Já discorri acerca de vários momentos meus vividos com os meus filhos. As experiências são diversas e o aprendizado conjunto é inevitável.
Ontem, meus filhos foram assistir ao espetáculo infantil “O mágico de Oz” no Teatro Triannon. Até aí tudo bem. Nada demais. Pelo contrário, foi uma boa oportunidade para eles alimentarem o universo de sonhos e fantasias que, nos dias de hoje, são muito raros.
Quando chegaram a casa, eu já estava preparado com as perguntas de praxe. Queria prolongar a fantasia deles ao máximo. Chegaram todos animados e cheios de notícias. Durante os pequenos diálogos, a minha filha mais nova questionou-me acerca do cachorro da Doroty, um vira lata que desaparece com ela, dentro do ciclone que os conduz à terra encantada.
Seu questionamento era pertinente e a sua preocupação com o animal foi comovente. Eu, tentando amenizar o seu sofrimento, dei vazão a sua fantasia e disse que o cachorro e a Doroty voltaram voando para a fazenda e estão muito felizes. Não sei esse foi o final da história. Tudo bem. Sigamos em frente!
Nesse momento, veio a minha surpresa: o meu filho mais velho de quatro anos de idade disse: “não pai, eles não foram voando; foram, de ônibus para o Rio de Janeiro”.
Bem! Nesse momento eu me senti um perfeito pateta. Oscilei entre o mundo da fantasia de minha filha menor e a realidade desnecessária absorvida de forma sagaz pelo meu filho mais velho.
Muitos podem considerar belas, as palavras dele. Trata-se de um menino precoce, dirão outros. Não! A fantasia que os nossos filhos vivem deve ser prolongada ao máximo dentro da faixa etária pertinente. Lembrem-se: cultuar a fantasia do momento não é o mesmo que infantilizar.
O mundo real já é cruel por excelência e no alto de sua realidade, não abre espaços para fantasias. Diante disto, o mundo maravilhoso da infância deve ser aproveitado de forma global. Pais e filhos, juntos, nessa viagem ao mundo do faz-de-conta.
Nós, pais, temos uma meta: manter os nossos filhos dentro do necessário mundo da fantasia. Um filho inteligente é desejado por todos, mas o que seria o conceito de inteligência dentro do contexto atual? Saber que o meu filho, aos quatro anos de idade, sabe que a Doroty vai de ônibus para o Rio impressiona e preocupa.
Não estou aqui defendendo a proteção incondicional. O papel dos pais é preparar os filhos para o mundo. Entretanto, um pai dizer que a Doroty não existe para uma criança de dois anos é desnecessário e muitas traumático. A infância é para ser vivida da forma simples. Devemos cultivar as fases, pelas quais nossos filhos passam. Lembrem-se: as fases não podem ser insignificantes. Afinal, é muito cedo para eles andarem de ônibus!
Artigo de minha autoria já disonível na versão on line do Jornal O Diário.
Cláudio Andrade
2 comentários:
Dr,
não fique triste por não lembrar da história. Se bem me lembro, o cachorro é devolvido pela mulher de bicicleta.
Segundo, seu filho certamente deve ter visto a atriz que encarna a Doroty no teatro, ter ido para o Rio de Janeiro, de van.
Pode ser até triste e preocupante como as crianças de hoje não tem mais a fantasia que antigamente todos tínhamos. Mas não deixa de ser engraçado a reação do seu filho. Ri muito aqui.
Abração.
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