Ao tomar posse como novo Presidente da OAB Federal, o advogado Ophir Cavalcante fez várias referências ao escândalo de corrupção no Distrito Federal e disse que o Brasil somente avançará se voltar à decência. Segundo ele “Estamos nesta circunstância: ou nos reencontramos com a decência ou naufragaremos. Nenhum país avança, nenhum país ingressa no Primeiro Mundo com as mãos sujas!”, disse o novo presidente da OAB, durante seu discurso de posse.
As palavras são lindas e de efeito, entretanto, será que a prática exercida pelo novo Presidente vai responder aos anseios da classe e da sociedade? Faço essa indagação, pois tenho a consciência que grande parcela da classe advocatícia e social só almeja mudanças protocolares. A OAB, ao meu sentir, perdeu o poder de indignação.
Os discursos visando alterações no sistema, as lutas por direitos e moralidade não se concretizam, pois a maioria não deseja contrariar o sistema vigente. O novo Presidente citou o caso ‘Arruda’, mas precisaria de horas para citar outros tantos que necessitam de uma posição firme da OAB.
O Presidente Ophir deve ouvir os anseios da classe. Estamos passando por uma situação laboral inconcebível e insustentável. A estrutura do Judiciário não consegue retribuir de forma célere os anseios sociais requeridos pelos nobres advogados.
Em nossa Comarca estamos passando por problemas sérios. Um deles, é a falta de magistrados que traz um problema sério para os que já se encontram exercendo tão nobre profissão nas varas de nossa região: sobrecarga de trabalho.
Os efeitos da sobrecarga são devastadores e refletem de uma ponta à outra do sistema judiciário. O novo Presidente da OAB deve optar por uma postura mais realista e atacar o ponto nodal da questão que, ao meu sentir, é a luta por um Judiciário mais célere.
A prestação jurisdicional na sua plenitude deve ser um trabalho conjunto entre servidores e advogados e não uma disputa entre eles, onde os mais fracos sucumbem. Desejo ao novo Presidente força para resistir ao ‘canto da sereia’ e sapiência para representar uma classe tão cheia de nuances.
O artigo acima pode ser encontrado no Jornal O Diário de amanhã
Cláudio Andrade