terça-feira, 19 de abril de 2016

Amantes e sogras ignoradas


Os brasileiros acompanharam no domingo a sessão que autorizou a abertura do processo de Impeachment contra a Presidente da República Dilma Roussef.

Não restam dúvidas de que foi um espetáculo patético, pois a cada voto computado era possível constatar as limitações de nossos representantes. Muita gente ruim com procuração para resolver as mazelas que afligem a União, os estados e municípios.

Centenas de parlamentares viraram chacota nas redes sociais pelos erros de português e pela ojeriza ao ‘S’. Isso mesmo, a letra S sofreu um Impeachment a parte.

Além disso, a sessão se transformou no ‘dia da família’. Quase todos, antes de proferirem seus votos elogiaram pais, mães, esposas e filhos. Somente as amantes e as sogras não foram mencionadas.

Como se não bastasse à parte cômica, os eleitores brasileiros ainda tiveram que aturar o cinismo de alguns parlamentares que sem o menor crédito ético e moral contribuíram para a admissibilidade do processo.

Vale dizer, que os Parlamentares réus em ações penais no Supremo Tribunal Federal (STF) votaram em peso a favor da abertura do processo de impeachment. Segundo o site Congresso em Foco, entre os 48 deputados que respondem a ações penais, 40 votaram a favor do processo que pode resultar na saída da petista da Presidência da República. Apenas oito registraram voto contrário.

Os delitos imputados a essa corja votante varia de crime de responsabilidade – como o atribuído a Dilma – a corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e desvio de verba pública.

Impressionante que ao optarem pelos beijos e menções honrosas aos familiares, os parlamentares se esqueceram de noticiar os motivos pelos quais votaram a favor ou contra o Impeachment de Dilma, em uma clara prova de que poucos sabiam o que estavam fazendo ali.

Alguns momentos foram merecedores de registro. Primeiro, a vaia geral conferida à deputada Clarissa que foi uma das poucas autoridades que resolveu não votar, se diga de passagem, a pedido de seu líder político.

Os brasileiros também tiveram que ‘engolir a seco’ os votos de Paulo Maluf, figurinha fácil na lista de procurados da Inperpol e Eduardo Cunha, cria do ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho.

O voto responsável ficou para o deputado e palhaço Tiririca que obedeceu ao tempo acordado e não usou de brincadeiras quando se expressou e disse ‘Sim’. Também tivemos o cantor Sérgio Reis (panela velha é que faz comida boa). Vale registrar também o eterno embate- não tão sério- entre Bolsonaro e Jean Willis.

Agora o processo segue para o Senado e esperamos que os brasileiros possam ser presenteados com tramitações céleres, com contraditório salvaguardado e que até julho, possamos ter uma definição acerca de qual será o destino político de nossa nação.

Enquanto isso cabe aos deputados convencerem as sogras e as amantes acerca dos motivos pelos quais seus nomes não foram citados nesse histórico Domingo.

Aguardemos.

Cláudio Andrade

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