sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Religião e política


As estratégias religiosas utilizadas por candidatos com o fim de fazer política vêm, ao longo do tempo, descaracterizando o real sentido da propagação salutar da fé em Deus.

Campanhas eleitorais em templos, fiéis como cabos eleitorais, comícios quando se usa o nome de Deus em vão; tudo pela conquista do voto, prometendo-se um governo divino. Uma tática desleal e que deve ser contundentemente rechaçada.

Diversos programas assistenciais implementados pelo país contam com entidades religiosas como responsáveis por sua distribuição. Algumas Igrejas chegam a funcionar como comitês e seus integrantes assumem o papel tradicional de cabos eleitorais.

Dessa forma, a fé vem sendo “comercializada”, e “falsos profetas” surgem em uma situação oportunista: ano de pleito eleitoral. Diversos políticos utilizam-se de sua crença religiosa para atraírem irmãos de fé para os seus projetos pessoais. Esses candidatos ignoram o real sentido de religião, que é o de ligação com Deus, e não a ligação entre candidatos e povo.

A fé em Deus é algo precioso, e não deve ser banalizada tampouco usada a título de campanha eleitoral. Os candidatos que têm essa tática como estratégia de obtenção de votos se esquecem dos princípios da Bíblia e sabem, como ninguém, burlar o Código Eleitoral.

Os palanques dos comícios e as propagandas eleitorais gratuitas tornam-se espaço livre para que os candidatos se intitulem como enviados, na busca desenfreada pela confiança do povo a fim de obter seu voto.

Quantas campanhas deslavadas ocorrem em diversos templos em ano eleitoral?

Assuntos de extrema relevância para a sociedade, como o aborto de fetos anencefálicos, eutanásia e homossexualidade têm seus debates postergados ou ensaiados para irem ao encontro do conceito moral do povo ao qual é direcionado o discurso eleitoral. Debater, nesse momento, acerca desses assuntos pode gerar uma avalanche de votos perdidos.

O fato de se ludibriar o eleitor está presente, ainda, na prestação de serviços ao povo. Detentores de mandatos, eleitos por redutos religiosos, vinculam-se as creches e a centros de assistência social, prestando serviços que, por lei, são de atribuição do Estado. Em alguns desses casos, a intenção única de se obter voto utilizando-se da oferta de serviços prestados ilegítimos é reconhecida judicialmente. Assim, a ordem judicial é de fechar esses centros comunitários em profundo respeito à Lei.

Um político se dizer religioso não o afasta da avaliação de sua ficha corrida. Alguns deles gostariam de crer que esta afirmação por sua opção religiosa serviria de verdadeiro salvo conduto para os atos ilícitos praticados, antes de ser lançar como candidato.

Nosso país não possui uma religião oficial. Em qualquer segmento religioso, a fé em Deus não deve, de forma alguma, ser negociada. O eleitor deve ter o discernimento necessário para diagnosticar, de imediato, quando isso ocorre.

Por fim, caro eleitor, tenha em mente que a religião é o meio de o homem se ligar a Deus e não de o candidato se ligar ao povo.

Cláudio Andrade.

Nenhum comentário: