sexta-feira, 5 de abril de 2013

Roberto Henriques entrevistado no Globo, por Ancelmo Goes




"Dos 70 deputados do Rio, apenas 13 (ou 18,5% do total) moram no interior do estado. A informação aumenta a polêmica sobre o volume de combustível comprado com dinheiro público e distribuído aos parlamentares fluminenses. São 1.150 litros de combustível por mês para cada um dos deputados.

A grande maioria - 57 parlamentares ou 81,5% do total - vive na Região Metropolitana, próxima ao Palácio Tiradentes, sede do Poder Legislativo fluminense, onde dão expediente. Desse total, 36 moram na capital.

Entre os que têm casa no Rio, há deputados com notória atuação em cidades do interior, como o presidente da Casa, deputado Paulo Melo, na Região dos Lagos; e André Corrêa, na Região do Vale do Paraíba, o que os obriga a viajar pelo estado algumas vezes.

Os 13 deputados do interior são: Andreia Busatto, Bernardo Rossi, Cida Diogo, Dr. Gotardo, Edson Albertassi, Geraldo Pudim, Inês Pandeló, Jânio Mendes, João Peixoto, Marcos Abrahão, Nelson Gonçalves, Nilton Salomão e Roberto Henriques.

Os de Campos dos Goytacazes - Geraldo Pudim, João Peixoto e Roberto Henriques - são os que enfretam a maior distância entre suas casas e o Rio: 274 km. No entanto, com o volume mensal de combustível, eles podem percorrer, todos os meses, o trajeto 33 vezes.

Para driblar a distância, o deputado Roberto Henriques vem ao Rio às terças e volta às sextas. A medida, de passar a maior parte da semana no Rio, também é adotada por outros deputados do interior.


- A característica do meu mandato é regional. Eu circulo muito pelo Norte Fluminense, vou em cidades lá na divisa com Minas Gerais. Mas meu cartão (de combustível) raramente zera. Tem mês que sobra R$ 500. No recesso, eu continuo circulando pela região - conta Henriques.

O deputado Jânio Mendes, de Cabo Frio, é o segundo da lista. A distância entre sua cidade e o Rio é de 152 km. Com sua cota, ele pode fazer 60 viagens por mês: 30 de ida e 30 de volta.

A deputada Inês Pandeló, de Barra Mansa, enfrenta a terceira maior distância entre sua cidade e a capital: 128 km. Por mês, ela, usando seu carro oficial, tem combustível para quase 36 viagens de ida e volta. É mais de uma por dia.

O deputado Marcelo Freixo, que mora no Rio, tem à sua disposição dois carros oficiais. Um deles é usado por seus seguranças. Freixo, como se sabe, foi ameaçado de morte quando presidia a CPI das Milícias e, desde então, anda com escolta. Apesar de usar dois carros, a cota de combustível dele é a mesma de um deputado que usa apenas um veículo. Ainda assim, Freixo afirma que, dificilmente, usa todo o volume de combustível dado pela Alerj.


- O meu gasto é dobrado porque tem a escolta. Geralmente, a cota dá certinho pra mim. Quando aconteceu de acabar, faltavam dois ou três dias pra mudar o mês e renovar o crédito do cartão. Quando falta combustível, eu abasteço com meu dinheiro.

Freixo diz que o contrato entre a Assembleia Legislativa do Rio e a Trivale, dos irmãos Pajaro, suspeitos de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, merece mais atenção e cuidado da Casa.

- Qualquer coisa que envolve pessoas que tenham ligação com o Cachoeira exige um cuidado enorme. O fato de a empresa ter documentos que garantem sua participação na licitação, não diminui a necessidade de a Alerj dar atenção ao caso. Pelo contrário, aumenta muito a necessidade de transparência da Casa. Infelizmente, são pessoas que estão sob suspeita - opina o deputado.

Como a coluna mostrou hoje, com esse volume de combustível, o deputado consegue ir a Valparaiso, no Chile, do outro lado do continente, e voltar".

A matéria foi destaque também no blog "Na curva do Rio" de Susy Monteiro.

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