quarta-feira, 25 de março de 2015

Quem tem medo da auditoria contábil?


O juiz Cláudio Cardoso França deferiu pedido formulado pelo setor jurídico do Grupo de Comunicação Terceira Via para que seja realizada uma perícia contábil na Prefeitura de Campos, administrada por Rosinha Garotinho.

Apesar de tal ordem judicial ser passível de recurso, o momento não deixa de ser de extrema relevância. Isso porque a ex-governadora alega que não há qualquer desordem administrativa e que tudo de ruim que vem acontecendo se deve unicamente à queda do barril do petróleo, ou seja: para ela a hora é de provar para a sociedade que tudo é intriga da Oposição.

Visando enriquecer o debate, o analista político Wilson Diniz citou, em recente artigo, que, ao observar as contas da Prefeitura de Campos de 2007 a 2013, foi constatado que desde 2010, a conta da Administração Pública de Campos superou em média R$ 630 milhões, corrigidos pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Em 2014, o valor ultrapassou estimados R$ 700 milhões.

Segundo Diniz, nessa conta estavam alocados 1.714 (mil setecentos e quatorze) pessoas com cargos gratificados, quando 533 (quinhentos e trinta e três) delas recebiam - em média - valores de R$ 6.300 (seis mil e trezentos reais) sem contar os contratos com terceirizados.

Os dados acima são valiosos, pois nos dão a certeza de que, em nosso município, há duas prefeitas: uma Rosinha de discurso teórico e outra de prática diversa.

A teórica divulga, mediante milhões em publicidade oficial, uma cidade de primeiro mundo em que as áreas de Saúde, Educação e Habitação não perdem em qualidade para nenhuma cidade europeia.

A outra “Rosinha” é aquela que ainda não entrou em campo. Trata-se de uma gestora que não consegue provar que o seu discurso teórico está sendo traduzido na prática porque realmente não está.

Essa dificuldade é constatada por meio dos inúmeros problemas nas áreas de Saúde (falta de remédios, leitos e estrutura dos hospitais), Educação (creches sem vigia e profissionais de apoio e quadros divididos em algumas salas) sem contar as centenas de chefes de família demitidos das empresas terceirizadas.

Quanto aos contratos com as empresas terceirizadas, seria interessante que a quantidade de funcionários alocados nos órgãos fosse trazida à luz, bem como seus respectivos CPFs, endereços e lotação.

Após a obtenção desses dados, que tal cruzar o endereço dos funcionários com as zonas eleitorais e os votos recebidos, na última eleição (pelo grupo político que administra o município), principalmente aqueles conferidos ao candidato do grupo ao Governo do Estado?

No ano de 2014, só de royalties, segundo o Jornal O Globo, foram quase R$ 800 milhões ainda sem prestação e ainda temos os juros pagos com o empréstimo feito junto ao Banco do Brasil.

Entendo que estamos diante de uma oportunidade ímpar de ajudar o governo municipal a passar a sua administração “a limpo”.

Pois é. Que venham a auditoria e as consequências legais!

Cláudio Andrade.

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