quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O nível de escolaridade e os candidatos pés de barro

Jornal Terceira Via
 
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"Há eleições possíveis de serem vencidas; e outras impossíveis, mas quem manda é o eleitor "
 
A assessoria de comunicação do Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro revelou, na semana passada, uma série de dados referente aos eleitores. A título de ilustração, o Rio de Janeiro é o terceiro maior colégio eleitoral do país, com 11.893.309 eleitores - menor somente que os dos estados de São Paulo e Minas Gerais, respectivamente, primeiro e segundo maiores.

Em nosso Estado, eleitores com ensino fundamental completo somam 10,38%. Com ensino médio incompleto estão 21,23% e completo, correspondem a 16,65%. Poucos eleitores alcançam a formação de nível superior e destes, 3,8% não concluíram a graduação. Apenas 5,7% dos cidadãos têm 3º grau completo. Analfabetos correspondem a 2,2%, ou seja, 272.145 pessoas.

Considero os dados acima preocupantes, pois confirmam que é alto o índice de eleitores com pouca escolaridade (aqueles com ensino fundamental, médio e analfabetos). Tais dados refletem que há um verdadeiro manancial de votos à disposição dos candidatos que se pautam nos discursos focados no assistencialismo. São candidatos que têm, em sua formação, o interesse de manter a desinformação do eleitor como estratégia para seus objetivos.

Não resta dúvida de que quanto menos instrução tiver o eleitor, mais fácil será obter votos sem um projeto sólido e eficaz. Alguns candidatos se aproveitam dessa “ingenuidade” dos eleitores para a captação de votos via “lavagem cerebral”.

Não há uma preocupação em qualificar o público votante. A assessoria do candidato prepara a ação política sobre a ‘ferida’ - apresentando o candidato como o salvador da pátria.

Aflorar as mazelas existentes em uma comunidade sem contemplar os eleitores com alternativas reais para que eles deixem aquela situação - muitas vezes precária - é uma atitude vil e oportunista.

Não se pode esquecer que quanto mais alto o nível de escolaridade de um eleitor, maior será o discernimento em escolher seus representantes. Alguns poderão criticar essa posição, argumentando que, nem sempre, os melhores candidatos são eleitos pelos mais esclarecidos. Verdade! Contudo, não se deve ignorar que a chance de identificar um oportunista de plantão é, sem dúvida, maior nos grupos onde há eleitores com mais discernimento e informação.

Pelo mesmo raciocínio, vale salientar outro ponto relevante: para muitos políticos, trabalhar o voto daqueles que têm estabilidade no emprego enseja temor e complexidade, gerando certa insegurança. Como exemplo, cito a relação entre político e concursado.

Parcela considerável de prefeitos não é favorável à realização de concursos públicos. Trabalhar o voto dos já concursados é a coisa mais complexa para os detentores de mandato. Se a relação entre as partes não for amena, considerável parcela de votos pode ser perdida.

O Brasil tem ainda redutos eleitorais onde a troca do voto por bens essenciais é a premissa que impera. Devido ao baixo nível de escolaridade, grande parcela daqueles que não conseguem o mínimo para viver sucumbem às manipulações políticas dos que os ‘escravizam’ e controlam seu voto - em vez de proporcionarem uma estrutura mínima de sobrevivência.

Onde a educação engloba maior contingente eleitoral, a disputa pelo voto requer uma pauta de convencimento mais intensa, uma vez que os eleitores, fincados em uma escolaridade superior, identificam mais facilmente os postulantes com pés de barro.

Por fim, devo enfatizar que a conclusão de todo o exposto neste artigo nos leva à certeza de que quanto maior o nível de instrução do votante, mais seletiva é a escolha dos seus representantes. É preciso, a qualquer custo, valorizarmos nosso voto. O aumento da escolaridade é o caminho a seguir.

Para isso, uma política baseada na manutenção de uma base educacional e seu aprimoramento, pautado, inclusive, em qualificação profissional. É algo imperioso! Afinal, há eleições possíveis de serem vencidas; e outras impossíveis, mas quem manda é o eleitor.
 
Cláudio Andrade

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