domingo, 11 de março de 2018

O vereador e a tempestade administrativa



Por Cláudio Andrade.

Nunca foi tão difícil exercer o cargo de vereador em Campos dos Goytacazes.

Para os que ainda não sabem e acham que o edil em nosso município recebe vultosa verba mensal vai uma lembrança: vereador na terra de Benta Pereira não recebe décimo terceiro salário, verba de gabinete e nem mesmo um terço de férias.

Além disso, dos dez mil líquidos há os descontos de imposto de renda e INSS que, somados a possíveis empréstimos legais, podem fazer o subsídio decair a patamares bem pequenos.

Após essa apresentação é bom deixar claro que a relação empregatícia junto ao Poder Executivo também não é mais um oásis que em gestões passadas chegou a ter edil com mais de duzentas pessoas 'trabalhando' dentro da prefeitura, entre RPAs e DASs.

Outro ponto é a crise financeira que após pegar o Governo Federal, atingiu os estados e vem destruindo municípios por todo o território nacional. Nesse caso específico entendo que a criação desenfreada de municípios como barganha eleitoral fez muito mal ao país.

A cidade de Campos dos Goytacazes passa por um momento histórico e conturbado. Histórico pois houve o fim do garotismo e o inicio de uma nova gestão que pegou um “Haiti após terremoto” e tenta levantá-lo.

Lógico que não há como ficarmos apenas no lamento. Tanto os vereadores da base quanto o prefeito tiveram desgaste e isso se deve ao fato da esperança, que levou um novo grupo ao poder, alicerçada na “esperança sem pé”, aquela em que há torcida, muita torcida, mas pouco entendimento do que existe após a arrebentação.

Na Câmara, sinto que um dos maiores desafios é fazer a população entender que as funções de vereador não podem ser confundidas com as do prefeito, mesmo que em certos momentos e diante do cenário atual, tenhamos, como vereadores, que agirmos como se membros do executivo fôssemos.

A Oposição de hoje é ruim pois não é formada por pessoas que estão preocupadas com o município e sim, lutando para que o seu líder não seja enterrado vivo.

Para isso, vestem suas armaduras e vendem a imagem de preocupados com a cidade, quando na verdade são “viúvas das vacas gordas” que desapareceram da cidade.

A nova concepção política, em que pese às dificuldades, é de trabalho e de pouca gente encostada. A figura do “nada faz e só recebe”, adotada por anos pela gestão de Rosinha, vem desaparecendo, pouco a pouco.

A forma de se fazer política também vai fazendo a curva e as redes sociais passaram a ser a grande bússola, mesmo existindo nelas, pessoas completamente a serviço do caos, unicamente do caos.

Ser vereador hoje é algo novo. É fazer parte de uma nova forma de trabalhar pelo povo e para o povo. Um povo, diga-se de passagem, que não quer mais ser chamado de pobre e que não acredita mais no político que se finge de miserável para se parecer um ser mais “pé no chão” na hora da foto.

No primeiro ano de mandato aprendi muito e entendi que vale a pena tentar mudar o sistema. Aqueles que lutam contra mandatos propositivos, o fazem, pois não querem avanços. Receiam que um sistema novo extermine grupos que mantinham células eleitorais através de “migalhas” governamentais.

Por que migalhas governamentais? Durante anos não conseguiram tirar ninguém da linha de pobreza e sim, com maestria, os mantiveram ali, no alcance do cabresto. Essa sempre foi a prática garotista de governar.

O município de Campos dos Goytacazes precisa ser presenteado com um novo “sol”. Para isso, as noites de tormentas precisam cessar ou pelo menos, serem mais escassas. Rosinha lançou ao mar vários navios sem comandante e com os cascos rachados.

A água que entra neles hoje nos faz perder tempo, pois há pessoas dentro das embarcações que são prioridades e foram deixadas ali, em muitos casos, por pura vingança. Tipo: perdemos, mas vocês vão sofrer.

Como vereador sinto na pele o desespero de centenas de pessoas que me procuram precisando de um emprego. São dentistas, advogados, engenheiros, trabalhadores de empresas ligadas à Petrobras, pedreiros, serventes, dentre outros.

Negar a eles a oportunidade de trabalhar não é tarefa fácil, pois a cada não, há chance de um voto a menos. Porém, melhor um voto a menos na urna do que alimentar uma esperança que pode não se consolidar no futuro.

Tenho sete leis sancionadas em 2017 e entro 2018 com muitos projetos para serem postos em prática e sei bem, que mesmo lutando para que a população tenha conhecimento de como funciona o tabuleiro, é a concretização das políticas públicas que faz com que o cidadão necessitado da outra ponta reconheça seu trabalho.

O momento é duro para os vereadores da base e para o prefeito. Temos, todos os dias, que dizer “não”, convencer que o “não” é a melhor resposta e provar que esse mesmo “não” é verdadeiro e “não” mentiroso ou protelatório.

A oposição se encontra no córner e insistindo no discurso do caos que aos poucos vai perdendo força como foi constatado no fiasco tentado pelos ex-governadores na Praça São Salvador, na última semana.

Volto a dizer: ser vereador nesse momento político histórico é algo pesado, contudo, também é uma missão e atravessarei essa tempestade com muito vigor, mesmo que o sol demore ainda a chegar para todos que amam Campos dos Goytacazes.