“Meu nome não é Johnny” é o filme brasileiro do momento. Assisti à produção e li o artigo publicado na Folha de São Paulo por João Guilherme Estrela; o cidadão representado de forma primorosa por Selton Melo, na adaptação feita para o cinema.
Para os que ainda não tiveram a oportunidade de apreciar a película, acredita-se tratar-se de mais um filme brasileiro regado a drogas e compromissado em demonstrar as mazelas do cárcere do Rio de Janeiro. Definitivamente não é!
Desde o início, nota-se a problemática que perdurará durante toda a história: o conflito entre a educação familiar e o mundo ‘cão’ das ruas e das amizades. Em uma das cenas do filme, João, ainda criança, solta fogos de artifício ou coisa parecida na sala. Na cozinha, os pais correm e a mãe aguarda do marido uma repreensão à altura do ato cometido. Entretanto, nada é feito e ambos, pai e filho, se abraçam comemorando o gol do Vasco da Gama.
Em minha opinião, trata-se de uma cena marcante. Daquele momento conclui-se que João irá crescer sem limites, quando a palavra não será ausência constante em sua formação ética e moral.
Cidadão de classe média, fez da vida uma ‘roleta russa’, chegando ao ponto de realizar festas regadas a drogas em sua própria casa, enquanto o seu pai agonizava, vítima de câncer, no segundo andar da residência.
O fato de o mesmo não ter enriquecido com o dinheiro do tráfico que realizava e nunca ter subido nos morros cariocas para negociar, não tira de si a horrenda culpa de ter curtido intensamente a vida às custas da dependência química alheia. Isso é fato e não há como negar.
A sua aparente recuperação foi alardeada pela juíza, que presidiu a instrução criminal, como prova de que vale a pena acreditar naquele que deseja se recuperar. Mas é preciso registrar que o caso de João Estrela é exceção. Os presídios e manicômios estaduais são ‘depósitos de lixo’ humanos. Não há qualquer chance aparente de recuperação. A parte do filme que demonstra a recuperação de João, apesar de baseada em fatos verídicos, é extremamente utópica.
Em seu artigo, João não coloca as drogas como mazela central de nosso País. Chega a ponto de dizer: “quem dera nossos maiores problemas fossem os ecstasys que a rapaziada toma nas festas”. No entanto, enxergo a realidade de muitos pais que perderam seus filhos que, uma vez viciados, ‘alimentaram’ a vida fácil desse que não é de forma alguma uma Estrela.
Postado por Cláudio Andrade\00 hora e 05 minutos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário