"EU NUNCA FUI ENTREVISTADO EM UMA PESQUISA DE OPINIÃO"

Vale ressaltar de início que as pesquisas se baseiam em amostras, logo um percentual muito pequeno de eleitores é entrevistado. Podemos citar por exemplo: se, no Estado do Rio de Janeiro, for realizado um total de 100 pesquisas, cada uma delas com mil entrevistados, e se nenhum dos eleitores responder a duas  delas, então serão entrevistados 100 mil eleitores.

De forma hipotética, se o Estado do Rio tivesse sete milhões de eleitores, a chance de alguém ser entrevistado em uma das 100 pesquisas é de apenas 1,4%. Trata-se de uma parcela ínfima perto do que se deseja em uma aferição eleitoral desse 'quilate'.

As últimas pesquisas realizadas pelo Vox Populi e Datafolha apresentam realidades diferentes. Na primeira o Governador Sérgio Cabral venceria as eleições no primeiro turno, ao passo que a segunda, direciona o pleito para um segundo turno.

Outra questão refere-se aos locais de pesquisa. Uma pesquisa realizada nos distritos do Meier, Barra, Inhaúma e Centro tende a indicar um favoritismo de Sérgio Cabral. Motivo: escolaridade, nível econômico e classes mais abastadas.

Todavia, uma amostragem realizada na Baixada Fluminense pode indicar um crescimento de Garotinho, pois trata-se de uma região populosa, de renda baixa e diluída, onde os programas assistenciais de governo, realizados nas gestões do casal, atigiram uma considerável parcela de eleitores.

Mesmo assim, a minha linha de raciocínio possui um exemplo contrário incontestável. Refiro-me a eleição de Clarissa Garotinho para vereadora do Município do Rio de Janeiro. A jovem parlamentar obteve mais de 40 mil votos, sendo muitos deles, em diversas regiões onde tradicionalmente os seus pais não possuem densidade eleitoral. 

Por fim, entendo que os resultados das pesquisas, independente do momento eleitoral, apresentam um direcionamento, mas nunca uma verdade absoluta acerca de quem será o vencedor de um pleito eleitoral.

Cláudio Andrade