sábado, 25 de agosto de 2012

O saneamento básico de Campos e seus candidatos médicos


Jornal Terceira Via

O Instituto Trata Brasil divulgou o ranking do saneamento básico em cem cidades brasileiras. Campos dos Goytacazes aparece na 66ª posição. Vale destacar que a nossa tarifa média de água e esgoto é de R$ 4,8/m3: uma das mais caras.

Muitos brasileiros sequer sabem o significado do saneamento básico. Acreditam que se restringe à construção ou à manutenção das redes de esgoto. Ledo engano!

O Saneamento Básico é um conjunto de procedimentos adotados em uma região, visando a proporcionar à população uma estrutura saudável. Entre as ações saneadoras, podemos elencar: tratamento de água, limpeza pública, coleta e tratamento de resíduos orgânicos (aterros sanitários regularizados) e materiais (por meio da reciclagem). Essas medidas possibilitam garantir melhores condições de higiene, evitando a contaminação e a proliferação de doenças.

A eleição, deste ano, para a Prefeitura de Campos dos Goytacazes tem uma peculiaridade: três dos cinco candidatos são médicos: o ex-prefeito Arnaldo Vianna (do PDT), o petista Makhoul Moussallem e o candidato do PSol, Erick Schunk.

Esses profissionais/candidatos - da área de saúde - deveriam dedicar tempo e atenção especiais ao tema SANEAMENTO/SAÚDE. Isso porque a negligência com o saneamento básico gera uma série de mazelas que afetam diretamente a saúde e o meio ambiente.

Nossos candidatos médicos já estiveram em um posto de saúde e já presenciaram a carência de muitos cidadãos que recorrem a um atendimento médico de emergência, acometidos de alguma doença ocasionada, muitas vezes, pela falta ou precariedade de um saneamento básico decente.

Além disso, a escassez de informação também é um fator que piora essa situação. Isso porque, enquanto redijo este artigo, há crianças descalças, brincando sobre dejetos, utilizando seringas já descartadas e comendo perto de fossas. Para essas crianças e seus pais, essas atitudes já caíram no cotidiano e já não lhes causam surpresa ou qualquer espanto.

Mas para os nossos candidatos-médicos, esse quadro deve causar repúdio e ensejar um plano de governo específico para que essas crianças e pais, além de se tornarem devidamente informados sobre a gravidade da situação, tenham outra visão acerca dessa problemática.

A posição de nossa cidade no ranking acima (66ª) deve ser matéria urgente de todos os programas de rádio e televisão dos candidatos. Trata-se de um tema que não é debatido à exaustão, o que surte imensuráveis efeitos sociais de dano para a população carente. Já há danos irreparáveis e irreversíveis!

A inclusão do saneamento básico como um projeto específico de governo, visando sua máxima eficácia é a demonstração de que o candidato não se esqueceu de que, desta forma, evita mazelas ainda piores.

Nossa cidade possui, aproximadamente, quinhentos mil habitantes. Intensificar a dedicação a esse tema implica melhorar a qualidade de vida.

A Prefeita Rosinha Garotinho (que não é médica) cita, em seu programa de governo, que implantará os distritos sanitários. Todavia, não especifica quais medidas serão adotadas para que esses distritos uma vez criados, sejam efetivados e tenham plena eficácia.

Nossos MÉDICOS CANDIDATOS precisam direcionar seu foco governamental nessa problemática. A colocação de Campos (66ª), em um universo de apenas cem cidades, é preocupante.

O eleitor deve cobrar, de forma incisiva, as propostas de governo de um candidato, antes e depois das eleições. E quando esse candidato é da área de saúde, a cobrança não deve ser menor. Isso porque eles já assistiram à dura realidade vivida, em postos de saúde, por diversos cidadãos que, com um saneamento básico esquecido, tiveram sua saúde debilitada. Para ter um socorro imediato, dormiram na fila para um atendimento apenas de emergência. Depois, voltam para casa e já deixam um lugar marcado na fila de amanhã.

Afinal, quem está na fila de emergência é o cidadão, pois o saneamento continua na fila de espera.

Cláudio Andrade

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