O Brasil definitivamente consegue ser atrasado até no “rolezinho”. Esse fenômeno é realidade há anos em shoppings dos EUA. Aqui só estamos vivenciando-o agora, mas mesmo assim, reputo-o como insignificante e sem propósito.
Nesse contexto, aproveito o espaço para opinar acerca dos limites conferidos aos cidadãos que desejam se reunir em um shopping center. Inegável a utilidade e conveniência desses ambientes uma vez que com a violência que assola as cidades brasileiras, o shopping se tornou um refúgio repleto de atrativos gastronômicos e culturais.
Certo, ainda, que o número cada vez maior de shopping centers deve-se, dentre outros motivos, à inviabilidade de os cidadãos contribuintes frequentarem praças e jardins públicos. Ou será que alguém prefere o gelo seco do ar-condicionado dos shoppings ao ar livre da natureza?
Dentro dos shoppings, o risco de ser assaltado é menor do que nas ruas, o que faz com que seja mais frequentado. Porém, quando centenas de jovens resolvem agendar um encontro em um espaço privado sem que os proprietários possam precisar os efeitos e consequências, surgem as indagações: quem tem mais direito? O jovem cidadão com o famoso constitucional “ir e vir” ou o proprietário do estabelecimento?
Há defesa para os dois. Os jovens, até que se prove o contrário, estão organizando um ato lícito e pacífico mesmo que a consequência, em certos casos, seja a depredação ou o furto, como ocorreu recentemente em São Paulo.
Impossível não manter, em defesa desses jovens, o benefício da dúvida. Como saber quantos irão ao shopping e quais deles eventualmente furtarão ou depredarão algum estabelecimento? Não se trata de entrar no mérito se são ou não menores de idade.
Por outro lado, devido à qualidade que os shoppings ostentam de privacidade, os proprietários dos estabelecimentos têm o direito de preservação da integridade de seu espaço da forma que entendam mais segura. Isso inclui o ingresso em Juízo para impedir a concretização do “rolezinho”, como já ocorreu.
Na verdade, o que me intriga é essa mobilização feita por jovens para um desfecho sem maior sentido. Por que não se organizar para lutar por direitos mais importantes e urgentes, que são constantemente desrespeitados como a saúde, a educação e a segurança pública?
Dar um “rolé”, na época em que eu era adolescente, consistia em um ato realizado nos momentos de ócio e não em dias úteis em que esses “mobilizadores” deveriam estar estudando ou trabalhando e a internet sendo usada para fins instrutivos.
Acho improdutivo que a mídia continue dando margem a esse tema. Os jovens precisam entender que não é dando um “rolé” que se constrói algo produtivo. Ao contrário: às vezes, é preciso sentar e concentrar-se para mobilizar-se de forma ordeira, visando a resultados benéficos.
Por que essa mobilização não está sendo feita nos espaços públicos? Estariam esses jovens receosos de não serem notados ou é porque os espaços abertos não dão a sensação de invasão?
Estamos iniciando o ano de 2014, tentando fechar as feridas de 2013 e não será dando um “rolezinho” que nossos jovens estarão acrescentando algo benéfico e edificante, muito menos mobilizando-se em favor de uma causa sem qualquer sentido substancial.
Cláudio Andrade.
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