quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Alunas denunciam estupros em festas da Faculdade de Medicina da USP


O Ministério Público instaurou um inquérito para apurar estupros e outros casos de violações de direitos humanos ocorridos na Faculdade de Medicina da USP, uma das mais conceituadas instituições do país. Na tarde de terça-feira, durante audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo, universitárias relataram estupros sofridos durante festas promovidas por alunos do curso. As alunas denunciaram ainda uma cultura machista nos trotes aplicados nos calouros. A promotoria quer saber o andamento das denúncias que a USP registrou em trotes, festas e quais as providências foram tomadas nos últimos cinco anos.

O inquérito foi instaurado, segundo Paula de Figueiredo Silva, promotora de Justiça de Direitos Humanos e Inclusão Social, a partir de uma denúncia de uma testemunha que foi pessoalmente ao Ministério Público, no fim de agosto. - Existe uma cultura de opressão, de violência. São diversos estupros, discriminação a homossexuais, condutas violentas entre os próprios alunos. E a diretoria da faculdade não se responsabiliza. Testemunhas narram ausência de suporte da instituição. Os relatos são muito coerentes e não se tratam de casos pontuais. Há um ambiente opressor - afirma a promotora.

Os estupros foram relatados pela primeira vez publicamente nesta terça-feira. As vítimas afirmaram durante a audiência que nenhum caso foi apurado. Um deles ocorreu em 2011, durante festas organizadas pela Associação Atlética Acadêmica Oswaldo Cruz. A vítima, aluna de 24 anos do 4º ano, afirma ter sido abusada sexualmente duas vezes. Hoje, ela integra o grupo feminista Geni, criado em prol dos direitos das mulheres. Outro caso relatado ocorreu na chamada festa Carecas no Bosque, no mesmo ano. 

A universitária diz que adormeceu em uma barraca onde eram oferecidas bebidas alcoólicas. Um funcionário terceirizado da USP entrou na barraca e a estuprou. Outra jovem também afirma ter sido estuprada por dois colegas da Faculdade de Medicina durante a festa Cervejada, no ano passado. Os dois, alunos do 4º e 5º anos, a chamaram para beber no carro e ali foi agarrada.

A estudantes contam ainda que no trote as mulheres são separadas dos homens. Elas são obrigadas a sentarem no chão e os rapazes veteranos formam uma roda e cantam uma espécie de hino de conotação sexual.

Casais homossexuais relataram que às vezes são impedidos de entrar em algumas aulas dentro do campus.

Fonte: O Globo


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