Jornal Terceira Via
"Arnaldo foi categórico ao afirmar que só há superfaturamento, nos processos licitatórios, se o gestor for conivente"
Na última Terça-feira (18/09) tive a oportunidade de participar, junto à equipe de jornalismo do Jornal Terceira Via, da sabatina realizada com o candidato do PDT, à Prefeitura de Campos, Arnaldo França Vianna.
O ex-prefeito de Campos discorreu acerca de diversos projetos inclusos em seu Programa de Governo. Todavia, no que concerne à objetividade em responder aos principais questionamentos a ele feitos, deixou a desejar.
Indagado acerca da possibilidade de a aliança, que apoia a reeleição da Prefeita Rosinha Garotinho, ser a maior bancada na Câmara de Vereadores, Arnaldo foi categórico ao afirmar que não acredita nessa hipótese. Segundo ele, nas ruas, a população encontra-se com medo de declarar suas preferências. Afirmou, também, que as placas e adesivos da Prefeita, vistos em demasia, não refletem o que ele constata em suas caminhadas pelos bairros da cidade. Questiono: estaríamos diante de apenas uma frase de efeito?
Não restam dúvidas de que o grupo que se encontra administrando a cidade fará um quantitativo de vereadores considerável caso eleitos. Isso possibilitará a criação de mais um ‘rolo compressor’, conhecido em nosso município, e que deixará a Oposição encurralada como já se encontra hoje. Enquanto isso, a hipótese de conquistar vinte e duas cadeiras levantadas pelo Presidente do PR municipal- Wladimir Garotinho- é exagerada uma vez que, a meu sentir, não reflete a situação real e atual.
O fato de se eleger uma maioria de vereadores não significa a certeza de tê-los, na base de apoio, na próxima gestão. As relações políticas são transitórias e efêmeras. O cenário político vigente pode ser alterado após a diplomação dos eleitos.
Outro ponto debatido e de suma importância foi as licitações. Dentro desse tema, Arnaldo foi instado a falar acerca da polêmica intenção, por parte da Prefeitura de Campos, em comprar o leite Pregomin. A questão foi acompanhada pelo Jornal Terceira Via que, em matéria de grande repercussão, apresentou preços mais viáveis do produto no mercado bem como disponibilizou ao leitor pregões de outras Prefeituras, onde o produto foi adquirido de forma mais acessível.
Neste contexto, Arnaldo foi categórico ao afirmar que só há superfaturamento, nos processos licitatórios, se o gestor for conivente. Porém, não apresentou uma solução plausível para essa grande problemática.
Vale dizer, por oportuno, que a busca por material probatório que possa resultar em uma denúncia em face de um Prefeito não é tarefa fácil. Uma conveniente opção seria a disponibilização, por parte da Administração Pública, dos critérios para a realização das licitações, bem como quais os nomes das empresas que participarão do processo licitatório. Saliento que as informações contidas, no Diário Oficial, acerca desse tema não são abrangentes, o que dificulta o acompanhamento de todo esse procedimento por parte do cidadão.
No que tange à questão que envolve a possibilidade de uma redistribuição dos Royalties do Petróleo, o candidato ‘pegou carona’ no discurso de Garotinho. Segundo Arnaldo, uma mudança nos critérios seria aceitável desde que os demais Estados da Federação também repartissem seus bens naturais.
Trata-se de um discurso retórico não sustentável. O que Arnaldo poderia fazer e não o fez, era apresentar uma alternativa para que a população pudesse se desprender do Poder Público no sentido de exterminar sua dependência, até então ainda existente. Notadamente, em relação aos munícipes beneficiados pelos programas sociais de contenção de pobreza.
A criação de um Conselho de Gestão, vinculado ao gabinete do Prefeito, foi uma proposta apresentada pelo candidato Arnaldo. Uma proposta que, salvo melhor juízo, foge do ideal de viabilidade. Quem conhece um pouco da estrutura dos conselhos municipais de Campos sabe que os integrantes do Poder Público, na maioria das vezes indicados pelo Prefeito, preenchem a maioria das vagas. Desta forma, decisões que possam resultar em ações que causem desgaste político ao gestor jamais serão implementadas.
Outro ponto abordado foi a situação jurídica de sua candidatura. Não nos custa lembrar que até a conclusão desse artigo, Arnaldo não possui registro para concorrer ao pleito municipal. Questionado acerca desta questão, referido candidato disse que confia na Justiça e em seus advogados. Resposta evasiva. Ademais, omitiu acerca do ocorrido nas últimas eleições gerais, quando seus votos para o cargo de deputado federal não foram computados pelo Tribunal Regional Eleitoral.
Com essa entrevista, a impressão que restou foi a de estarmos diante de uma pessoa agradável e disponível, mas que não aproveitou o tempo disponibilizado para apresentar propostas cuja concretização não se mostrasse remota. A sua experiência como prefeito e vereador, poderia ter sido utilizada para enriquecimento do debate, mas assim não o foram.
A conclusão que se tira dessa entrevista é que por meio dessa sistemática, o candidato teve a oportunidade de apresentar ao eleitor suas metas e projetos de governo. No entanto, preferiu ser evasivo quando as perguntas que ensejam uma discussão maior e, mais uma vez, o eleitor fica com as dúvidas que, talvez, nunca lhe serão tiradas. Mais um ponto a ser levado em conta e comparado nas entrevistas e debates que vêm por ai.
Cláudio Andrade