quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Creche Escola João Goulart amanhece com as salas de aula repletas de fezes



“O que motiva uma pessoa a defecar dentro de uma sala de aula? Só posso acreditar em vandalismo e maldade, já que por causa disso, 200 crianças ficaram sem estudar”, disse indignada uma professora da Creche Escola João Goulart, no bairro do Eldorado. Na manhã desta quarta-feira (11), a direção foi obrigada a dispensar os alunos porque a unidade amanheceu com as salas tomadas por fezes humanas. Também foram encontrados excrementos dentro da caixa d’água. As professoras alegam que não trabalharão nesta quinta-feira, se a creche continuar sem vigia.

Temendo represálias, elas - que tiveram a identidade preservada - informaram que esta é a quinta vez que unidade é alvo da ação de integrantes do tráfico de drogas local. “Trabalhamos com medo, já que a creche está sem vigia. Em uma das invasões levaram material didático e o DVD. Uma professora foi surpreendida por um grupo de adolescentes, que invadiu a escola. Um deles colocou a mão por dentro da grade da janela para tentar furtar outro aparelho. Isso aconteceu quando uma turminha assistia a um filme”.

Na creche escola trabalham vinte professoras, todas concursadas. “Temos problemas graves e antigos, que a prefeitura não resolve. Quando chove, a água passa pelas rachaduras das paredes. A ordem do secretário de Educação é manter a escola funcionando. Isso é impossível e desumano, já que cuidamos de crianças com idades de 3 meses a 4 anos. Um berçário que tem capacidade para receber dez crianças, está com quinze”.

As professoras denunciaram ainda que na escola falta material básico como sabonete e papel higiênico. “A diretora assumiu o cargo recentemente. Ela tenta solucionar os problemas, mas não consegue. A falta de vontade de resolver vem das esferas superiores. Sabemos que quando o governo quer, resolve tudo. O que é mais importante para uma criança, uma escola ou um parque como a Cidade da Criança?”, questionou uma funcionária.

A moradora Elisângela dos Santos Cordeiro, de 24 anos, teve que voltar para casa com o filho depois de ser informada sobre o problema. “Ele foi liberado porque fizeram uma bagunça nas salas. Quem faz isso não é ser humano, porque tira a oportunidade das crianças de estudar”.

Arrombamentos – Em dois anos, a unidade foi arrombada cinco vezes. No ano passado, os crimes aconteceram nos meses de julho e agosto. Este ano, as invasões aconteceram em janeiro, junho e hoje”.

Um representante da prefeitura esteve na unidade no final da manhã, mas não falou com a imprensa.

Nota da prefeitura
De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes (Smece), a Creche Escola João Goulart, situada no bairro Eldorado, foi alvo da ação de vândalos durante a noite de terça-feira (10), que acessaram o pátio da unidade e retiraram a boia da cisterna e contaminaram a água potável, além de espalhar diversos objetos pelo chão. Assim que a Smece tomou conhecimento do ocorrido, foram tomadas medidas imediatas para limpeza e reparos na unidade, feitos em caráter de urgência pela empresa responsável pela manutenção, para retorno das aulas nesta quinta-feira (12). A creche não apresentava sinais de arrombamentos nem foram identificados objetos furtados.

Quanto à segurança nas unidades escolares, a Smece tem trabalhado em parceria com a Guarda Civil Municipal, que faz ronda periodicamente no entorno das escolas e creches. Devido à supressão de gastos, como forma e enfrentar a crise financeira que afeta todo o país, em maior intensidade cidades como Campos, que teve a receita dos royalties de petróleo reduzida drasticamente, o quadro de funcionários contratados teve que ser reduzido neste ano de 2015.

Jornal Terceira Via .

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