quarta-feira, 30 de julho de 2014

Rodrigo e Amaury: ladrões do dinheiro público


A mídia nacional teve acesso a áudios e vídeos que descortinam mais um vergonhoso esquema de corrupção entranhado nos corredores da Prefeitura do Rio de Janeiro.

O escândalo envolve o deputado federal Rodrigo Bethlem que, segundo as gravações, teria desviado dinheiro público de setores sociais da gestão do prefeito Eduardo Paes.

As gravações, feitas cuidadosamente pela ex-esposa dele Vanessa Felippe Bethlem, são irrefutáveis e deixam poucas brechas para a Defesa técnica. A mercancia deslavada instalada pelo parlamentar, licenciado da Câmara dos Deputados desde 2009, salta aos olhos.
O parlamentar recebia, por ser conivente com as falcatruas, uma “mesada” que lhe rendia um valor de R$ 100 mil, oriunda dos convênios.

Outro caso que ‘pegou’ alguns de surpresa (não a mim) foi a prisão do juiz de Minas Gerais, Amaury de Lima e Souza. Aludido magistrado é acusado de beneficiar uma das maiores quadrilhas de tráfico de drogas da Região Sudeste.

A Polícia encontrou várias sentenças, assinadas pelo juiz Amaury de Lima e Souza, beneficiando traficantes clientes de uma advogada que, segundo vídeos apresentados na mídia, é indicada como namorada dele.

Essas duas matérias são a prova nítida de que o discurso radical de que rico só corrompe pobre é uma falácia. As notícias dão conta de agentes públicos de dois poderes constituídos - Executivo e Judiciário - que deixaram seus juramentos de lado e ingressaram no mundo do crime.

Um deputado federal que deixou de cumprir suas obrigações legislativas para se tornar um agenciador e integrante de máfia que lesa o Erário para se beneficiar e viver, de forma abastada, com dinheiro público desviado.

Um magistrado, que deveria estar jurisdicionando, ou pelo menos tentando por meio de suas sentenças também optou pelo ganho fácil. Ele emprestou a sua caneta para sentenças maculadas, tendenciosas e favoráveis à criminalidade.

Deve ser indigesto um trabalhador honesto ligar a televisão e assistir a dois homens públicos, representantes da sociedade, sendo desmascarados e conceituados como corruptos.

A sensação é a pior possível. Estamos diante de rachaduras dentro de duas instituições primordiais para a ordem do país. Esses dois infratores derrubam de uma só vez certos conceitos pelos quais o cidadão comum sempre zelou: a ética e a moral.

Esses dois casos não devem ser vistos de forma isolada. São exemplos de que há muitas maçãs podres que ainda circulam pelos cestos da colheita.

Se não fosse uma ex-esposa com sede de dinheiro e algumas gravações e vídeos, esses dois cidadãos de conduta nada ilibada ainda estariam prejudicando milhares de pessoas por todo o país.
Abrigados em seus confortáveis gabinetes, regados a vinhos e crustáceos, ambos já devem ter rido muito dos pobres e coitados que se valem dos projetos sociais do Governo do Rio de Janeiro ou ceifados pelo tráfico de drogas em Minas Gerais.

Tratam-se de peças podres entranhadas, no poder público, e que merecem punição rígida para que a sociedade não entre em desespero, acreditando que há muitas raposas com diplomas, tomando conta dos galinheiros.

Como bem disse o humorista e escritor Jô Soares: "A corrupção não é uma invenção brasileira, mas a impunidade é uma coisa muito nossa".

Cláudio Andrade

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