Educação em Campos: grandes investimentos e muitas indagações

Jornal Terceira Via

A sociedade do município de Campos dos Goytacazes acompanha com atenção o desenrolar da polêmica que envolve o fornecimento de material didático à Prefeitura de Campos pela Empresa Expoente. Até a presente data (segundo informações de vários setores da mídia e de pelo menos um vereador da Oposição, o petista Marcão) já passa de vinte milhões o numerário recebido pela citada empresa privada.

Nessa semana, mais uma empresa passou a receber para fornecer material educacional ao ente municipal. Trata-se da Ataka Brasil que, pelos produtos oferecidos, irá receber o equivalente a R$ 1.987.141,12, o que faz com que o nosso setor público educacional seja um dos mais privilegiados.

Por outro lado, nenhum representante da Secretaria de Educação veio a público apresentar a posição oficial do governo acerca da questão que envolve a Expoente. Está claro que o que está sendo pretendido pela sociedade contribuinte campista é apenas uma satisfação do custo benefício dos serviços ofertados.

Em 20-04-13, o deputado federal Garotinho (esposo da Prefeita Rosinha) utilizou um programa de rádio local para justificar a opção da administração municipal pela empresa Expoente em detrimento ao material ofertado gratuitamente pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura).

Segundo o ex-governador do Estado do Rio de Janeiro, o material do MEC “ensina a fazer sexo anal”. Na verdade, não existem naquele material (ofertado pelo MEC) indicações explícitas de orientação acerca de qualquer prática sexual.

O que pode ser verificado no referido material são informações relevantes sobre o tema ‘sexo’; informações essas que devem estar acessíveis a todos os estudantes brasileiros; praticantes ou não de qualquer modalidade de prazer.

A celeuma na qual se transformou essa questão é uma prova de que há uma nítida dificuldade do Poder Público no que concerne à sua interação com a sociedade.

A publicidade dos atos administrativos de gestão é de suma importância e a prestação dessa publicidade não precisa obedecer a uma ordem temporal específica, devendo ser transparente para que todos tenham acesso aos serviços prestados e o devido entendimento acerca deles.

A título de registro, vale consignar que o líder do governo na Câmara de Campos, o médico Paulo Hirano, apresentou sua versão sobre essa polêmica. Segundo o nobre edil, o vereador Marcão omite que os livros do MEC (ofertados sem qualquer ônus) não são os mesmos adquiridos pela Prefeitura.

Segundo o ex-secretário de saúde de Campos, não há desperdício de livros do governo federal. Hirano foi categórico ao afirmar que para cada ano de escolaridade de segmento da educação, quando se adotou os livros adquiridos da Expoente, o MEC não forneceu qualquer material didático.

Há posições diversas sobre essa questão, não havendo uma versão oficial da contratante (Prefeitura). Essa linha de ação da gestão de Rosinha abre uma série de especulações, nem sempre a ela favoráveis, o que desgasta o governo mormente em uma seara por si só já delicada, que é a Educação.

A Oposição, mesmo sendo em uma parcela menor, deve continuar fazendo o seu papel. O Poder Público, na pessoa de seus agentes públicos, precisa encarar as solicitações de informações acerca dos investimentos educacionais como algo salutar e de extrema valia para fortalecer os atos de legalidade da gestão.

Para finalizar, uma frase de um dos autores mais influentes e requisitados do mundo na área de administração, Ken Blanchard: “Liderar é estabelecer uma sociedade entre o líder e sua gente.”

Nesse caso, que tal o Poder Público de Campos incentivar essa relação amigável?

Cláudio Andrade.