"Não custa lembrar, que a descoberta do uso da máquina pública na campanha eleitoral se deu pela ação dos oficiais da Barreira Fiscal, na BR-101."
O episódio recente da apreensão de um veículo da secretaria municipal de Saúde, transportando material de campanha eleitoral dos candidatos oficiais, é revelador e simbólico. É o típico caso dos gestores que, na oposição, são os primeiros a apontarem seus dedos acusadores contra quem, supostamente, erra, mas no governo, se apressam em encontrar um bode expiatório para suas culpas. Muito além do julgamento do Judiciário, que certamente, virá, o caso exige, no mínimo, uma reflexão da sociedade.
Não custa lembrar, que a descoberta do uso da máquina pública na campanha eleitoral se deu pela ação dos oficiais da Barreira Fiscal, na BR-101. Quando abordaram o carro, descobriram panfletos e adesivos de candidatos do Partido Republicano. Fizeram, então, o que deviam: chamaram a Policia Federal que registrou a ocorrência, apreendeu o veículo e o encaminhou à Justiça Eleitoral para as medidas cabíveis. A partir daí, o que se ouviu foi uma versão controversa.
Primeiro, foi dito que a culpa cabal é do motorista, que ficou sozinho com o fardo. Ninguém quis dividir responsabilidades com ele. A secretaria de Saúde, por ato administrativo, o afastou de suas funções e abriu sindicância para apurar envolvimento do agente público. Depois, um decreto foi editado pela Administração para regulamentar o que a lei eleitoral, sobejamente, já o faz e, por último e, inacreditavelmente, o secretário de Saúde minimizou o fato, afirmando que não era tanto material. A quantidade era pequena.
Ora, a infração da lei pode se dar por muito ou pouco. Nesses casos o que conta é o ilícito em si. É, peremptoriamente, proibido transportar material eleitoral em veículos oficiais e ponto. Fico imaginando se este episódio tivesse acontecido há algum tempo atrás e os mandatários de hoje estivessem nas trincheiras da oposição. Certamente, fariam um carnaval. Exigiriam CPI, queimariam pneus e coisas do gênero. Não chegaremos a tanto, mas também consideramos indispensável todo rigor das autoridades.
Quando afirmo que o caso é revelador, refiro-me ao tratamento que acabou sendo dispensado ao único (?) culpado, o motorista. Se o governo já tem formada a convicção de que ele é responsável e por isso o afastou, por quê, então, vai abrir sindicância? Por que tanta pressa em apresentar, individualmente, um culpado? De quais candidatos eram o material ilegal apreendido? Ao que se sabe, não eram da oposição.
Esse solitário motorista acusado e já punido, não teve, sequer, a consideração de um aliado. Não há como tergiversar, o governo tem tanta culpa quanto quem conduzia a propaganda irregularmente.
Ilsan Viana – vereadora PDT