Rio - A destituição de Leonardo Picciani da liderança do PMDB deflagrou uma guerra entre as alas governista e oposicionista do partido. Como o Informe antecipou ontem à tarde, o PMDB-RJ atua para aumentar o número de seus representantes na bancada federal: esses novos deputados terão a função de, com seus votos, fazer com que Leonardo, ligado ao Planalto, volte à liderança.
O grupo que quer o impeachment de Dilma Rousseff reagiu e também começou a articular a volta para a Câmara de deputados que ocupam cargos em governos estaduais.
Filiações
A estratégia do PMDB-RJ inclui a volta de deputados que ocupavam secretarias (Marco Antonio Cabral e Pedro Paulo Teixeira) e a filiação de parlamentares de outros partidos, entre eles, Nelson Nahim e Alexandre Serfiotis (ambos do PSD), Simão Sessim (PP), Altineu Cortês e Dr. João (ambos do PR).
Cargos
Há também um terceiro caminho: cargos no governo estadual e na Prefeitura do Rio estão sendo oferecidos a deputados de partidos que se coligaram ao PMDB em 2014 (a coligação elegeu 20 parlamentares). A saída deles da Câmara abre vagas para a ascensão de peemedebistas. Walney Rocha e Deley, ambos do PTB, deixaram a Câmara em troca, respectivamente, da Secretaria Municipal de Abastecimento e da Secretaria Estadual de Esportes.
Os articuladores
O reforço da bancada do PMDB-RJ tem sido liderado por Jorge Picciani (pai de Leonardo e presidente do PMDB-RJ e da Assembleia Legislativa), Pezão e Eduardo Paes. O prefeito tem um motivo adicional para se envolver na briga: se ficar mesmo de fora da liderança, Leonardo volta a ser um candidato potencial à Prefeitura do Rio.
Ameaça
O jogo é pra lá de pesado. Ao contrário de Marco Antonio Cabral, Pedro Paulo não reassumiu o mandato e voltou ontem cedo para o Rio. A ala oposicionista, ligada a Michel Temer, espalhou uma ameaça pelo Congresso: levará o caso da agressão à sua ex-mulher para o Conselho de Ética caso ele volte para a Câmara. Para disfarçar, a representação seria apresentada por parlamentar de algum partido nanico.
Vingança
Paes aproveitou a mudança para detonar Carlos de Albuquerque, que ocupava a Secretaria de Abastecimento. A medida é também uma reação a reportagens da Rede Record e do jornal ‘Folha Universal’ contra peemedebistas do Rio. Albuquerque fora indicado pelo senador Marcelo Crivella (PRB).
Pezão pede alívio
Pezão foi nesta quarta-feira a Brasília e esteve com Dilma Rousseff e com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Além de reafirmar sua posição contra o impeachment, o governador pediu que o Banco do Brasil seja mais generoso: para comprar direitos de royalties futuros do Estado, a instituição quer um deságio (desconto) de 70%.
Fernando Molica
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