quinta-feira, 10 de abril de 2008

AO AMIGO BRUNO.

Amigo Bruno não desanime com a sua profissão. Ela é linda e uma das mais respeitadas. É a lei que possibilita tais aberrações e não a advocacia. Quem legisla é o Senado e a Câmara dos Deputados com integrantes que vc escolheu quando votou.
Postado por Cláudio Andrade

Um comentário:

Bruno Lindolfo disse...

Professor, não tenho dúvidas da beleza de minha futura profissão, minha escolha não foi motivada por outra coisa que não fosse a paixão que sempre acalentei pela justiça e pelo justo, e pelo Direito como ferramenta precípua para alcançá-los. Certamente tais excrescências jurídicas são frutos dos vícios legislativos; com consciência tranqüila posso dizer que não ocorreram ou ocorrem respaldados por meu voto, mas me coloco no barco por solidariedade e dever democrático; de qualquer forma, não se pode olvidar que grande parte de nossos legisladores são bacharéis em Direito.

Meus questionamentos e aflições, no entanto, não dizem respeito tão somente aos problemas normativos, mas em grande parte à falta de ética disseminada e diluída, não só no Direito, mas em toda e qualquer relação humana, heterogênea por natureza. Mas como nos lembra o velho ditado: roupa suja lava-se em casa.
Falo da advocacia da “competência genética”; do tráfico de influências; dos sistemas de captação de clientes dentro do próprio fórum; na rua; propaganda no rádio durante partida de futebol (!); da falta de celeridade por falta de “empurrões técnicos” e em decorrência desses; de julgados absurdos; da incompetência de alguns julgadores em descer do pedestal e lidar com o público; da postura de alguns durante audiências; da completa falta de sensibilidade ao tratar pessoas mais humildes, muitas vezes solapando uma prova testemunhal, por não se preocuparem em desanuviar a tensão daquelas pessoas em face do judiciário e da figura de um juiz. Sem contar outros defeitos, esses talvez nem tão passíveis de julgamento, por decorrerem da concorrência atroz, desleal ou não, e da necessidade de “ganhar o seu”, mas que de certa forma surrupiam um pouco de beleza da profissão: petições feitas em série, substituindo apenas o nome das partes, quando muito; empresas que desprezam todo conhecimento do profissional, contratando esse apenas para cumprir uma formalidade legal, levando suas propostas irrisórias com mero intuito de postergar o feito.

Por enquanto a paixão ainda fala mais alto, a partir do momento que começar a fraquejar e cair no campo da desilusão ainda há a veterinária como opção... Risos.

Abraço.

Bruno Lindolfo