O ex-governador do Estado do Rio de Janeiro Anthony Garotinho noticiou durante duas semanas aproximadamente as viagens do Governador Sérgio Cabral a ‘capital da luz’. Com o intuito partidário focado nas eleições de 2014 para o executivo estadual, o ex-prefeito de Campos postou em seu espaço eletrônico fotos de jantares, shows e momentos de descontração de vários membros do staff atual do executivo estadual do Rio de Janeiro.
Nas imagens também aparecem alguns secretários e empreiteiros, inclusive o Fernando da empresa Delta que presta serviços ao governo do Rio desde a gestão de Garotinho, onde conforme disse o próprio Cavendish: “Eu era o rei do Rio”.
O texto em questão se refere ao abismo de diferenças de classes que Garotinho insiste em propagar. Para o deputado viagens ao exterior, shows, sapatos caros e brindes com champagne são atos atentatórios a moral das classes menos abastadas do país, em especial, as do Rio de Janeiro, onde o deputado federal possui sua base política.
O ex-secretário de segurança pública do governo Rosinha opta pela propagação midiática de atos de lazer custosos para humilhar os menos abastados, tentando assim nutrir um sentimento de mágoa do eleitor para com os seus eleitos.
Para Garotinho não vale a pena incentivar um crescimento social e econômico de sua base eleitoral, pois se isso ocorrer, o seu discurso também terá que mudar, afinal junto ao avanço digno dessa classe baixa viria mais informações, logo novos questionamentos e diversos porquês que não interessam a linha de fazer política do grupo que administra o município de Campos dos Goytacazes.
A lágrima do pobre é a semente propulsora política do deputado federal, pois é pautado nesse sofrimento aparente constantemente lembrado e alimentado pelo parlamentar que a sua trajetória se mantém viva.
Esse confronto de classes que Garotinho tem como uma de suas principais bandeiras serve para que haja sempre uma via de acesso dele aos menos favorecidos. Nesse contexto, ele chega como libertário, o salvador. Um homem desprovido de bens materiais.
Não restam dúvidas que as imagens causaram estardalhaço, mas qual a relação delas com os contratos da empresa Delta e o governo do Estado? Há provas cabais de que o governo do Estado chancelou contratos ilegais ou superfaturados com a empresa Delta? O Ministério Público estadual promoveu alguma ação contra o agente público Sérgio Cabral pautado nesses vídeos de cunho privado?
Cuidado: se você possui sapatos caros, tipo dez mil reais o par corres o sério risco de ser vítima da metralhadora giratória do pseudo pobre parlamentar campista. Todavia, se tens um par de sandálias bem surradas que deixa nos pés a marca branca do sol, você terá seu lugar garantido no coração dele. Faz parte do processo político do empobrecimento sustentável.
Cláudio Andrade