A atual composição da casa de leis de Campos dos Goytacazes é a prova nítida de que não basta ser novo. Todos os edis que apoiam o grupo liderado pelo deputado federal Garotinho não realizam um trabalho parlamentar no sentido eficaz da palavra. Não se trata de afirmar que os atuais oposicionistas não teriam a mesma postura. Não é isso!
Os componentes da base de apoio da prefeita Rosinha Garotinho atuam como extensão de suas mãos dentro do Legislativo. Constatação fácil de ser observada quando assistimos às sessões na Câmara.
Não há um vereador sequer da base que atue no Plenário sem que haja por trás uma ordem de comando ou de orientação vinda do casal de ex-governadores.
Certo que em qualquer composição político-partidária no país, os líderes orientam seus comandados. Todavia, o que ocorre em Campos atinge de forma direta a representação dos vereadores perante a população.
Aquele que vota em determinado candidato nem sempre está outorgando procuração indireta para Garotinho, por exemplo. Esse eleitor deseja que o vereador represente os interesses de sua comunidade e não os anseios futuros de seus presidentes de sigla.
A ideia do lançamento de novos nomes na política local é bem-vinda quando identificarmos neles a ausência das amarras do sistema. O novo nome deve ter discurso próprio mesmo sendo vinculado a um programa político que, diga-se de passagem, tem diretrizes partidárias similares na forma e no conteúdo e que não fazem diferença alguma.
A sociedade campista precisa de políticos que saibam se impor diante de seus líderes uma vez que existem questões que não podem ser levadas adiante mesmo que haja interesse de um grupo.
Apoiar um governo ou um líder também deve ter seus limites. Ainda não vislumbrei nenhum nome que possa atravessar essa barreira cujas imagens de ex-prefeitos ainda rondam como capas de proteção.
O discurso da novidade ainda é balela. Muitas pessoas com grande capacidade de representação não figuraram como candidatos no último pleito - pois sabem bem e não sejamos hipócritas - que uma campanha eleitoral é demasiadamente onerosa.
Para que possamos assistir à posse de um eleito independente e desvinculado, teríamos que ter a convicção de que a Justiça Eleitoral é garantidora, igualando os desiguais, fazendo com que os pretensos sejam eleitos por suas qualidades e não pelas forças ocultas. Forças que surgem durante o pleito e deságuam no dia da eleição em uma verdadeira multiplicação de votos.
A grande necessidade é identificar os 'tentáculos' de dependência que amarram os legisladores ao Executivo. Essa questão deve ser discutida à exaustão, pois a identificação desses nódulos pode fazer a diferença no futuro.
Cláudio Andrade
Nenhum comentário:
Postar um comentário