segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Amantes, lençóis e poder




Jornal Terceira Via

Por Cláudio Andrade

Inicio o artigo com uma frase do grande escritor (do gênero terror) Stephen king: “Só os inimigos dizem a verdade. Amigos e amantes, apanhados na teia da obrigação, mentem sem parar”.

Rosemary possui todos os quesitos de uma amante perfeita: discreta, sensível, inteligente e condescendente com a união oficial de seu amado. No exercício quase incólume de companheira extraoficial, jamais se preocupou com os riscos de suas funções carnais e profissionais. Ambas de alto risco.

Como Chefe de Gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary estava de fato no coração do poder. Exatamente no coração. Lá onde as amantes passeiam; ora conquistando os mais indefesos; ora destruindo os mais frágeis.

Rosemary não usava roupas íntimas atraentes tampouco o batom da luxúria. Mas fazia estragos com uma pequena caneta. Nas horas de maior ganância, colocando em risco a identidade do seu notável amante, fez inúmeras ligações em busca de ‘agrados’. Uma amante insaciável que jamais mediu esforços para conquistar seus anseios.

Caros leitores, o tempo dos amantes não é o tempo dos outros mortais. Rosemary, a seu tempo, teve aquilo que a Oposição sempre quis: as digitais desse ícone amado. Ela obteve muito mais do que o Ministério Público um dia pôde sonhar. Um corpo inteiro que, devido à paixão, ainda é protegido por lençóis e conveniências.

Já li que os amantes da verdade não temem águas tempestuosas ou turvas. Temem as águas rasas. Nossa querida Rosemary não. Ela sim navegou por oceanos, conduzindo um dos lemes do Sistema e transportou, com o zelo de uma grande e verdadeira amante, no canto mais aconchegante do seu navio, a sua joia rara.

Ali, na quentura dos segredos, ela criou, sonhou e executou.

Quantos projetos devem ter sido elaborados após noites tórridas onde o sussurrar embriagado das palavras desconexas abrigava mais uma missão a ser executada pela amante perfeita?

Segundo o escritor Saulo Tavares, os amantes se comunicam até por telepatia. Sábias palavras! Afinal, como amar e executar protegendo o artífice? Como invocá-lo para os acertos finais sem que o seu corpo seja exposto senão por telepatia e sincronia?

Rosemary não é (nem mesmo será) a última a se valer dos seus encantos para avançar. Às vezes, amando sozinha e, em outra tantas, fazendo o papel de uma transportadora de luxo. Sabedora de que, em caso de um trágico fim, as culpas precisariam ser assumidas sem que se faça um olhar sequer para a cama deixada para trás.

Preocupo-me se tudo isso é realmente paixão. Se assim o for, seguirá o destino trágico. Se avançar para um amor, a tudo resistirá.

A existência de digitais pouco importa. Já temos todos os ingredientes necessários para um banquete de dúvidas, mistérios e incertezas. Nele, onde em meio a caviar, lagosta, champignon, teremos sempre uma amante nem que seja para degustar bons pratos.

Um comentário:

Davi Caju disse...

Desanimador, ver que as mulheres que até a pouco tempo eram as resposáveis pela educação dos filho. Base da família, plumo para o mundo. Hoje, estão incluidas, num lote de curruptos e corruptores, em grande proporção em nosso País. Liberdade feminina, sim. Corrupção feminina não.