 16 anos de Ministério Público e de vida acadêmica, 2 deles dedicados à especialização, 4 ao mestrado e, por fim, 4 ao doutorado, todos concluídos com louvor e com obras finais publicadas. Sendo assim, modéstia a parte, não é qualquer um que pode achar que tem algum tipo de leitura a me recomendar. Principalmente, repito, alguém que não sabe que Promotor de Justiça não é “funcionário da justiça” e que sindicato não é, por natureza, corporativo.
O sindicato ainda teve a petulância de me recomendar que pensasse. Com todo o respeito, quem parece não estar pensando neste caso – talvez obnubilado pelo corporativismo – é o sindicato que, sem o menor pudor, insiste em defender uma prática que, ainda que estivesse a se desenvolver há algum tempo, nem por isto deixava de ser ilícita. Acadêmico não é médico! Alguma dúvida quanto a isto? A supervisão de seu estágio tem que ser efetiva, não virtual. Alguma dúvida?
Com relação às demais profissões da área de saúde – Enfermagem, Nutrição, Fisioterapia, Psicologia, Serviço Social, etc – o fato de serem mais recentes do que a Medicina não a colocam em posição de inferioridade. Muito pelo contrário. Se foram desenvolvidas na área de saúde, isto se deveu ao fato de que a Medicina não foi mais capaz de absorver seus conhecimentos específicos ao longo dos séculos. Em outras palavras, os nutricionistas entendem muito mais de alimentação dos que os médicos, os fisioterapeutas entendem muito mais de postura corporal do que os médicos, etc. Os Médicos não são melhores e nem piores do que nenhum deles. Cada um na sua área de conhecimento.
Não importa a complexidade do atendimento feito no caso concreto. Importa o respeito à Lei e à saúde dos pacientes. Assim, agradeço o sindicato por ter me alertado que a ilicitude se tratava de uma prática corriqueira até então e reafirmo o acerto do decreto da Prefeita, cuja execução, doravante, será acompanhada de perto por este Promotor, goste ou não o sindicato.

Marcelo Lessa Bastos
Promotor de Justiça
Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva
mlbastos@fdc.br