O Oásis de Bethânia

Terceira Via

Por que tal evento não se deu no CEPOP?

Na última sexta-feira (26 de julho), foi publicado, no Portal da Transparência da Prefeitura de Campos, o cachê pago à cantora Maria Bethânia para realização de evento no Teatro Trianon em 31 de julho.

O numerário pago pela Prefeitura foi de R$ 233.750,00 mediante nota fiscal de nº 94, emitida pela Empresa Jaci Produções Artísticas.

Pasmem! Esse montante foi o pagamento de uma contraprestação que se limitou a uma única apresentação no Teatro Trianon na noite de quarta-feira (31 de julho).

Até que ponto uma Administração- que se diz ‘do povo’- põe em prática o que entoa como mantra nos palanques eleitorais?

O Teatro Trianon é municipal. Logo, os eventos lá realizados por nossa Prefeitura deveriam ser gratuitos. Caso assim não seja, já se está diante de uma irregularidade uma vez que o valor contratado com o artista sai do nosso ‘bolso’ por meio do pagamento dos tributos.

Pois bem. Não obstante isso, o ingresso do show de Maria Bethânia foi estipulado em patamar que inviabiliza a adesão de muitos campistas assalariados, a saber: R$100,00 (cem reais).

Por que tal evento não se deu no CEPOP? Não foi aquele o local alardeado e construído pela Administração da Prefeita Rosinha, para ser o palco de eventos de grande porte em nossa cidade?

Sem muito esforço de memória, nos recordamos de que o valor gasto com o Centro de Eventos Populares Osório Peixoto (CEPOP) foi de mais de oitenta milhões de reais!

A verdade é que, em Campos, existem shows para a elite e shows para o povo. Isso porque, quando se estipula um valor de 100 reais para um evento como o de Maria Bethânia, espera-se um público restrito, inclusive com distribuição de cortesias para os mais “chegados”.

A Administração Pública de nosso município não deve fazer distinção de público-alvo para eventos, mormente quando se trata de valores pagos pelo próprio cidadão campista contribuinte.

Um evento - em prédio municipal cultural como o Trianon - deveria ser gratuito, respeitada a ordem de chegada dos interessados.

Isso mesmo! Ingresso sem qualquer custo para o munícipe! Assim é que se estimula a cultura, o saber, a arte e o lazer de forma acessível a todos como prevê a nossa Constituição.

A título de registro, próximo ao Teatro Trianon, situa-se o Jardim São Benedito, que já foi palco de várias apresentações artísticas no Governo Arnaldo Vianna.

Vários nomes da música brasileira já mostraram seu talento para a população campista, sem qualquer custo para o público.

Em uma dessas apresentações, no Jardim São Benedito, em uma manhã de domingo, houve superlotação, o que ensejou o direcionamento do público para o Teatro Trianon para melhor acomodação também sem qualquer custo.

Por que àquela época, a arrecadação municipal permitia que se cumprisse a legalidade com eventos gratuitos em prédio público destinado para tal fim?

Lamentável que, em nossa cidade, a música popular brasileira de Bethânia não tenha tido um público tipicamente popular. Para um ingresso sob o valor de cem reais, o público foi é convidado!

Por fim, para os que não puderam assistir ao show de Bethânia, um trecho da música “Gostoso demais” retrata fielmente o sentimento de quem foi privado de sua apresentação no Trianon:

"Não posso ser feliz, assim

Tem dó de mim

O que é que eu posso fazer"